Deus aceitou ser provado por via indireta

A presença cada vez mais insidiosa de céticos nesta geração materialista é tão acintosa que pode até influenciar crentes ao desânimo e à desesperança, dadas as ‘evidências’ cada vez mais aparentes de que o planeta Terra está à deriva, como o livro do Gênesis nos leva a prever. Então, como Deus pôde resolver tão intrincado problema e apresentar a si próprio sem poder dar nenhuma prova concreta de si mesmo?

Arquivo-X ='The_truth_is_out_there'“Deus deixou todo o quadro da descrença hiperbolizada atrelado às deduções lógicas da mente humana, por mais rasteira e medíocre que ela fosse. E a questão óbvia se mostra muito mais evidente agora neste tempo, bastando para isso utilizar o seguinte argumento: ‘Se em qualquer situação você for visitado por alguém, ou se um sujeito qualquer se aproximar de sua casa e abrir o portão de seu jardim, qual hipótese surgirá mais clara e segura em sua mente: a de que se trata de um grande homem, um bom samaritano que veio lhe trazer uma ótima notícia; ou se tratará de um marginal perigoso, cuja intenção será roubar sua casa ou lhe matar?’… Ora, aqui está o ‘X’ da questão! Veja…

“Deus sabia de antemão que se o Homem caísse, crer na existência de Deus seria muito mais difícil do que crer na existência do diabo, pois é lógico que o mal cresceria e ficaria muito mais evidente no Planeta inteiro! Assim sendo, sabendo que sua própria pessoa ‘sumiria’ diante das evidências crescentes e cada vez mais acintosas da maldade, Deus permitiu a manifestação do cúmulo da maldade de propósito… Pois, uma vez que o ápice da maldade chegasse, a própria maldade iria apontar para a existência de uma inteligência por trás do Mal, e este fato iria obrigar os céticos a ver que existe algo além da mera matéria física. E então, chegando à conclusão de que existe algo além da matéria física, embora sendo a maldade pura, este fato em si levaria ao raciocínio de que, se existe um mal inteligente no Além, obviamente existirá um Bem inteligente no Além, e foi Ele que permitiu todo o quadro atual diante do olhar humano”.

Cerebro have four lobes“É óbvio que mesmo assim Deus ainda estaria levando desvantagem, pois o único ser benigno inteligente que este quadro ensejaria na mente medíocre da Humanidade, seria o de um deus panteísta ou dualista, ou seja, um deus do bem em pé de igualdade com o deus do mal, dada a pobreza da noção de dualidade que acorre rapidamente ao cérebro humano ou à metade desse cérebro. Assim, a Humanidade imediatamente deduziria que de fato há duas forças enormes e ‘idênticas’ no cosmos, uma boa e uma ruim, e elas estariam em guerra desde o início, cada uma crendo que é boa e que a outra é má. Portanto, o acúmulo da maldade não levaria ninguém ao Deus cristão, mas pelo menos permitiria a crença de que algo além deste mundo existe, mesmo que ele esteja aparentemente vencido pela maldade, encontrada a cada dia mais espalhafatosa neste planeta”.

“Assim, todas as almas honestas que sinceramente não conseguissem crer em nada além do que seus olhos veem, poderiam ter este último recurso de crença, a saber, observar a maquinação inteligente do Mal no mundo e deduzir, em todos os mínimos recantos e por todos os mínimos sinais visíveis, que há alguma ‘intenção secreta’ na maldade, conduzindo cada ato mau ao seu ápice (angústia, depressão, loucura dor e todos os males físicos do corpo) e produzindo sempre o pior desespero de dor e sofrimento, e ainda ficando a se nutrir das emoções negativas que tal dor provoca!. Logo, com este quadro facilmente visualizável pelas almas de mente mais medíocre, a probabilidade de que essas mesmas almas ‘captem’ alguma luz do lado oposto, o lado da bondade, torna-se possível ou fica muito mais plausível de ocorrer, mesmo num mundo inteiro de céticos e corações de pedra”.Deus se prova indiretamenteEis então a única dedução obrigatória neste ponto: que Deus foi o grande prejudicado com a Queda do Homem, pois qualquer incursão na maldade levaria o seu praticante à imediata cegueira da bondade, e assim a figura de Deus estaria definitivamente desaparecida da mente humana, a qual iria sucumbir agora no meio de uma escuridão sem fim, pois a maldade lhe retiraria toda a luz física, mental e espiritual e o praticante da maldade perderia toda a memória da existência do Bem inteligente, como se este nunca tivesse existido e nunca o tivesse criado. Logo, se não fosse pelo amor louco de Deus por nós, e se não fosse por seu extraordinário poder, capaz de imiscuir-se nas mínimas coisas e deixar sinais – ainda que minúsculos – em toda parte, o Homem jamais se recuperaria da Queda e estaria fadado ao abismo sem fim, tragado pela vontade luciferiana, sem salvação alguma.

Eis porque o livro de Hebreus sentenciou aquela severa mas indireta exortação: “Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão e desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres, e por distribuições do Espírito Santo segundo a sua vontade” (Hb 2,2-4). Logo, deixemos aos medíocres a descrença, e nos apeguemos à glória de possuir um Deus que encheu o mundo de sinais e prodígios eloquentes de sua existência ulterior, não dando margem a dúvida alguma de que, no meio dos sinais invisíveis aos céticos, está também a sua presença avassaladora, conduzindo todos os fatos ao beneplácito de sua vontade, até que todos cheguemos à plenitude da visão beatífica, conhecendo-O pessoalmente como por Ele somos conhecidos!

 

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