Investigação secreta dos EUA levou à captura dos gênios nazistas

Por que cargas d’água os EUA teriam tido tanto interesse em resgatar para seu governo os “gênios nazistas de Hitler”, se aqueles caras não tivessem conhecimento especializado sobre como manipular fórmulas de “Magia Transcendental” ensinadas por alienígenas? nazistas2

Num artigo intitulado “Estados Unidos pagaram US$ 20,2 milhões a ex-nazistas” (confira NESTE link), a Agência O Globo fez reacordar a memória adormecida a respeito do estranho episódio do pós-guerra, no qual a maior nação do mundo investiu os tubos para ter em seu “arsenal” a sabedoria capturada dos nazistas, uma sabedoria que já havia (re)colhido as chaves da Magia Medieval que interessava aos militares ianques. Isto parece ser o resumo do estonteante fato histórico, até hoje muito mal explicado pelo Governo norte americano.

Merlin chegandoQuem já teve oportunidade de ler a “Trilogia Espacial” de CS Lewis, e lembrando aqui do Terceiro livro da Trilogia (“Esta força medonha”), viu como os cientistas daquele estranho mundo tinham todo interesse em resgatar a Magia manipulada por Merlinus, o grande sacerdote druida soterrado pelo tempo e pela própria magia. Até mesmo o Dr. ER (ali chamado de “Fisher King”), também estava profundamente interessado em ter Merlinus ao seu lado no Apocalipse de sua estada em Tellus, pois sabia que quem quer que contasse com aquela “trompa de Aslam” teria uma ajuda decisiva na última batalha. Ao final do terceiro livro, de fato a batalha acontece e o vencedor é o Dr. King, mas que só ganhou a guerra porque Merlinus, com sua manipulação “alquimista”, fez aparecer uma nova “Torre de Babel” na Terra, no interior da Inglaterra do tempo da 2ª Guerra, pela qual os inimigos mal podiam entender-se entre si e uns aos outros.

Isto posto, devemos agora prosseguir e fazer um paralelo com a presente notícia: os militares norte americanos, sem dúvida os mais bem informados do mundo e do submundo, comprovando que jamais venceriam a batalha final contra as forças do “inimigo” deles (talvez este seja, a rigor, o próprio Cristo), e tendo investigado por quais labirintos andou a consciência científica dos “gênios nazistas”, decidiram enfim empreender uma ‘caçada’ aos “despojos” egressos da Segunda Guerra Mundial e assim poder utilizar – ou ajudar a fabricar – aquilo que eles já haviam descoberto e nunca chegaram a pôr em prática, seja por falta de dinheiro ou pela loucura de Hitler de achar que ganharia a guerra muito antes de tais armas serem ‘inauguradas’!.

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Isto tudo dá um fundamento assaz verossímil às nossas suspeitas, pois desde meados da década de 60, tivemos conhecimento de que no submundo da caserna norte americana já se havia deliberado firmemente a ordem de tomar a frente – à força – a questão do domínio da tecnologia extraterrestre, custe o que custar, uma vez que, seja o inimigo uma nação terrestre ou extraterrestre, o fato é que os EUA tinham que estar preparados para vencer um eventual confronto. As notícias dão como certo que a data de tal ordem coincide exatamente com o final da Segunda Guerra Mundial, e o grande mote para tal empreitada foi justamente a queda do UFO de Roswell. (Coincidência ou não, em 1942 foi registrado o primeiro avistamento de “Foo-Fighters” da guerra, ano também decisivo para o Dr. ER, ano em que salvou Perel da desgraça eterna).

Em tempo, desde 1947, após iniciarem o grande sigilo anti-ufos, a “inteligentsia” militar norte americana encontrou, juntando a queda de Roswell e a debandada de cientistas alemães de Hitler, o grande álibi para defender-se de uma eventual acusação de apropriação indébita dos tesouros da guerra, pagando regiamente os tais cientistas ou alegando dar-lhes liberdade de trabalho, desde que trabalhassem nos projetos secretos do governo (“Black Projects”). Só que os alemães nem sequer imaginavam que os militares ianques já estavam “na cola” ou farejando a ‘Magia Medieval’, como também os inventos de Tesla e outros gênios, e que estavam a apenas um clique de acionar os botões de uma era sombria, onde toda a realidade cotidiana seria substituída por um cenário de “contos de fadas negras”, onde nada mais iria se parecer com nada, e nem mesmo o nosso sol amanheceria como sempre amanheceu desde antigamente!

Enfim, e a rigor, os alemães malucos foram procurados porque a caserna ianque sabia de seu envolvimento com Magia, e isto se devia ao fato de os EUA já terem se certificado do poder real e avassalador da Magia Medieval perante qualquer arma inimiga. Os próprios ETs, tanto os capturados em Roswell quanto os que se mantinham arredios a uma aproximação, faziam uso dessas armas, e por isso consideravam fortes apenas os inimigos que também detivessem tal conhecimento tecnológico (chamado de “poder mágico” pelos instruídos de Lewis).

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A partir daí, o futuro seria a guerra ou a estranha “Reunião de Magos”, se é que os dois lados considerariam um inimigo comum para proporem-se uma união num lado só, com o fim de derrotar o inimigo e assumir o domínio do mundo. E então, se assim for, o único “front” que os magos de ambas as frentes considerariam como inimigo comum para aceitar uma união de forças, seria o lado do Bem (os exércitos de Cristo), e com isso a única conclusão é que a Terra inteira é maligna (I Jo 5,19), sendo inimiga visceral de Jesus, pois seu chefão oculto é o inimigo de Deus, denunciado desde os tempos imemoriais.

Eis então que a guerra final, a 3ª ou a 4ª (quem sabe?), que será cinematográfica e virtualmente inimaginável como algumas cenas dos épicos da Marvel, faria a face de Tellus parecer um festim (na verdade um festão!) diabólico, onde nada pareceria acontecer na realidade – embora estivesse acontecendo concretamente – e a própria realidade seria posta em dúvida; ou na qual todos ficariam cegos, exceto aqueles que com coragem continuassem a enxergar o planeta com os olhos da fé das crianças, a saber, aquela que nos fez acreditar na realidade de Nárnia. Enfim, duro é lembrar que os canalhas nazistas já tinham platéia cativa antes, durante e depois da guerra, quando os canalhas ianques iriam lhes pagar regiamente para desenvolverem as armas que a precipitação de Hitler dispensou, adiando um pouco o fim do mundo.

Finalmente, a admitir uma realidade muito além da ficção como Lewis gostava de admitir, a única conclusão, repetimos, é a de que este planeta perdido chegou, irreversivelmente, aos seus estertores e está em agonia, como já dizia o livro “A agonia do grande planeta Terra”, sobrando para nós o espanto de nos encontrarmos pessoalmente no meio do fogo cruzado, sendo nossa salvação aquela que Jesus expressou, “sem pena”, quando disse: “aquele que perseverar até o fim, será salvo”. Logo, se Ele disse que tudo aquilo que pedirmos com fé Ele concederá, talvez tenha chegado a hora de pedirmos em coro: “sai dela povo meu”…

 

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Suicídios inexplicáveis: Um mistério muito além da investigação policial

Uirangê Holanda: Casos em que uma suspeita de assassinato é abandonada porque as alegadas “provas” de suicídio não convencem, e quando a própria morte carece de qualquer sentido teórico ou prático.

