Clive Staples Lewis foi um dos autores cristãos mais conhecidos, amplamente lidos e frequentemente citados dos tempos modernos. Aqui estão oito coisas que você deveria saber sobre o autor e apologeta que foi chamado de “O apóstolo dos céticos”.
- Lewis é mais conhecido por sua saga de livros infantis, “As Crônicas de Nárnia”. Mas ele escreveu mais de 40 livros em diversos gêneros, incluindo poesia, romance alegórico, teologia popular, filosofia educacional, ficção científica, contos de fada, reconto de mitos, criticismo literário, cartas e autobiografia. Há quem diga que, somando-se os manuscritos, Lewis escreveu mais de 60 livros!
- O seu amigo Owen Barfield, a quem ele dedicou o livro “Alegoria do Amor”, também era seu advogado. Lewis pediu para Barfield criar um fundo de caridade, chamado de “O fundo Ágape”, com o lucro de seus livros. Se estima que 90% da renda de Lewis ia para aquilo que ele mesmo chamou, em relação ao herói da Trilogia Espacial, de “as caridades secretas de Ransom”.
- As “Crônicas de Nárnia” (quem tiver sido atento na leitura sabe bem), sobretudo o livro “O LEÃO, A FEITICEIRA E O GUARDA-ROUPAS”, foi dedicado mistagogicamente a uma menina chamada “Lúcia Barfield”, que sem dúvida devia ser filha, sobrinha ou neta de Owen, por possuir muitas semelhanças de caráter com a personagem Lúcia Pavencie, “encantadora menina iniciadora do mistério narniano”.
- Em 1917, Lewis abandonou os estudos para se voluntariar ao Exército Britânico. Durante a Primeira Guerra Mundial, ele foi comissionado ao ‘Terceiro Batalhão da Infantaria Leve’ de Sumerset. Lewis chegou à linha de frente no Vale de Somme, na França, no seu aniversário de 19 anos, e experimentou a guerra de trincheiras (neste local se travou uma das batalhas mais pesadas da 1ª Grande Guerra). Em 15 de Abril de 1918, ele foi ferido em combate, e dois de seus colegas de farda foram mortos por um projétil britânico que errou o alvo. Durante aquele conflito terrível, Lewis também pode ter aspirado gases tóxicos da guerra bioquímica do início do Século XX, e aquela aspiração pode ter encurtado sua vida por ter afetado seus pulmões (Lewis morreu com 65 anos), embora muitos atribuem suas pneumopatologias ao seu vício de fumar bastante. A 1ª Guerra também fez Lewis sofrer depressão e saudades doentias de casa (homesickness), coisa que se verificou durante todo o seu processo de recuperação que durou pelo menos uns 4 anos.
- Lewis cresceu numa família engajada na Igreja da Irlanda, e por ela aprendeu muita coisa da doutrina cristã. Todavia ele, por ser um gênio de inteligência, enfrentou um período de dúvidas que o levou a se tornar ateu depois dos 15 anos, embora tempos depois tenha descrito sua juventude como um tempo paradoxalmente equilibrado entre alguém “muito irritado com Deus por Ele não existir”. Foi daqui que ele intuiu o entendimento clássico: “Se Deus não existisse, alguém teria que inventá-lo, pois o universo perde todo o sentido se houver um vazio original”.
- O retorno de Lewis para a fé cristã foi por uma influência direta das obras de George McDonald, por quem ele foi informado de possuir uma “qualidade pré-natal” no livro O GRANDE DIVÓRCIO, e de quem se pode arriscar dizer que veio a inspiração direta para escrever a sua experiência onírica com o Purgatório.
- Outras fontes também ajudaram Lewis a vencer seu “ateísmo lógico”, um ateísmo “pouco inteligível para mentes medíocres”, e sua própria cabeça pode ter sido sua grande amiga na descoberta do Criador indisfarçável no meio da Criação. Além disso, debates intensos com o seu colega de Oxford e amigo J. R. R. Tolkien (autor de ‘O Senhor dos Anéis’), também o enriqueceram profundamente no caminho da fé, sem falar no livro ‘O homem Eterno’ de G. K. Chesterton, este que acabou sendo “o adversário mais lúcido que Deus pôs em seu caminho” (Tolkien e Chesterton eram católicos romanos fervorosos).
- Ainda que Lewis se considerasse como um ANGLICANO ORTODOXO, suas obras foram extremamente populares entre evangélicos e católicos. Billy Graham, maior pregador batista da História, e que se encontrou com Lewis em 1955, disse que “achei que ele não é apenas inteligente e coerente, mas também gentil e gracioso”. São João Paulo II disse que o livro de Lewis ‘Os quatro amores’ era um dos seus favoritos. O padre Paulo Ricardo deu um curso inteiro baseado no livro “CARTAS DO INFERNO”.
- Depois de ler o livro ‘O problema da dor’, escrito por Lewis, o reverendo James Welsh, diretor de conteúdo religioso da BBC, chamou Lewis para transmitir programas na rádio. Enquanto Lewis ensinava em Oxford durante a Segunda Guerra Mundial, ele conduziu uma série de programas para a rádio BBC entre 1942 e 1944. Os programas transcritos apareceram originalmente em três panfletos diferentes: A Razão do Cristianismo (1942), Comportamento Cristão (1943) e Além da Personalidade (1944), mas eles foram posteriormente combinados no livro “A Razão do Cristianismo”, depois reeditado com o titulo “A Essência do Cristianismo Autêntico”, e finalmente ‘Cristianismo puro e simples’ (num título que nega seu conteúdo, pois logo na sua 1ª Parte, no capítulo “A INVASÃO”, Lewis explica o quão profunda e complicada é a criação de Deus). Em 2000, o livro ‘Cristianismo puro e simples’ foi votado como o melhor livro do Século XX pela revista Christianity Today (Cristianismo Hoje).
- Em 22 de novembro de 1963, exatamente uma semana antes de seu aniversário de 65 anos, Lewis desabou na cama às 5:30 PM e morreu alguns minutos depois. Porém a cobertura midiática de sua morte foi quase que completamente ofuscada pelo assassinato do presidente americano John F. Kennedy (morto algumas horas antes), maior líder norte-americano do Século XX. Sua agonia final é descrita no livro “Cartas a uma dama americana”, que fez muitos fãs irem às lágrimas com a leitura de suas últimas missivas àquela distante fã e amiga admiradora.