Mal de Alzheimer não é uma “doença”

Extraindo lições e deduções de minha própria experiência com um paciente de Alzheimer, faço voltar a este site mais algumas palavras sobre este assunto, na esperança de dar alguma luz a um tema tão pouco iluminado, mesmo nos meios científicos.

medico-venial-1Já expressei minha estranheza ao escrever sobre o Mal de Alzheimer AQUI nesta Escola e não fazia ideia de que o assunto iria render, não apenas por sua inegável “antipatia” perante a sociedade hipócrita de nossos dias, bem como e principalmente pela reação dos experts, que julgaram minha opinião como mero desabafo em torno de um familiar vitimado por aquela enfermidade cerebral. E não posso negar isso: de fato, a dor generalizada deflagrada pela maldição é tão agressiva e pungente que ninguém deveria negar um espaço para um desabafo, ou para uma “compreensão amiga” de cristãos piedosos ao ver o sofrimento de outro irmão. Tudo acertado até aqui.

Porém o que faz o desabafo ampliar-se até este ponto é a vida diária com o paciente, e o virtual isolamento da família pelos meios de socorro necessários “disponibilizados” por nosso município, os quais deveriam funcionar com prontidão imediata e caráter urgente, como acontece no Primeiro Mundo. A nossa sina diária é ao mesmo tempo ver e conviver com uma pessoa aparentemente sadia (sem qualquer doença visível ou detectável por exames), mas que não se comporta como um ser humano, ao mesmo tempo em que tem que ser tratada como tal. O isolamento duplo – do paciente e da família, só que a família consciente do isolamento e o paciente não – carrega a injustiça do não-atendimento por planos de saúde, ou do atendimento precário, deixando as noites como longas jornadas de suspense e às vezes terror, e nenhum telefone disponível para um socorro “in loco”.

Li várias fontes que avalizam minha ideia de que o Alzheimer pode ser entendido como uma “maldição”, mas a superficialidade do conhecimento teológico ou a fragilidade do conhecimento atual da Medicina sobre esse Mal – que chamam de doença – faz com que quase nenhuma boa contribuição chegue aos ouvidos de quem tem um “doente” na família e precisa “cuidar” dele, mas sobretudo conviver (COM-VIVER) com ele, mantendo na mente as poucas instruções bíblicas sobre o problema.

E aqui é que a porca torce o rabo! Quando é o caso de a moléstia surgir no meio de uma família cristã bem estruturada, ou mesmo entre cristãos comuns, talvez a união espiritual com a mente de Cristo forneça alguma luz numa boa direção, e talvez possa haver algum consenso no tratamento, que sempre é mais convivência do que terapia, mais relacional que medicinal. E é aqui que o bicho pega, pois o principal efeito da presença do Alzheimer no seio familiar é (in)justamente o quanto aquele Mal desagrega a família, desintegra laços, esfria sentimentos, apaga ânimos.

santa-bibliaNão dando a Bíblia nenhuma luz DIRETA sobre este Mal (a Bíblia fala tudo o que falou na direção de um respeito obsequioso aos mais velhos, mas jamais do obséquio cênico que a idiotia da vítima estimula nos seus “cuidadores”), cada cristão se vê literalmente isolado em sua consciência humanitária, tentando seguir todas as recomendações da caridade cristã, mas sem identificar nenhuma que tenha sido dada especificamente para aquele fim, e muito menos uma que de fato sirva para “curar” ou mesmo ajudar a passar o tempo…

Porquanto o Alzheimer é irreversível e inexorável, e, a não ser que o próprio Cristo promova a cura (como fez quando esteve entre nós com o cego de nascença), nada que se faça ao paciente logrará algum bem palpável, e os nossos olhos verão a cada dia que passa o nosso familiar minguar, minguar e minguar, até morrer lentamente, e do modo mais “humilhante” que uma vida humana possa terminar! (I.e., literalmente, morrer atolado em fezes!). Por tudo isso é normal que a família e os cuidadores cristãos se perguntem: “Como agiria Cristo no nosso lugar? Ele curaria um velho de quase 90 anos – sabendo que seu tempo de vida já foi mais que suficiente – ou Ele o levaria mais rápido para o Céu? Pior: Cristo levaria o velho ao médico? Ou ao hospital? O entregaria a cuidadores? A asilos? – E se o velho for um velho ateu blasfemo, que ‘cuspiu no Santo Graal’ a vida inteira? Cristo o trataria como, já que nem Deus pode obrigar uma alma a crer nele?”. Enfim, são perguntas aparentemente burras ou rebeldes, mas que não se afastam de nossas noites mal dormidas e orações constantes pedindo a cura.