Suicidio ao pé da cama (667 x 500)Um militar de notórias qualidades foi destacado para chefiar uma missão insólita: descobrir porque luzes voadoras desciam aos povoados de gente paupérrima para desferir-lhes golpes de alta tecnologia, com os quais sugavam sangue ou fluidos corporais. Ficção? Não; pura realidade, verificada e comprovada não apenas por caçadores de UFOs, moradores ignorantes e médicos entrevistados, mas também pelas autoridades militares comissionadas para investigar os boatos do fenômeno, no interior do Maranhão e do Pará, no final da década de 70 (1977).

Foi aquilo que ficou conhecido como “Caso Chupa-chupa”, pela idéia de sucção do sangue das vítimas do fenômeno, o qual ainda hoje acontece segundo algumas fontes (como esta AQUI), já abordadas por nossa Escola NESTE link. Em razão da gravidade dos boatos e dos testemunhos colhidos em hospitais, prefeituras e delegacias dos sítios e povoados, os militares foram chamados pelas autoridades, embora certamente já soubessem dos fatos por investigações próprias e secretas.

Uirange Hollanda-021Então foi formada uma comissão de investigação, a qual foi autorizada para ser chefiada pelo coronel Uirangê Holanda, o qual testemunhou e registrou coisas espantosas, vistas com os próprios olhos, cujas experiências modificaram para sempre a sua visão do universo. Enfim, após passar por tudo isso e levar as provas para a sua hierarquia militar, viu o caso ser silenciado do grande público em suas minúcias aterradoras, vazando apenas os boatos de gente pobre e sem prestígio. Até um livro de um bom ufólogo de Belém, o Daniel Rebisso, chamado “Vampiros extraterrestres na Amazônia” foi levado na troça, por assim dizer, e só serviu mesmo para enfeitar a cabeça de ufólogos afamados como fanáticos e lunáticos, incapazes de gerar crença séria em gente séria.

Mas “o destino” quis que as coisas não ficassem assim. Ironia das ironias. O grande coronel, encarregado de chefiar as pesquisas in loco no coração da Amazônia, e após 30 anos de silêncio forçado, decide vir a público e, ameaçado pelas misérias da velhice e pela amnésia injusta da experiência (e, certamente, acossado por outros tipos de ameaças!), solta o verbo em rede nacional e conta tudo, deixando o país inteiro de queixo caído.

Um feito e tanto. Um benefício enorme para o presente e para o futuro, numa demonstração de civilidade e bom caratismo numa alma militar. Tudo indica que, em vista das veladas e macabras ameaças, o militar corre e vem a público, como que dizendo: “Tenho que contar logo tudo, antes que minha memória falhe de vez, ou seja surrupiada por mecanismos obscuros dos agentes do silêncio, e ninguém jamais tenha qualquer palavra oficial sobre o fenômeno mais cruel da história da ufologia”.

HAARPDito e feito! O coronel, na sua lucidez anterior, talvez não chegasse a crer que os tais agentes do silêncio, jamais seriam seus próprios colegas de farda, e muito menos que iriam escolher um plano tão sinistro que envolvesse uma droga capaz de convencer seu usuário a cometer suicídio! (Aliás, dizem que hoje em dia nem precisam mais de droga: basta uma ordem subliminar produzida com as ondas do HAARP para disparar um comando suicida num cidadão por eles malogrado). Os homens de preto talvez nem fossem brasileiros: os militares do mundo todo fariam parte de um bloco só, uma espécie de EMFA-Mundial. Por isso as forças armadas daqui também se espantaram com o “suicídio”, ocorrido em 02/10/1997.

Portanto o espantoso aqui não é o suicídio em si. O auto-assassinato de um militar nem é uma coisa tão incomum. Estranho mesmo é que ele fosse um cara tão sério, decente, com ótimos serviços prestados à nação, com bons antecedentes familiares, e com uma sólida, honrada e compensadora missão a cumprir, a saber, expor ao mundo um fenômeno até hoje tratado com desdém ou chacota pela mídia. Logo, o estranho mesmo é a própria morte em si, ou seja, o motivo do suicídio, uma suposta depressão (então, uma depressão pós-traumática, em razão da bomba que há 30 anos carregava nos lábios?). Eis que esta morte repentina, e logo após a revelação bombástica com que sempre sonhou fazer um dia, carece de qualquer sentido teórico ou prático. Naquele momento da confissão, o coronel estava vivendo justamente o melhor momento de sua existência, e jamais encontraria razão para tirar a própria vida, conforme pensam pessoas sérias que lhe conheciam mais de perto.

Verdades que incomodam3 (746 x 1000)Encontram-se portanto, as explicações técnicas do suicídio, mas jamais razões convincentes para a decisão de cometê-lo! Até mesmo ufólogos de renome, como o próprio Daniel Rebisso, Carlos Wendel, Ernesto Bono e o grande Alberto Romero (autor do livro “Verdades que Incomodam”), não conseguem ver uma razão lógica para um suicídio, embora se possa afirmar, sem maiores dúvidas, que quase nunca há lógica neste ato.

Assim, somos chamados a abandonar a idéia do suicídio e tratar apenas da morte, esta sim, inexplicável, em termos. Mas absolutamente explicável, por ser o coronel quem era, e por ter revelado o que revelou depois de tanto tempo de silêncio. O fato mostra para todos nós que, por trás daquilo que chamamos realidade, percorre silente uma outra realidade, um comando negro, um manipulador de falsas fatalidades, o verdadeiro autor das circunstâncias trágicas e dos eventos sinistros.

Haverá então uma realidade subterrânea, subjacente ao nosso cotidiano, a qual não pode ser ameaçada, sob hipótese alguma, e sob pena de voltar-se contra quem lhe denuncia as ações, sem poupar crueldades em revide. Resta perguntar: até quando o mundo produzirá homens como Uirangê, ou até quando restará um mínimo de coragem e honra na caserna para abrir seus segredos a todos, com a consciência de cidadão planetário que não quer ver seus irmãos-de-raça a sucumbir as mesmas torturas de silêncio que sofrem todos os prisioneiros das ditaduras! Ou se dará o caso de que as forças armadas, que nas Constituições do mundo todo têm a função e a nobre missão de defesa da vida humana, serão elas mesmas as armas a serviço do Mal, aquele mal do Éden que derrubou Eva e crucificou Jesus? Eis a resposta silenciosa para a qual o suicídio de Uirangê parece apontar.

 

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Quando algo depende de um zilhão de coincidências

As últimas descobertas da Ciência e da Astronomia deixam o ouvinte pasmo: para o ser humano chegar a existir, uma verdadeira loteria infinita teve que ser enfrentada e vencida “por pura sorte”. Big-bang Theory

Não sou cientista, nem astrônomo e muito menos biólogo, aos quais teria a maior honra de pertencer se a vida tivesse me dado oportunidade de seguir carreira nas ciências exatas ou médicas. Minha relação profissional com a ciência é minha formação acadêmica em Administração e teológica no seminário católico. Afora isso, toda a ciência que entrou em mim se deve à minha pueril curiosidade científica, à biblioteca científica de meu pai e avô e aos esmerados estudos na ufologia, que a chamada Ciência Oficial faz de tudo para não reconhecer aquilo que guarda para si.

