Num mundo onde a instrução espiritual de combate à imoralidade não tem voz nem vez, e onde a verdadeira voz de Deus é confundida entre mil religiões que pregam a seu bel prazer, entrar numa igreja protestante pode ser uma boa sugestão para se iniciar uma jornada que jamais pode ser interrompida.
Conhecer Jesus Cristo. Eis o ponto de partida. É o pontapé inicial de qualquer jogo que valha a pena para salvar uma alma, observando todo o panorama espiritual humano, a partir da ótica de um Deus amoroso que é prioritariamente um salvador. E era esta a obra mais essencial e frequente em todas as missões católicas em vigor até o início do século XX, com o que havia sobrado do final da chamada “Era da Inocência”. Até aquele tempo, a voz de Deus era audível e bem clara, a iluminar o único caminho que se apresentava às consciências jamais apresentadas à imoralidade e à desobediência generalizadas da pós-modernidade. Como alguns padres dizem, “era fácil evangelizar almas cujos pais recebiam bem a catequese doméstica e também a retransmitiam, e onde a ida à missa não era ‘o dever’, mas o prazer sagrado aos domingos”.
É óbvio que os defensores do caos atual dirão que era muito fácil lotar uma igreja única, com sinos na praça e governos seduzidos por padres! Sem dúvida. Assim como era muito mais fácil uma moça decente conquistar um bom partido numa época em que a virtude dela era única e conhecida de todos, e todas as outras eram mal faladas. “É o trunfo do monopólio, que sempre promove a injustiça da baixa qualidade por ausência de competição!”. Certamente, ninguém negará isso. E é aqui mesmo que se pode vislumbrar o que ocorreu e ocorria:
Ipso facto: Como a igreja católica era a única a “entrar nas casas”, só o discurso católico era ouvido, e por isso ninguém conhecia nada que lhe revelassem “os defeitos ou inconsistências” (inclusive aberrações como as heranças da Inquisição), engolindo tudo sem engasgos. Jesus Cristo era apresentado ali também, sem dúvida, mas apenas o Cristo emanado dos sacramentos, que chega ao povo com o cheiro do romanismo, e não necessariamente do Cristianismo. Assim sendo, uma época que apresentasse diversos cristos, ou melhor, diversas formas de ver o Cristianismo, teria o valor inestimável (sob qualquer ponto de vista) de ensejar uma introdução – uma espécie de iniciação – ao Cristo vivo, que frequentemente ninguém conhece apenas por frequentar missas SEM engajamento com a igreja católica. Esta é, a rigor, a grande “vantagem” da multiplicidade de denominações cristãs dos nossos dias, pois tal fato abre muitas oportunidades para o aprendizado básico da fé, quebrando o marasmo e o vazio espiritual da maioria dos corações alienados pela mídia e pela vida moderna. Isto também ninguém jamais negará.
Além do mais, pode-se acrescentar, o fenômeno citado é uma vantagem estratégica de Deus, já que o mundo nada mais oferece na direção do espírito, a não ser crenças espíritas, panteístas ou coisa pior, e nenhuma delas a “exigir” responsabilidades morais para seus seguidores, formando o ridículo quadro atual de “gente espiritualizada em público e imoral no não-público” (lembrar aqui que, para Deus, espiritualidades dissociadas da moralidade nada significam, pelo contrário, podem indicar gente da pior espécie, i.e., a classe dos hipócritas, muito mais merecedora do inferno do que os “santos-chatos-de-galocha”).