cerebro-com-parte-faltando-alzheimer3Por tudo isso, ouso afirmar que o Alzheimer NÃO É uma doença, pelo menos não na totalidade de sua manifestação! Ou seja, que em muitos casos a velhice pode descambar para uma degeneração cerebral que resulte de fato numa patologia verificável em exames, mas que também muitos outros casos mostram que ela não é uma doença, mas sim tão somente a desintegração do tecido ou da massa cerebral por conta do esmeril do tempo, que danifica mortalmente tudo o que existe nesta 3ª Dimensão por via da Entropia! Neste sentido, e se os desdobramentos aleatórios da Entropia atingem sempre pontos imprevistos nas estatísticas, então se pode afirmar com segurança que muitos portadores do Mal de Alzheimer não são doentes, no sentido de acometidos de uma “anormalidade médica”, e sim meros produtos de seu próprio desgaste; desgaste este maior ou menor, conforme era o seu estilo de vida (se comia muita massa ou açúcar, por exemplo) ou conforme o grau, a intensidade e o número de pecados em que se viciou! No caso do Alzheimer, poder-se-ia falar em “efeito teológico trágico” no corpo de algumas almas que desobedeceram a Deus, ao passo que outras tiveram outros danos corporais, como poliomielite, diabetes, sífilis, câncer, AIDS, etc.

Outrossim, o dano cerebral manifestado pelo Alzheimer (que a Medicina poderia chamar de “encefaloporose” – por apresentar um tecido cerebral “furado”, com fendas ou vazios nem sempre captados pelos exames) torna qualquer medicação inútil, pois todo medicamento para o cérebro é feito com base em uma “massa cinzenta normal”, i.e., sem furos, e portanto a lacuna existente pode ser exatamente o ponto do cérebro para o qual o remédio se dirigiria, e que agora já não existe mais! Ou então, ao contrário, que uma outra medicação, ao agir precisamente na parte do encéfalo não danificada, não pode promover a cura porque sua atuação dependeria de estar o restante do cérebro compactado ou completo! Logo, o Alzheimer pode ser entendido como a pior desgraça que poderia ocorrer a um ser humano, até mesmo em comparação com uma paranoia ou uma esquizofrenia, pois além de não ter cura, não há, literalmente, remédio algum – só orações! (PS: As patologias mentais aqui citadas, quando bem medicadas, devolvem uma vida até certo ponto “normal” aos seus pacientes; e de fato há muita gente “esquizofrênica” perto de nós que nós nem desconfiamos, as quais vivem à base de remédios controlados; enfim, uma coisa é adoecer; outra coisa é envelhecer!)…

alzheimer-cerebro-02E pior: este dano cerebral lento, paulatino e progressivo no tecido ou na massa encefálica, parece iniciar-se muito cedo em todos nós, e sempre silenciosamente, não dando sinais de nenhuma avaria verificável pela Medicina, o que torna o Alzheimer um verdadeiro filme de terror, só que real e presente como presente está Deus. Com efeito, aquelas pessoas bondosas que fazem tudo por nós, mas sempre deixam alguma tarefa incompleta na sua ajuda (como abrir uma porta e não fechá-la, botar uma toalha para secar e não estendê-la, usar uma garrafa da geladeira e não acochar a tampa, levantar-se de uma cadeira à mesa e não recolhê-la ao seu lugar, etc.), ou que simplesmente iniciam uma tarefa e não a concluem, estão dando provas cabais de que uma pequena parte de seu cérebro, já afetada pela Entropia, bloqueou uma certa “tecla” da memória, justamente aquela que era responsável por dizer “ainda falta fazer uma coisa” (falta fechar a porta, falta apertar a tampa, falta devolver a cadeira ao seu lugar, e por aí vai…).