Todavia e contudo, não há porque não ser capaz da descoberta, mesmo “fora da academia”, de muitos dos sinais exteriores da estrutura da vida humana, conquanto disponha a ciência, já em domínio público, das mais diversas divulgações de experimentos e achados, todos ao alcance da mão e dos olhos de quem quiser ver. Assim sendo, vou tentar elencar agora tudo aquilo que descobri nas décadas incansáveis de pesquisas de sinais que demonstram, por A + B, que o atual Homo sapiens sapiens só está vivo e ativo neste planeta por uma série literalmente incontável de coincidências, tão absurdas que só um modelo de “loteria infinita” poderia justificar, mas sem jamais explicar!

Tentaremos arquitetar uma escala de ocorrências que percorra toda a história do tempo (e antes do tempo), desde a microscópica substância que se comprimiu de tal modo que, na sua explosão (Big-bang) ou implosão por excesso de compressão, chegou a gerar o universo que conhecemos [gente de alto quilate já escreveu algo maravilhoso sobre este assunto: confira NESTE link]. Mas adiantemos-nos e explicitemos a nossa visão:

Big-Bang-0101 – Há uns 15 bilhões de anos, num lugar absolutamente indefinido, uma substância também indefinida (ou “algo gigantesco”, ou do tamanho de um universo), comprimiu-se de tal modo que, num dado instante, a pressão foi tal que estourou tudo, e ali nasceu o nosso tempo, o nosso espaço e toda a matéria atualmente conhecida. Hoje já se sabe que se aquela matéria original, não tivesse a massa exatamente igual a que tinha, talvez o universo nunca tivesse chegado a existir (e se viesse a nascer, jamais geraria vida bios, como ocorreu).

02 – Depois do primeiro segundo da explosão, se o calor gerado não tivesse alcançado a temperatura que alcançou, o universo teria sido muito menos quente e assim certamente a vida não vingasse, ou só alcançasse a forma de micróbios ou pequenos vegetais aquáticos.

03 – Se algum elemento químico ou força adicional tivesse acelerado ou diminuído a velocidade de expansão alcançada no primeiro horizonte de eventos, o universo não chegaria a formar o que formou depois, e a nossa galáxia não perfaria o cinturão de estrelas de onde brotou o nosso sol.

04 – Se o horizonte de eventos tivesse capturado algum “vento enviesado” de outra região próxima, ou os ventos originais tivessem escapado mais rápido do que escaparam, o universo ficaria frio ou quente demais e as galáxias resultantes não produziriam vida.

05 – Após nascerem as galáxias, se a força gravitacional no interior da Via Láctea, sacudida pelas forças em volta da Matéria-Escura, tivesse estreitado ou alargado mais a circunferência do braço estelar onde nosso Sistema Solar se encontra, este teria se tornado um sistema errante pelo cosmos e assim certamente sua velocidade de fuga aumentaria e com ela toda a nossa esperança de nascer.

Buraco-negro duplo-106 – Se o Buraco-negro no centro da Via Láctea fosse menos ou mais massivo do que é, mesmo que em apenas “alguns quilinhos” a mais, nossa Galáxia teria sido inteiramente sugada ou expulsa, e nós teríamos mais uma vez “dançado”.

07 – Após nascerem os planetas, se o planeta Terra tivesse ficado apenas alguns milhões de quilômetros mais próximo do Sol, seria quente demais. Se tivesse ficado um pouco mais distante, seria frio demais. A razão para haver esta zona habitável é simples: a temperatura é ideal para haver água em estado líquido. Além disso, o consenso básico é que a Terra jamais poderia abrigar vida se estivesse no vácuo: é necessário que ela esteja inserida num ambiente de Sistema Estelar.

Lua-azul208 – Se não houvesse a influência da lua: Você já parou para pensar que as primeiras formas de vida da Terra, que surgiram no mar, jamais teriam como alcançar o solo seco se o oceano fosse apenas um grande lago de água parada? E não é mais novidade que a lua é responsável por controlar as marés. Sem um empurrãozinho das ondas, os mares estariam vazios ou toda a vida na Terra ficaria restrita aos oceanos.

09 – Se a rotação de nosso planeta não fosse regular, um dos lados estaria mais exposto aos raios solares, ou exposto permanentemente, enquanto o lado oposto ficaria congelado. Obviamente, a vida seria inviável em qualquer uma das duas hipóteses, com calor ou frio extremos. Dessa maneira, mesmo que você não goste de acordar de madrugada antes do sol nascer, ou que escureça à tardinha, é graças a isso que estamos aqui.

Pêndulo múltiplo esferas10 – Se nossa gravidade não fosse constante: Grande parte dos conceitos físicos que permeiam a vida, de maneira geral, é possível apenas graças à famosa força de atração que Newton enunciou. A forma e o peso dos objetos só podem ser definidos devido a isso. Atividades básicas da vida, tais como movimentar objetos e os próprios corpos, seriam inviáveis sem a gravidade, cuja força serve até para manter nossa cabeça sadia, segundo provaram exames no cérebro de astronautas que passaram muito tempo em gravidade zero (imagine como seria difícil manter a saúde mental num planeta sem gravidade, ou onde a gravidade fosse “multilateral”, e ninguém soubesse para onde iria um objeto lançado ao ar? Tss-tss!).

Imã ferradura11 – O campo magnético: Uma força invisível, mas facilmente comprovável, nos protege de sermos atingidos por partículas que o vento solar carrega até a Terra. Tal campo funciona, segundo as teorias mais aceitas, exatamente como um escudo. Tal escudo é formado a partir de uma linha circular, como um bolsão, traçada entre os pólos magnéticos sul e norte da Terra. Sem esta proteção, estaríamos fritos. Literalmente.

12 – As zonas temperadas: Compare o número de espécies animais das quais você já ouviu falar nas extremidades da Terra: provavelmente, não irá muito além de pinguins no Pólo Sul, ursos no Norte, além de alguns peixes exóticos que conseguiram se adaptar a condições tão adversas. Agora pense na floresta tropical amazônica: incontáveis variedades de bichos, desde pequenos insetos até grandes mamíferos. Assim, o fato de haver áreas atingidas pelo sol em quantidades equilibradas é considerado essencial para a manutenção da vida, sem falar na pluviabilidade das florestas!

13 – Água, água por todos os lados: Não é à toa que qualquer avanço na observação de possíveis fontes de água em Marte ou na Lua é sempre comemorado e incita novas investigações: a existência de água em estado líquido é um dos indicativos mais claros de condições para haver vida em um planeta. A Terra, com 75% de sua superfície coberta por oceanos, é privilegiada por essa razão, e só assim garante a nossa existência.

Cair Paravel ao longe14 – A estabilidade do nível do mar: Ainda falando de oceanos, é realmente muita sorte nossa que o nível geral do mar, sob condições normais, se mantenha estável. O fato de as águas não invadirem os continentes e terem constância definida facilita o estabelecimento de seres vivos em ambos os ambientes (isto lembra a Bíblia, que registrou este excepcional milagre de o mar jamais ultrapassar os seus limites, com as desastrosas exceções que conhecemos). De todo modo, é uma pena que esta situação esteja mudando para pior com o aquecimento global e o derretimento das calotas: diz a Ciência manipulada que os oceanos estão subindo 14 cm por ano!