Todavia, há de se perguntar agora se os benefícios da massificação do bê-a-bá da fé (ou seja, a profusão de pastores mal formados – ou sem formatura – a ensinar como ser frequentador de igreja a uma multidão de incautos, acostumadamente viciados a uma vida sem regras morais) e da sumaríssima apresentação dos rudimentos elementares da doutrina de Deus (Hebreus 6,1-3), servem para alguma coisa além de acordar surdos, dando-lhes o choque da realidade de que existe um Deus e que Ele quer entrar em suas vidas e transformá-los em novas criaturas (sem a liberdade louca de antes!)…
Sim. É claro que há este benefício sim, pois qualquer gota de Cristo é melhor do que todos os oceanos do mundo, e por isso qualquer igreja cristã é melhor do que nada. Estão certos aqueles que pensam nos benefícios da profusão de seitas como um freio positivo à prostituição, às drogas, à criminalidade e à alienação. Neste sentido, quem quer que saia dessas sujeiras mundanas e se achegue a um culto “evangelicalóide” desses atuais está fazendo um bem, e quem os estiver levando à igreja está cumprindo o seu dever de alertar as almas. Também ninguém negará isso.
Entretanto, vai sobrar uma pergunta: “Mas será só isso???”… Será que o que Deus quer, ou antes, será que promover o Cristianismo é somente introduzir corpos num templo, e depois abandoná-los à própria sorte de interpretações simplistas e proselitistas?… Nada disso!… Pelo contrário, penso que aqui reside um dos erros mais catastróficos do protestantismo pós-moderno. E por que? Vejamos agora, pois não é difícil ver uma lógica tão clara:
A Palavra de Deus diz que a vontade de Deus é que conheçamos a Jesus Cristo e que prossigamos a conhecê-lo ininterruptamente, até que cresçamos em graça e sabedoria como Paulo cresceu até à estatura de Cristo! Não é verdade? Onde está a instrução de que os crentes devem estagnar-se e estacionar num ponto “x” do ABC do Cristianismo, ficando a beber leite espiritual a vida inteira? Não teria Deus o profundo desejo de que todos nós crentes cresçamos até ao ponto de comermos alimento sólido, que Paulo disse ter sido feito para os experimentados na fé? Não lamentou-se Paulo por não ver crescimento espiritual em certas igrejas e ter que dar a elas o eterno leite de mamadeira? (O autor de Hebreus também pensava assim – Hb 5,11-14).
Ora; neste caso, se confessamos que enxergamos um benefício no trabalho das igrejas pós-modernas, não poderemos mais ver tal benefício como qualquer coisa a durar pouco mais que alguns meses de frequência aos cultos, após o que a permanência nesses templos significará uma tragédia espiritual tal que São Pedro comparou ao cão que voltou ao vômito e à porca lavada que voltou ao lamaçal! (II Pedro 2,20-22).
Trocando em miúdos, se você não é crente ainda, deve entrar numa igreja protestante e ficar ali uns 4 ou 5 meses (dando total prioridade à EBD, se é que esta ainda existe), após o que deve procurar fazer um seminário teológico de sua denominação ou de outra, e, não conseguindo, pensar até numa mudança de denominação. E se você já um crente e está levando alguém à igreja, aconselhe-o a sair de lá em 4 ou 5 meses e o ajude a entrar num seminário, sob pena de ver a alma que você evangelizou naufragar “no tédio ou na lama”. E mais, tudo isso sob intenso regime de estudo bíblico doméstico e oração, estudando com afinco as linhas e entrelinhas da Palavra de Deus, se possível em paralelo com leituras cristãs do naipe de um CS Lewis (se você for homem) e de uma Elizabeth Rice Handford (se você for mulher).
Finalmente, amigo, então assim prossiga, prossiga e prossiga, indefinidamente, pois Deus jamais deixou um limite para a sua instrução espiritual, e o conhecimento de Deus é infinito. Vá em frente, sempre, em sua escalada ascendente para o Senhor, buscando alcançar a estatura de Cristo, única garantia que temos contra o mesmismo das pregações populistas, o vazio dos corações alienados e a lama dos cultos permissivos, feitos para agradar massas e encher templos. Se o amigo tiver entendido este texto (é bom ler de novo), não terá motivo algum para inquietar-se, pois o que ele recomenda é exatamente o conselho bíblico: conhecer a Jesus Cristo, pois isto é a única coisa que de fato interessa às almas humanas, e todo esforço nosso neste sentido será pouco, como este artigo também é muito pouco. Portanto prossiiiiiiiiiiiiiiiiiiiga…