Enfim, aquilo que na velhice a Medicina vai chamar de Alzheimer, nada mais é que o mesmo cérebro humano falho de sempre, só que multiplicado em desgaste depois de 50 ou 60 anos, e com muito mais espaços em branco nas memórias práticas: Uma memória que tinha algumas poucas teclas falhas na adolescência, agora tem somente algumas poucas teclas bem conectadas e seguirá sua sina inexorável de “omissão mnemônica”, até ao dia em que não se lembre mais nem mesmo do próprio nome e depois do próprio “eu”. (Aliás, diga-se a propósito, é preciso ir mais longe aqui: a Medicina Oficial defende que o mal do Alzheimer está exatamente em esquecer as coisas, vírgula; mas o que temos provado em nossa experiência é que o mal do Alzheimer está precisamente nas coisas que o doente não esquece! I.e., nas coisas que ficaram FIXAS na memória dele, coisas que ficam a cobrá-lo insistentemente por uma resposta que seu cérebro não mais conecta com nada, e por isso as atitudes repetitivas do doente – como querer sair de casa para entregar matérias de jornal a um tal Sr. Delano – jamais desaparecem de sua memória, infernizando seus familiares com a cobrança de uma viagem até o Sr. Delano para entregar matérias que Delano nunca viu e não quer receber, se é que o velho Delano ainda está vivo!.

cerebro-fugindoPortanto, a cura do portador de Alzheimer não pode ser alcançada apenas com uma solução que resolva o problema da falta de memória, pois há memórias que não falham jamais! Logo, o Mal do Alzheimer não é a desmemorização total, mas sim, a desordem mental que esquece umas coisas e fixa outras! E assim, se é apenas desordem mental em último grau, então a verdade é que a suposta doença está diretamente relacionada aos pecados humanos, pecados que um dia foram voluntários e agora tomaram de vez aquela mente, ou vieram cobrar o posto de rei que um dia nossa liberdade/rebeldia lhes prometeu! Porque pecados são exatamente desordens mentais ao extremo, “e nada mais”, por assim dizer, e todos eles entram em nós por nosso próprio convite e vão crescendo de mansinho, até o dia em que arrebentam nossa mente e não mais controlamos nossos pensamentos. Enfim, eis que a cura do Alzheimer pode ser apenas uma questão de conversão espiritual, de novo nascimento, e por isso estava certa a Escritura quando dizia “se alguém trilhar o caminho santo, jamais errará na vida, nem mesmo o louco” – Is 35,8).

Lembremos agora que a Bíblia – ninguém pode esquecer isso – não diz especificamente que “câncer é pecado”, ou “sífilis é pecado”, ou mesmo “AIDS é pecado”. O que a Escritura nos leva a deduzir é que, a partir da Queda de Adão, foi que TODAS AS DOENÇAS surgiram, e por isso todas as doenças vieram do pecado, ou da desobediência! E no meio delas, ali está, imutável e violento, o dano cerebral causado pelo Alzheimer, e que pode ocorrer numa pessoa que não tenha “doença” nenhuma, e por isso o Alzheimer pode ser apenas o resultado direto da desobediência! A pessoa pode jamais ter ficado doente com enfermidade alguma, mas sempre nutriu em si algum vício odioso, e este pode ter agido em segredo na destruição do tecido ou da massa encefálica. Enfim, se a Bíblia informa que todo mal nasceu com a Queda do Homem, então chamar uma doença de pecado não é algo tão descabido assim.

torre-de-babel-quadro-antigo-3Outra coisa. É impressionante notar a íntima semelhança existente entre a descrição bíblica do castigo operado no episódio da Torre de Babel e a experiência vivida com um paciente de Alzheimer, cujo único propósito parece ser o cumprimento de um desígnio sentencial de Deus àqueles que foram, ao longo de suas “vidas mentalmente sadias” (se é que se pode nomeá-las assim!), inimigos de Deus ou da vontade moral do Criador, que jamais consentiu nem consentirá em permitir acesso de qualquer podridão ou corrupção no seu Reino eterno! O Santo dos Santos jamais planejou criar uma sociedade ralé, onde todas as imundícies convivessem sem controle, e onde nenhuma lei vigorasse acima das vontades egoísticas das almas!