15 – As plantas verdes: Uma interessante teoria afirma que a cobertura vegetal da Terra em seus primeiros milhões de anos pode ter sido roxa, e não verde. Apenas quando foi concluído o “esverdeamento” de nossos vegetais é que a vida animal teve condições de surgir. A razão para isso é muito simples: plantas verdes são sinais da existência de clorofila, que por sua vez é um indicativo de fotossíntese, que produz oxigênio para nós. Na época do planeta roxo, os vegetais usavam alguma outra molécula para seus processos biológicos, e a vida humana era inviável.

raios16 – A eletricidade: Há quase 60 anos, dois cientistas americanos simularam a origem da vida na Terra em laboratório, com o experimento batizado de Miller-Urey em homenagem a eles próprios. Os pesquisadores utilizaram, em estado primitivo, os gases e outros componentes químicos que estariam originalmente envolvidos no surgimento do primeiro ser vivo. A partir disso, foram-se criando os mais básicos aminoácidos, que dariam o pontapé inicial à vida na Terra. Mas como essas específicas reações se ativaram? Segundo tal experimento, foi graças a descargas elétricas. Exatamente iguais às que hoje observamos pela janela em noites de trovoada. Mas quem disparou as descargas elétricas exatas para possibilitar as reações químicas necessárias à vida dos futuros primatas? (Aqui está o argumento deste artigo).

17 – Os movimentos geológicos: A existência de placas tectônicas é um ponto crucial, segundo as teorias mais aceitas, para que a vida no planeta pudesse se desenvolver. Apesar do perigo dos terremotos e tsunamis, a constante movimentação da crosta terrestre a partir de vulcões e abalos sísmicos nos primórdios da Terra, permitiu que houvesse maior circulação de componentes químicos importantes para tal surgimento. Se toda a superfície terrestre fosse uma única massa de terra estacionária, estes eventos não teriam acontecido e nós mais uma vez teríamos dançado.

meteoros-shower18 – O espaço à nossa volta: Cientistas concordam que a Terra não “nasceu” com tudo o que era necessário para que tivéssemos a vida que temos hoje. Alguns elementos, possivelmente até a água, foram trazidos de fora por gigantescos corpos celestes que colidiram com nosso planeta ainda nas primeiras etapas de sua formação. Então é bom perguntar: quem arremessou justamente aquelas pedras aquosas na Terra, trazendo água para cá?

19 – “Tempo de maturação”: Hoje em dia é difícil impressionar alguém citando a atual idade aproximada da Terra: embora 4,54 bilhões de anos seja um período de tempo incomensurável, já nos acostumamos à ideia de que, “sim, o planeta é velho”. Mas nem todos os planetas já observados têm tanto tempo de vida assim: alguns nascem e são destruídos em questão de poucos milhões de anos ou ainda menos. Por essa razão, é válido destacar que a vida só prosperou no planeta porque ele mesmo resistiu. Os ancestrais mais antigos do ser humano surgiram há cerca de 4 milhões de anos, menos de um centésimo da idade do planeta. A pergunta é: quem garantiu a sobrevida da Terra até o dia em que ela estivesse madura para gerar primatas? [Estas 3 perguntas acima em negrito ficam bem explicadas NESTE link].

vendedor-espermatozoide20 – Finalmente, o leitor já deve intuir facilmente: esta lista de 20 coincidências é apenas uma ínfima lista do Zilhão mencionado no título, e o Zilhão é um número incontável, mas verdadeiro. Porquanto ainda houve tantas mil outras coincidências favoráveis que ninguém teria, em sã consciência, paciência para discutir com quem vê uma “loteria cósmica” por trás de tudo isso. Até este computador que estou usando agora só pôde existir porque um cérebro humano, nascido de outras infinitas coincidências (como aquela do óvulo certo para o espermatozóide certo terem se cruzado na hora certa, de uma relação sexual “X”, dos pais do futuro cientista que inventaria o computador), chegou um dia a intuir tão sublimemente que possibilitou à Humanidade contar com estas máquinas maravilhosas que “salvam” o planeta do caos que haveria se a Informática não existisse!). Ufa! É isso…

Bem; atente o leitor agora: como eu disse, esta lista que acabei de dar é apenas uma minúscula seleção resumida de tudo aquilo que ocorreu ao longo do tempo para o universo chegar a ser o que é hoje. Então o leitor tem toda a liberdade de imaginar uma quantidade absurdamente maior do que tudo isso que descrevemos anteriormente. Porquanto isto significa que a profusão de ocorrências pontuais para que aquela minúscula bolinha inicial chegasse a explodir e gerar tudo isso que hoje existe, constitui uma série aparentemente infinita (por assim dizer) de eventos concatenados, perfazendo uma espécie de “loteria das arábias”, cujo resultado jamais ou nunca poderia dar no que deu, exceto se toda a série tivesse sido previamente prevista.

GeringonçaAssim sendo, o leitor é chamado aqui a defrontar-se com a seguinte realidade: ou aponta para a tal “loteria” e diz que numa ordem infinita, qualquer coisa poderia acontecer [mesmo que a probabilidade ficasse na casa do -1∞ (um número qualquer antes do infinito) de chance de dar certo], assumindo assim a crença de que a Humanidade está viva sem razão num espaço sem sentido e num tempo inexistente, sendo tudo o que existe um supremo absurdo – que é o mesmo que pensar que seria “fácil” ganhar sozinho numa loteria numérica infinita; ou então aponta para a tal loteria e diz que para um “determinado” fim acontecer, bem determinado mesmo, somente se uma inteligência infinita planejasse previamente toda a série de eventos encadeados que, combinados de determinadas maneiras, resultassem naquilo que ele previu e desejou.

Não preciso dizer que esta segunda hipótese é a que nós da EAT assumimos, pois aqui em nossa Escola não costumamos ser muito otimistas quando o negócio é loteria. Jogamos milhares de vezes, em centenas de jogos diferentes, com dezenas de participantes, e nunca nenhum de nós ganhou coisa alguma, nem mesmo um saco de pipoca no fim de uma quermesse! Porém há gente que vai e aposta, e às vezes aposta caro, entregando seu suado dinheirinho para o dono do cassino ou para os cofres de um governo corrupto. E tem os que apostam uma única vez na vida, gastando só 1 Real, e vai e ganha, provando que estamos mesmo num universo sem razão!

Todavia e finalmente, a realidade foi montada para indicar para nós uma direção diferente. É como se “o cara” que planejou esta loteria maluca dissesse assim: “Eu sou tão infinito que nenhum de vocês poderia me enxergar (tal como não enxergam do outro lado do universo de vocês, o qual para mim não passa de um átomo!). Logo, se eu jamais poderia ser visto por vossos olhos físicos, nem que usassem o seu maior telescópio, planejei toda a criação com tantas coincidências que, ao final de qualquer investigação, qualquer um de vocês poderia dizer: para que ESTE EXATO resultado vingasse, somente se Alguém o tivesse planejado!”. Eis aí o “x” da questão. Mas este “x” repete tantas vezes, e em tão melodiosas notas, que sua explicação só pode ser: Alguém compôs esta música.

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Ninguém nunca jamais foi unânime com ninguém

Esta dura e instigante realidade acompanha toda a história humana e jamais esteve sequer aproximada de qualquer solução a curto, médio ou longo prazos. Mas o mínimo que a Humanidade vê é que nem Cristo agradou a todos.

Cegos voluntáriosEste é o tipo do artigo cujo argumento poderia ser transmitido tanto por uma Escola Teológica quanto por uma Agência de Casamento. Porque tanto teólogos como cônjuges sabem o quanto é difícil encontrar pontos em comum nas crenças de almas livres, e por isso o aparente problema pode ser o preço que Deus pagou, com alegria, pela graça inaudita de contemplar, ao seu lado, criaturas livres. E ele traz um mistério inquietante: parece que até o próprio Deus, quando autoconvocado para missões “individuais” e não trinitárias, demonstrou em sua própria trajetória que nenhuma mente livre pensa 100% idêntico a outra mente, e assim só se pode deduzir que a existência de pontos não idênticos é uma bênção, e não uma maldição. Este é, pelo menos, o único modo de perceber a verdade e não se escandalizar com ela.

