Assistindo BEN-HUR aos 65 anos

Análise pessoal de um dos maiores filmes de todos os tempos, visto com quase 60 anos de atraso…

1. O filme é muito longo, e pode-se explicar isso pelos instrumentos analógicos da época, que não tinham a precisão dos atuais cronógrafos digitais, capazes de estabelecer a minutagem adequada para cada cena, bem como o tempo ideal para cada ‘frame’ da filmagem.

  1. É o primeiro filme que aborda a paixão de Cristo colocando Jesus em segundo plano, ou como se a história da crucificação pudesse ser, de algum modo, preterida a qualquer outra história da época. Nisto, o filme foi perfeito, apesar da minutagem cansativa de cada cena.
  2. A cura das mulheres (mãe e irmã de Ben-Hur) pode ser analisada assim:                       (a) O diretor não conseguiu “encaixar bem” a cena da cura (bastante “esperável” nos tempos de Cristo) no contexto da rápida passagem de Jesus sobre a Terra, e ela acabou ficando meio esmaecida ou “desvalorizada” na ocasião das estranhas intempéries da hora da morte do Senhor (quando Jesus morreu o clima do planeta entrou em colapso, com o sol escurecendo, a terra se abrindo, terremotos fazendo cemitérios vomitarem seus cadáveres e caindo uma baita tempestade avermelhada, segundo consta, pelo sangue de Cristo escorrido da crucificação). Logo, o espectador acaba tendo que deduzir que as duas personagens foram curadas quase que “espontaneamente”, pela própria “energia catastrófica do clima”, como ocorreu com a ‘mulher do fluxo de sangue’ e que foi curada apenas por tocar na roupa de Jesus, e da qual Ele disse: “senti que de mim saiu poder”.                                                                                                              (b) Como na Judéia e nos tempos de Jesus as mulheres praticamente NÃO ENTRAVAM nas estatísticas, teria sido melhor que a cura da mãe e irmã de BEN-HUR tivesse sido colocada numa ocasião diferente, mais ou menos assim: (b1) elas duas teriam passado por uma rua solitária, e ali, quase de surpresa, Jesus estava curando 10 leprosos; (b2) como as mulheres não saem nas estatísticas, elas poderiam muito bem ser 3 ou 4 leprosas que estavam perto dos “10 ingratos” (menos 1) e a cura de Jesus ali as tivesse alcançado; (b3) como a Bíblia não registraria as mulheres leprosas (como no milagre da multiplicação dos pães apenas registrou 5.000 homens, sem contar as mulheres), talvez a mãe e irmã de BEN-HUR também tivessem sido ingratas e não teriam voltado para agradecer a cura; (b4) de qualquer modo, ficaria muito mais bem encaixado no filme e no contexto bíblico do que forçar uma cura à distância pelos efeitos colaterais “meteorológicos” da morte de Jesus. 4. O filme tem um toque “modernoide” na visão panteísta/sincretista da Nova Ordem Mundial, quando mostra um judeu (BEN-HUR) sendo condecorado pelos romanos, depois de vencer uma corrida de bigas com cavalos treinados pelos árabes! (Parece coisa da nova religião mundial de Mário Jorge Bergoglio, chamada “Crislamismo” – Durma-se com um barulho desses!).
  1. Quanto ao mais, o filme tem a ousada e avançada visão das injustiças gritantes da incoerência comunista, que é capaz de botar numa cadeia cavernosa escura e fria, duas mulheres inocentes, pela mera suposição de um crime que nunca aconteceu (a tentativa de matar o governador atirando nele uma telha de um telhado velho e seco). Qualquer semelhança com o Brasil de hoje é mera coincidência.
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