Na Escritura, o resultado do castigo de Babel foi uma confusão generalizada nas conversas dos povos soberbos da grande Torre, com o efeito de ninguém mais se entender de modo algum, mesmo se falassem a mesma língua de seus circunstantes. Ali na ocasião, com a mera pergunta feita a um pedreiro: “quem trará mais tijolos?”, a resposta poderia ser “a areia molhará o telhado”. Ou para a mera pergunta: “onde está o chefe?”, ouvir-se-ia uma resposta assim: “abutres voam como vacas!”…

Lembrei-me agora que CS Lewis explicitou isso muito melhor do que eu nos últimos capítulos de seu último livro da Trilogia Espacial, chamado “Aquela Força Medonha”, no qual um “castigo” de Deus desceu do Céu sobre uma sociedade de diretores malévolos de uma instituição igualmente maligna, que planejava dominar o mundo por meio da “tecnologia de sobrevivência do homem sem o corpo humano”, quando o Homem iria, vencendo a morte física, vencer a natureza e subjugá-la a seu bel prazer, levando as almas à prisão psíquica irreversível nas garras do Mal interior, último degrau da hierarquia trevosa a comandar as coisas naquela organização. Então Lewis conta que Deus mandou descer do Céu o castigo de Babel e a partir de então NINGUÉM mais se entendeu, mesmo com todos falando uma só língua, o inglês britânico! Mas somente a leitura no trecho citado fará o leitor visualizar bem o que estou chamando aqui de CONFUSÃO! Pense numa confusão!

aquela-forca-medonha-2Enfim, é isso o que acontece com o Mal de Alzheimer! I.e., ele possui todas as características de um castigo, pois o paciente não diz coisa com coisa, e pior, obriga a que o entendamos sem que nenhuma palavra se encaixe nos seus raciocínios enviesados! E quando o paciente era, ANTES daquela fase “doente”, uma alma palradora, tagarela, então o castigo é ainda maior, pois além de não se fazer entender e não entender ninguém, ele mantém uma ladainha infernal dentro do lar, tal como aquela que Lewis mostrou em “Perelandra”, quando Weston irritou o Dr. ER à exaustão, repetindo ad nauseam: “Ransom?, Ransom?, Ransom?, Ransom?, Ransom?, Ransom?”…

E mais: na narrativa daquela obra de salvação, o mais impressionante é que Lewis mostra a utilização, por parte de Lúcifer, do cadáver de um cientista para agir por ordem do inimigo e provocar toda desgraça em Perel! Logo, não seria descabido perguntar: se o diabo pôde usar um defunto para infernizar a vida alheia, por que não usaria o corpo de um velho com uma “operação” que primeiro lhe causasse demência, depois o tornasse palrador e depois violento? Isto é, não haveria “tecnicamente” muito mais condição de “trabalho demoníaco” no corpo vivo de um idoso do que num corpo sem vida? Sei não…

Finalmente, uma coisa resta dizer. Alzheimer não é uma doença como a esquizofrenia é. O portador de Alzheimer não é um louco, no sentido estrito do termo. Até porque o louco “quase fica bonzinho” se estiver bem medicado, e há mesmo alguns até que se curam com remédios. O Alzheimer não. Os próprios médicos nos dizem, sem piedade, que não há cura, e que os remédios apenas auxiliam noutros prejuízos ao corpo provocados pelo dano cerebral, e que a única solução é enfrentar tudo com lágrima e paciência. Noutras palavras, é um Mal que se impõe a nós! Que nos obriga a engoli-lo, doa a quem doer! E sua linguagem blasfema é ainda pior! Ou seja, é como se dissesse aos seus familiares e cuidadores o tempo todo: “Me aguentem! Me aguentem caladinhos e obedientes! Façam o que eu quero e nada mais! Eu mereço ser tratado como um rei e vocês são meus escravos! E o choro é livre!”.

 

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