Ninguém nunca conseguiu acreditar em alguma coisa, seja objetiva ou subjetiva, em cuja integralidade não houvesse o mínimo ponto de desacordo, e é isto o que torna o casamento tão difícil, e também toda a convivência humana, e tudo o mais. E o que o vulgo ou o homem mediano vê desta realidade é apenas o que se entende no adágio comum que diz que “nem Jesus Cristo conseguiu agradar a todos”. Todavia, para nosso espanto, a verdade é que além disso, além de não ter agradado a todos (como diz a sabedoria popular), parece que até Jesus Cristo encontrou um ponto de desacordo com o seu próprio Pai, quando confessou: “passa de mim este cálice, mas faça-se antes a tua vontade e não a minha”. Sem contar que chegou a acreditar que seu Pai O havia abandonado! Isto é de calar e de cortar o coração de qualquer um, sem dúvida, mas a rigor comporta uma bênção de consolo extraordinária, para quem tem olhos e ouvidos sadios.

reuniao1Ora; todos nós ficamos chocados, tristes e às vezes até entramos em depressão, quando recebemos na cara a comprovação de que alguém não concorda conosco, sobretudo quando por “alguém” queremos dizer muita gente, isto é, quando nossa opinião entra em conflito com a de muita gente ou até de todos, e ficamos assim como que paralisados, arrasados. Pior, na maioria das vezes, são opiniões claras sobre fatos irretorquíveis; ou observações válidas sobre realidades objetivas; ou outras afirmações igualmente relevantes, mas para as quais os ouvidos que nos ouvem conseguem encontrar, lá “nos cafundó do Judas”, um ponto de observação diferente (se é que é isto o que acontece), pelo qual a sua mente acaba encontrando um outro ângulo, cuja visão termina por gerar outra opinião sobre o mesmo assunto, mesmo quando se trata de uma verificação palpável de um objeto concreto!

É claro que, em se tratando da convivência humana, e abstraídas outras hipóteses mais frequentes, não podemos deixar de reconhecer que, o cafundó do Judas pode também ser um ponto minúsculo no interior do cérebro do ouvinte, no qual alguma mínima imperfeição na fisiologia cerebral – que todos nós podemos ter – pode ter gerado aquele ângulo para a visão consciente do interlocutor, e, por causa da insignificante falha, o cérebro manda para a língua uma opinião diferente da nossa! Sim. Isto é possível, e até bem provável, dadas as inexoráveis e imperceptíveis falhas fisiológicas na rede neuronal de todos os cérebros nascidos a partir da Queda adâmica, e deve ser por isso que a Bíblia diz que “até um louco poderá consertar o seu caminho pela convivência com a Palavra de Deus”.

Ze_Ramalho_Sinais_180_div_Ora, mas até aqui tudo o que discutimos ainda se trata de embates entre cérebros humanos, sujeitos a falhas fisiológicas e defeitos morais, e por isso a ocorrência de conflitos de opinião pode ser considerada até certo ponto O NORMAL da Humanidade, o “normal” que Zé Ramalho disse que “a vigilância cuida dele!”. Todavia, o que dizer quando conflitos de opinião acontecem entre cérebros etéreos, inteligências superiores ou mentes transcendentais de anjos e querubins, que a Bíblia revela terem ocorrido desde os tempos imemoriais? E pior: o que dizer quando descobrimos que até no seio da Trindade, onde reina absoluta paz e harmonia, quando cada uma das pessoas de Deus se encontra em missão “individualizada”, ocorreu um ponto de aparente desacordo, quando o Filho de Deus, vestido da carne humana, foi forçado a dizer “não se faça a minha vontade, mas a tua”? Ou será que, devido às falhas de nosso cérebro, não estamos entendendo o episódio do Getsêmani e a cena da crucificação? Teriam os autores canônicos incluído uma cena que não houve, ou os cérebros deles também falharam na interpretação do lamento de Jesus? Ou seríamos tão medíocres que não entendemos nem mesmo o desespero de quem sofria duplamente com o dia presente e o sofrimento do dia seguinte?

Com efeito, somos levados a afirmar que ambas as hipóteses são válidas, e a julgar pela exatidão da Bíblia, o próprio Deus não é daqueles que descartam hipóteses, deixando-as vivas e insinuantes onde quer que haja liberdade. Ser livre, afinal, poderia ser diferente? O que é a liberdade, senão a ampla liberdade de opinar, mesmo que discordando do próprio Deus?

Descobrindo em Deus esta estrambólica mas sublime qualidade, deve estar aqui a grande lição de toda a Criação do Senhor, a saber, que o grande trunfo e a grande Graça de uma criação livre deve ser o próprio fato da multiplicidade inesgotável de informações válidas, muitas das quais não receberiam de nós um único centavo de pagamento, mostrando assim que Deus é tendente a valorizar as coisas, e nós somos tendentes a criticar e descartar, sobretudo se for uma opinião que pensamos ser inventada por outras pessoas (quando ela também pode estar em nós, ou pode ter sido invenção nossa numa época tão longínqua que já esquecemos que aquilo era exatamente a nossa opinião!). Não é à-toa que a sabedoria popular diz que “se conselho fosse bom ninguém dava”.

Enfim, com este quadro todo na mente, algumas conclusões são bem oportunas agora, e é assim que conseguimos externá-las neste exato instante:

Caucasian business man with thumb down

Quem nunca deu um “NÃO” a qualquer uma de todas as suas opiniões?

1a) Ninguém nunca jamais foi unânime com ninguém! Que ninguém pense que um dia já conseguiu o consenso geral de alguma opinião, e apenas foi dormir na ilusão de que o(s) outro(s) estava(m) de acordo, quando na verdade pode ter ocorrido apenas um ruído na comunicação (até um ruído simples, e os ouvidos de ambos falharam) ou um palpite divergente omitido na conversa, geralmente por questão de amizade ou respeito ponderado sobre a posição ou autoridade do pregador. Isto é muito importante e particularmente endereçado a líderes religiosos, pois os tais geralmente são aquele tipo de comunicador que se ilude com a aparente unanimidade reinante em sua igreja, e para mantê-la à força chegam a pagar regiamente para calar opiniões diferentes de outros líderes de sua própria igreja, reforçando a ilusão de que “todos os líderes pensam iguais”. O leitor pode apostar que este é um dos mais consolidados enganos no ambiente religioso de nosso dias. Isto também é muito importante para o relacionamento ‘marido e mulher’, ou mesmo para namorados e namoradas: aprendam que cada um tem uma visão diferente e jamais esperem que a opinião do outro combine em qualquer ponto com a sua: isto é a única forma de garantir o mínimo de durabilidade às relações, sejam elas eclesiais ou amorosas. E é por isso que chamamos o matrimônio cristão de “Casamento a Três”, pois um imbróglio assim jamais poderia dar certo se se casassem somente o homem e a mulher: é preciso também casar COM DEUS, para que o casal forme uma trindade com o Senhor.

