Quando Moisés cedeu e apresentou uma prova prática de milagre (um cajado transformado em cobra), satanás aplicou a estratégia que ainda hoje é a mais usada para desmoralizar o sobrenatural.
O ceticismo se gaba de estar num mundo onde tudo é feito de matéria, e onde nada além do plano físico “vem socorrer” aos que creem em algo oculto nas entrelinhas da realidade. Para eles, a vitória está sempre do lado deles e nós crentes não passamos de alienados a contar com a ilusão de uma ajuda sobrenatural que jamais deixou prova de ter existido na história humana. É este o quadro atual do antiquíssimo embate entre a crença e a descrença, ou entre o visível e o invisível, e nós seríamos tolos de iniciar um assunto assim sem apontar a idade pré-histórica desta discussão. Aliás, tal coisa não será nosso propósito aqui, e sim, expor a tão desgastada estratégia de banalizar a prova concreta pela desmoralização da multiplicidade.
O nosso tempo, então, é certamente o mais pródigo da História a nos ceder exemplos deste fato, pois não existe um único sinal da divindade presente que não tenha sido “desmoralizado” (perante os incautos), por assim dizer, pela apresentação hiperbólica de sinais idênticos em profusão, como se o simples fato de uma coisa se repetir equivalha à sua sentença de morte definitiva na investigação de um fenômeno extraordinário qualquer.
O leitor poderá ver isso nos seguintes exemplos, muito mais próximos de nós no tempo do que o episódio narrado no Êxodo:
(1) Quando a Idade Média registrava relatos de camponeses que avistavam fadinhas nas florestas, os jornais sensacionalistas imediatamente publicaram outras centenas de histórias de fadas sem graça, cuja única função era banalizar os fatos e desmoralizar as testemunhas.
(2) Quando a notícia da queda de um disco voador num rancho próximo da cidade de Roswell se espalhou pelos Estados Unidos, não tardou para que outros relatos de quedas fossem apresentados, e a ocorrência original se perdesse na falta de evidências promovida pelas operações ‘pente fino’, “queima de arquivo” e outras. Com a profusão de “quedas”, qualquer um poderia inventar uma, ou confundir uma com a queda de um meteoro, e assim o caso original embaçava-se como mera ocorrência astronômica ou meteorológica (sem contar que, para o Caso Roswell, o próprio governo americano apresentou tantas versões diferentes que confundiu até seus aliados).
(3) Depois que as meninas de Varginha contaram sua história e as forças do oculto viram que não conseguiriam demovê-las de sua convicção e confissão, então o melhor mesmo era usar a estratégia das duas cobras e inventar que houve vários outros relatos de avistamento de outras criaturas idênticas, o que equivalia a dizer que elas confundiram o que viram com macacos, bêbados, atletas africanos suados e animais na penumbra, sem contar um débil mental perdido.
(4) Depois que os extraterrestres desenharam seus primeiros Crop-Circles no interior da Inglaterra, não tardou para que fossem apresentados “n” outros desenhos, produzidos por fontes humanas, mesmo que fossem tão toscos que não enganassem ninguém em comparação. Duas sensações restaram: a da frustração da banalização e a da consciência traída, pois nada que se faça hoje em campos de cereais tem mais a aura de “mistério” que havia no início dos relatos.
(5) Depois que as populações pobres de Porto Rico relataram avistamentos de um estranho e grande morcego bípede que sugava sangue de animais, inclusive apresentando os animais mortos sem sangue e sem marcas no local, outros “n” casos da mesma espécie apareceram, quase todos com arremedos de animais terrestres e testemunhas ridículas de indisfarçável cinismo.
(6) Exemplos mais “corridos” seriam: depois de Nessie, apresentaram vários ogopogos e dragões aquáticos; depois do Abominável Homem das Neves, arranjaram o pé-grande, o sasquash e o Yeti; depois de Vlad, “n” outros vampiros surgiram, e a lenda virou piada; depois dos “MIBs” originais, muitos outros homens de preto apareceram, fazendo o terror das primeiras vítimas cair na conta de enredos de ficção e humor negro oportunista. Enfim…
(7) Quando o papai Noel estava ganhando corpo nos rumores das crianças da Finlândia, os donos do comércio mundial decidiram espalhar centenas ou milhares de papais noéis, chegando mesmo a fazer até uma mamãe-noel! Pior, já apareceram papais-noéis verdes, azuis, gays e até vestidos como MIBs (tudo para desmoralizar o bom velhinho e afugentar a lenda para o limbo das crianças e dos idiotas).
Mas atente agora o leitor: tudo isso começou lá atrás, lá naquela ocasião em que Moisés transformou seu cajado numa serpente, e, diante de uma plateia pasma, viu o Faraó pedir aos magos para fazerem o mesmo, lançando aos seus presentes outras duas varas que se transformaram em cobras. O que vale destacar aqui e que é o objeto deste argumento não é o fato de a cobra de Moisés ter engolido e destruído as duas cobras do Faraó, e sim a metodologia empregada, ou antes, a filosofia de apresentar a multiplicidade como desmoralização de uma evidência, fazendo com que a mesma perda toda a sua validade e honra.
Por isso os governos modernos, ou antes, os militares no comando oculto de tais governos, imediatamente colheram do passado – do livro do Êxodo – a eficácia da estratégia das duas cobras (inventada na mente de satanás) e a aplicaram prontamente em todas as ocorrências sinalizadoras, as quais eles julgaram possibilitar a descoberta da verdade, ou antes, das verdades que poderiam desmascará-los e destituí-los diante do mundo, o que poderia fazê-los perder o controle social e a “paz das sanguessugas”.
Eis que urge então trabalhar para desmascarar a funesta estratégia, enquanto esperamos a decisão do Além de invadir a realidade e quebrar todos os paradigmas da paz aparente. E ainda temos um consolo: é que, se o inimigo acha que a estratégia das duas cobras é tão eficiente que nem chega a tentar outras armas, o contra-argumento da lógica cristã possui poderes muito mais sólidos e decisivos para convencer as inteligências humanas, e ainda tem a vantagem de não se desgastar como a multiplicidade pura e simples. Esperemos a prova da Verdade. Ela virá sozinha e forte, engolindo as frágeis cobras da banalidade.