2a) Se Deus nos criou com o Livre-arbítrio, e Ele é onisciente e capaz de antever tudo, então podemos ficar tranquilos com uma coisa: “Foi Ele quem quis assim” (leia o que diz Paulo em Romanos 9,15-19 e pasme). E se agora sabemos que Ele valoriza todas as opiniões do universo, mesmo que aparentemente tolas para nós, quem somos nós para desgostar do ambiente barulhento de uma feira livre, dentro de nosso lar? Ora, foi o próprio Jesus quem fez permanecerem juntos o trigo e o joio, justamente porque as opiniões do joio podem mudar o trigo e vice-versa! É o livre jogo da conquista divina, que quer garantir, custe o que custar, o resgate das almas perdidas por causa de opiniões erradas diante de Deus, as quais tanto podem ser proferidas por santos quanto por criminosos e outros tipos insuportáveis. Você se lembra que por conta de uma opinião errada, Pedro foi expulso como satanás por Jesus? Lembra o que disse São Mateus sobre as nossas opiniões? Que elas até têm relação direta com a nossa salvação? (Releia Mateus 12,31-37)…

Finalmente, com esta abertura de visão para a realidade do mundo, agora que sabemos que ninguém pensa igual a ninguém em nada (nem mesmo sobre a cor dos olhos dos outros), podemos estar inaugurando um tempo em que a paz finalmente esteja mais próxima de nossas almas, quando descansarmos nosso coração e já até esperarmos a opinião divergente, como quer o Criador. Afinal de contas, quem diabos nos incutiu este desejo irracional de colher opiniões idênticas as nossas, quando muitas vezes nós demoramos a acreditar em nós mesmos? Sem dúvida foi mesmo o diabo, e é por isso que Ele vive irritado com o próprio inferno, pois é ele quem queria um ambiente onde todo mundo pensasse como ele, e agora sabe que as opiniões no inferno só são parecidas porque seus comparsas temem contrariá-lo! Ora; a conclusão é que o único ambiente saudável é o Paraíso, justamente porque ali nenhuma opinião é igual! E mais espantoso ainda é saber que, embora ali ninguém pense igual, todos amam a Deus e ninguém discorda de que Ele tem a opinião mais perfeita. Ah, quem dera fôssemos assim, o Paraíso estaria sorrindo nas janelas de nossa alma.

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O radicalismo bíblico na intolerância ao pecado

Embora a mensagem bíblica do perdão irrestrito seja das mais abrangentes da Revelação, as exortações contra o pecado assumem contornos aterradores para o coração humano, e Deus tinha razão em se expressar assim.

Intolerância bíblica contra o pecadoFoi o Cristianismo que explicou a abrangência do pecado para iluminar as densas trevas inauguradas por Adão e Eva, e o fez de modo muito mais esclarecedor, para não dizer simples, porque de simples não tem nada. Pelo contrário, a complexidade do tema é o que tem levado a própria Igreja de Roma, fundada por Jesus na rocha que era São Pedro, a tentar, em nome de agradar as massas e aumentar seus quadros, contar para o mundo uma história maternal, mas daquele tipo de mãe-avó, que não apenas perdoa tudo, mas até fecha os olhos para toda a libertinagem de seus filhos.

Foi assim que a Igreja de Jesus com sede em Roma nos explicou, de modo sábio e didático, que existem 4 áreas onde o pecado incide, e ela conta esta história no início de todas as santas missas, quando pede: “Para celebrarmos dignamente os santos mistérios, confessemos os nossos pecados: confesso a Deus todo-poderoso e a vós irmãos, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa”. Com isso sempre nos lembramos do valor precioso de se fundamentar a nossa fé na sabedoria dos primeiros mestres do Cristianismo, pois neste mister foram eles que enxergaram e entenderam o portentoso perigo do pecado, pois a mínima errância humana empurra de novo o Cristo para a cruz, como muito bem explicou o autor da carta aos Hebreus (Hb 6,4-6). Este fato em si e somente ele, já seria suficiente para calar fundo em nosso coração, pois o mínimo tropeço nos torna algozes de Jesus, levando-O à ignomínia e ao bullying da via crucis.

Maria Madalena aos pés de JCEntretanto, em toda a história da Humanidade e nesta história em particular, o dano irreversível do pecado original na memória humana leva ao efeito desastroso de esquecermos esses trechos das Escrituras onde a intolerância ao pecado aparece mais clara e contundente, e até aquele trecho onde o desconhecimento da Bíblia foi diretamente relacionado à nossa constante errância (Marcos 12,24), se perde pelo esgoto de nossa desmemorização, e aí chegamos à pieguice do perdão-cego, que recebe Maria Madalena e não diz o final da conversa, omitindo o “vai e não peques mais”, como é moda hoje em dia.

Assim, contrariando a desmemorização popular, decidimos tratar o assunto com base em alguns trechos das Escrituras, os quais serão colhidos da versão revista e atualizada da SBB, versão 1969, RJ, do padre João Ferreira de Almeida. Nossa escolha recai sobre as seguintes passagens:

(1a) Salmo 39,5: Após investigar o Velho Testamento e ver que Salomão pontuava seus sermões moralizantes em cima da vaidade humana, com a qual Salomão dizia que dela todo mundo é culpado (Lewis foi ainda mais radical e explicou que a vaidade é o maior de todos os pecados, porque ela também é orgulho e soberba), encontramos nos salmos um trecho onde o autor canônico radicaliza e diz, de modo devastador até para crentes que se acham muito firmes: “Na verdade todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade”. E não para aí: outro salmista bronqueou mesmo e perguntou: “quem há que possa discernir as próprias faltas? [pois temos falhas ocultas]” (Salmo 19,12); e novamente Salomão pergunta: “Quem pode dizer: purifiquei o meu coração, limpo estou do meu pecado?” (Provérbios 20,9). Enfim, são passagens impressionantes, cujo teor nos obriga a pensar no perigo gritante da errância, e de como a Humanidade está enredada num lamaçal medonho de sair e difícil de perdoar – sobre a dificuldade do perdão, o leitor deve ver que Jesus contou que para Deus é mais fácil curar um aleijado de nascença do que perdoar pecados (veja em Marcos 2,9).

Sou seu inimigo pq disse a Verdade(2a) Mateus 12,36 – aqui o próprio Jesus radicalizou e disse que para alguém pecar e ir para o Juízo Final com dívida, basta escorregar com a língua e dizer uma palavrinha besta por aí. No trecho, está escrito o seguinte: “Pois de toda palavra frívola que os homens proferirem, hão de dar conta no Juízo Final”. Ora, Jesus sabe o quão difícil é controlar nossa língua! (Tiago 3,2-9) e mesmo assim nos ameaçou severamente os lábios, ao ponto de dizer que é um pecado da fala que nos conduz ao Inferno, chamado “blasfêmia contra o Espírito Santo”. Veja a explicação NESTE link de nosso estúdio.

(3a) Mateus 15,19 – Jesus aponta a fonte da maldade bem para dentro de nosso peito e diz, que é “Do coração que procedem os maus pensamentos, os assassinatos, os adultérios, a prostituição, os roubos, os falsos testemunhos [palavras frívolas], as blasfêmias, etc.”, independente de haver dito que “o Reino de Deus está dentro de nós”! Eita coração podre, sô! (Leia Jeremias 17,9): Tão podre que a única pergunta é: “Como o Reino de Deus pode estar dentro de nós? Então Deus ama a imundície ou o Reino só está em nós quando o coração humano for lavado pelo sangue do Cordeiro?”… Tss-tss…

(4a) – Mateus 5,29-30: Jesus chega ao máximo do radicalismo quando diz, visando gerar o pavor de ofender a Deus, que: “se nossa mão direita nos faz pecar [lembrar da masturbação agora], que devemos arrancá-la para não irmos com mão e tudo para o inferno!”; e pior, disse também que, “se nosso olho nos faz pecar [lembrar do trecho anterior em que Ele falou de olhar com a intenção impura para uma mulher], devemos arrancá-lo para não irmos com olho e tudo para o inferno!”. Ora, foi tão escandaloso este radicalismo de Jesus, que esta passagem nos obriga a admitir um perigo sério contra as Escrituras, a saber, o de não usar de interpretação literal, o que pode até invalidar outros trechos igualmente importantes para a salvação, e cujo único sentido é o literal mesmo! [Duro é este discurso: quem o pode ouvir?]…

Padre Abib(5a) – Judas 23: Numa contundente radicalização, Judas (irmão de Thiago) pediu que nós servos de Deus “Detestássemos até a roupa contaminada pela carne” (carne é um termo até mais abrangente do que ‘pecado’, já que a carne não é ruim em si, mas apenas simboliza o veículo por onde nossos pecados se tornam visíveis, enfrentando até a vergonha alheia e reimpondo-se aos outros com novos argumentos! O padre Jonas Abib explicou que todo pecador quer que os outros também caiam no mesmo pecado, para justificar uma escolha coletiva, e não individual, supondo com isso escapar do Juízo por uma mistura social bem tolerada). Logo, se devemos não apenas evitar pecar, mas até chegar perto de uma roupa com a qual alguém pecou, então isto prova que o pecado não está apenas no coração do pecador, mas também nas coisas que toca, cheira, lambe, deita, etc. Eis porque um cristão não deve procurar motéis para transar com sua esposa, mesmo que o motel seja de propriedade de um pastor ou outro crente!

(6a) – I Tessalonicenses 5,22: “Afastai-vos até da aparência do mal”. Aqui Paulo lascou tudo! Porquanto se considerarmos que nem tudo que reluz é ouro, e que as aparências enganam, então ficar longe até da aparência do mal pode nos levar ao isolamento radical, e isto explica o ministério das irmãs carmelitas, cujo andamento na pós-modernidade já está para lá de ameaçado, como o leitor pode conferir NESTA entrevista com uma Carmelita. Porém elas têm razão e a Igreja de Jesus teve sobejas razões para canonizar o ministério delas, porque a única vida segura na santidade é o isolamento, sem levar em conta os pecados íntimos individuais das freiras. O isolamento, portanto, teria que ser “na absoluta solidão das montanhas”, como faziam os monges eremitas medievais, sendo isto ainda assim apenas uma garantia de se evitar pecados compartilhados, ou coletivos, manchando o bom nome do Evangelho. Enfim, a luta contra o pecado é a mais terrível batalha, e não é pra menos que Paulo pediu tantos reforços nas nossas defesas espirituais em Efésios 6,10-18. Olho vivo!

Frase antiTeologia da Prosperidade2(7a) – Mateus 5,28: “Aquele que olhar para uma mulher com a intenção impura, já adulterou com ela”. Aqui não há como fugir: o pecado não está apenas NA PRÁTICA da maldade, mas até mesmo no pensamento que o deseja praticar, antes mesmo de ele virar desejo. Foi daqui que a Igreja de Jesus aprendeu e ensinou as 4 áreas do pecado, aquelas do início da missa, onde se ouve “pequei por pensamentos e palavras, atos e omissões”. Assim sendo, e para a infelicidade geral da nação, ficamos pasmos e espantados quando vemos a mesma Igreja de Jesus sair, agora na modernidade, e dizer que se alguém tem um pecado apenas no pensamento, este não deve ser considerado pecado, pois não chegou à sua prática pecaminosa. Ora: onde isto se coaduna com as Escrituras que acabamos de estudar? Onde está na Bíblia qualquer tolerância para o pecado, quando vemos em todos esses trechos um radicalismo severo, onde uma mínima palavra condena ao Juízo e uma simples mentirinha leva o Cristo de novo à cruz?

É tudo uma bofetada só! Radicalismo bíblico? Se o leitor for cristão, saberá que Deus ama o pecador e odeia o pecado! Pois é este ódio ao pecado que transparece em todas as páginas da Bíblia e, com mais atenção, se perceberá que tudo o que é narrado ali tem a constante intenção subliminar de sempre atacar a raiz do mal, seja ela onde e como começa! É a batalha espiritual, a guerra pela posse da alma humana, que perfaz toda a construção do texto bíblico! Não é à-toa que a Igreja diz que é preciso comungar todos os dias, pois todo mundo cai em pecado alguns minutos após encerrar a missa! O leitor não lembra que João, por uma simples diferença de opinião doutrinária, ordenou que nós não recebêssemos em casa e nem sequer déssemos boas vindas a quem viesse à nossa casa e não trouxesse exatamente a mesma doutrina dele? Pois quem lhe recebesse estaria sendo cúmplice da visão errada das Escrituras… Confira em II João 10-11.

SonâmbuloCS Lewis também não deixou por menos, e creio que até radicalizou e apertou mais o nó cego desta questão toda, quando numa ocasião, após uma última batalha, contou que Aslam (Deus) recebeu no Paraíso anões pecadores e lhes perdoou de tudo, mas aos tais anões o perdão de nada adiantou, pois eles, embora já assentados no Paraíso, mantiveram-se obstinados em seus pecados, provando que todos os alertas bíblicos para o perigo das trevas são urgentes, necessários e absolutamente indispensáveis, pois quando o pecado vira vício, o vício cega irreversivelmente a alma e esta caminha sonambulamente para a perdição, e pior, achando bom a liberdade de perder-se.

Eis que assim a Palavra de Deus obriga a que seus pregadores não afrouxem as rédeas de sua pregação, fazendo delas verdadeiros e duros sermões moralizantes, pois tais sermões são, acima de tudo, alertas de perigos para os quais nem o poder de Deus pode ajudar!

Prezados: aqui mora o perigo. Se a Escritura disse que “passarão o céu e a terra, mas as Escrituras não passarão”; e se Jesus disse que “se alguém violar um destes mandamentos por mais pequenino que seja” (Mateus 5,18-20); e se o Senhor disse que temos que ser SANTOS como Deus é santo, ou pior, PERFEITOS como Deus é perfeito (Levítico 20,26 e Mt 5,48), então deve estar havendo alguma terrível transformação no seio de nossa Igreja, desesperada para garantir maior popularidade, para que ela subverta sua própria moralidade e admita pecados escabrosos como os que esta sociedade maligna e corrupta agora aplaude. E talvez nem fosse algo tão espantoso assim, pois a profecia de que o antiCristo se assentará no trono de Deus deve referir-se ao trono TERRESTRE de Deus (e não ao celeste), e esse trono pode muito bem ser a poltrona cardinal de São Pedro, no centro do Vaticano!

Enfim, qualquer pecado aplaudido pela sociedade corrupta não pode ser relativizado pela Igreja, nem que com isso ela perca IBOPE. Em tempo: Seja a promiscuidade das mocinhas da high society, seja o uso medicinal da maconha, seja o uso de roupas indecentes, seja o ficar e o beijar todo mundo nas baladas, seja o consumismo desenfreado, seja a relutância de subordinados às autoridades, seja a desobediência dos filhos aos pais, seja a criação de filhos pelas avós, seja o desejo secreto de experimentar outros tipos de sexualidade, enfim, qualquer coisa que ESTA ATUAL sociedade tolere, não pode servir de modelo para a Igreja programar as suas missões evangelizatórias, visando ganhar ESTAS almas corruptas para os seus quadros! Pelo contrário: a Igreja deve lutar pela QUALIDADE dos cristãos, e não pela quantidade de seguidores! Porque, até onde sabemos, a Igreja não está em concorrência numérica contra ninguém! Ela está sim, em obediência qualificada a Deus, visando dar ao Senhor almas que satisfaçam à sua santidade, pois sem santificação ninguém verá o Senhor.

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Como prevíamos, em nome da popularidade, Papa contradiz as Escrituras

Esta Escola tem uma firme posição: Todo homem precisa conciliar sua teoria e sua prática com as Escrituras Sagradas, inclusive o Papa. Por pensar assim, prenunciamos que o populismo pode levar até um Papa a acatar posturas antibíblicas…

Papa diz 'viver e deixar viver'Lendo uma notícia que para nós – e para todo bom católico – deveria constituir um verdadeiro pavor, não podemos deixar de sentir certo brio por termos profetizado, meses após o sucesso do novo Papa em sua última vinda ao Brasil, a possibilidade de o novo pontífice ceder aos apelos populistas e acatar posturas não-bíblicas ou antibíblicas, firmando-se na ideia válida de que a Escritura precisa de um intérprete (Atos 8,30-31) e que ele, o Papa, é a palavra final da verdade e da vontade de Deus para a Humanidade (e justamente porque concordamos com isso é que ficamos aterrorizados!)…

Porquanto depositar toda a confiança no pontífice, como legítimo sucessor de Pedro, e acompanhar toda a sua obra missionária, como uma voz forte no mundo pós-moderno (capaz de calar opositores de peso, inclusive líderes de outras religiões), fez-nos admirar cada vez mais o novo Francisco de Deus, encarando-o como um verdadeiro enviado dos céus para guiar o rebanho mais numeroso e complicado do mundo, e por estas duas razões o mais fácil de cair em tentação.

Alcançando o pontificado a partir da renúncia de um outro Papa (Bento XVI) e sendo, por isso mesmo, uma escolha muito mais adequada aos novos tempos pelo próprio Espírito de Deus, estava na ordem natural – ou sobrenatural – das coisas que o novo sucessor de Pedro estudasse bastante a sociedade moderna para verificar, em seus próprios raciocínios, aquilo que o mundo atual deveria receber para voltar ao equilíbrio e ao bom senso, perdidos a partir do início da Modernidade, ou à data que isto equivaler (Esta Escola estabelece a chegada da Televisão como início da desgraça mundial que ameaça todas as bases do Cristianismo).

Isto posto, o pequeno rebanho de católicos conscientes (verdadeiros sobreviventes no meio da massa católica indouta) vinha se alegrando e regozijando cada vez mais com as notícias chegadas das missões do novo Papa, e com isso nosso “orgulho católico” era a cada dia beneficiado, ao ponto de usarmos o nome e palavras do Papa em nossos textos e pregações, como se faz quando se tem alguém como verdadeiro líder espiritual e mestre. Nosso melhor exemplo é CS Lewis, em quem confiamos cegamente e em quem baseamos tudo o que escrevemos e pregamos, como manda o bom discipulado cristão, e assim estávamos fazendo com Francisco, dada a exatidão espiritual da doutrina católica.

Drogadeamigo resumidaTodavia, e com efeito, nunca deixamos de observar, com preocupação, a escalada mundial da depravação e do esvaziamento espiritual da sociedade; e de raciocinarmos, com auxílio da Palavra de Deus e de CS Lewis, em torno do quanto este mundo moderno está pondo em risco todos os alicerces do Cristianismo, para o extremo pavor de nossa fé. E pior, não tem jeito: é uma sociedade depravada que dita todas as regras, e para a qual só subsiste incólume neste mundo a pessoa física ou jurídica que abdicar da Moralidade e da Espiritualidade, permitindo uma vida livre de qualquer regra moral e de qualquer responsabilidade para com o futuro.

Assim sendo, a regra mágica para obter o máximo de sucesso em qualquer empreitada terrestre é a quantidade de seguidores que tal obra ajunta em torno de si, e isto servirá para qualquer atividade, seja ela moral ou imoral, lícita ou ilícita, sadia ou criminosa. E ela vem com o apelo irresistível (que a própria modernidade assim o chamou) para todos os sonhos de riqueza e poder, com a razão de gerar a única segurança deste tempo, ainda que parcial, a segurança financeira. Se na vida individual todos sonham com a independência financeira, na vida das pessoas jurídicas – incluindo as igrejas – o sonho é possuir capital político e financeiro suficiente para garantir sua perpetuidade no planeta, e assim é que se explica porque as empresas – e as igrejas – mais ricas são justamente os organismos jurídicos mais longevos e duradouros da história da Terra.

A própria Igreja fundada por Jesus, a Católica Romana, usou deste artifício muitos séculos antes da pós-modernidade (mais ou menos nos Séculos III e IV), quando, analisando a situação de insegurança do então movimento cristão, perseguido e torturado em todos os guetos do mundo, decidiu se aliar aos reis e príncipes e incorporar práticas até então tidas por pagãs, ponderando que talvez, para o próprio Deus (que manteve unidos o trigo e o joio), seria bem provável conseguir uma convivência pacífica no ambiente da nova “amizade” com os monarcas, e assim garantir a manutenção do difícil movimento/doutrinamento católico, que nunca foi muito popular na História. E de fato, o próprio Deus ajudou muito neste mister, pois a conversão de Constantino, após a visão pessoal de um símbolo cristão no céu, garantiu a segurança necessária para o movimento que iniciou “tímido” com os nazarenos, séculos antes. Porém, a bem da verdade, ninguém pode afirmar com certeza que aquele era o plano de Deus (a julgar pelas exortações bíblicas para a resistência dos cristãos às perseguições e torturas, e também pela idéia bíblica de que a Igreja de Jesus sempre seria protegida, ao final, por interferências diretas do Espírito Santo em favor dela aqui na Terra: Atos 5,34-39) e por isso o ranço de uma solução covarde ainda hoje perdura entre os cristãos, sem contar o que pensa a igreja protestante da decisão de se aliar aos monarcas. Claro que os protestantes também foram covardes noutras ocasiões, e o próprio Lutero se beneficiou da amizade com os príncipes.

Antes de continuar, é importante lembrar que este mal que estou expondo como estando na Igreja Católica, não é um mal da Igreja, e sim da pós-modernidade, pois foi esta que introduziu o odioso sistema de valorização de qualquer coisa pelo grau de adesão das massas, e não pela qualidade intrínseca. Qualquer coisa hoje em dia que congregue multidões é bem vinda e terá sempre razão para mais adesões, independente da qualidade dos bens ou serviços que oferecer. Dizem que até as drogas, se não fossem tão populares, não atrairiam tanta gente! Isto ocorre com tudo o que está na moda, cujo sinônimo é justamente ser algo procurado por muita gente. Assim sendo, se o mal é da pós-modernidade e não da Igreja, então todas as religiões cometem o mesmo erro, e não é à-toa que todas as igrejas estão interessadas em comprar um Canal de TV, pois a Televisão é a forma mais fácil de conseguir a adesão das massas.

Ora, chegamos ao ponto ‘X’: onde é que o novo Papa está correndo o risco de acatar uma ideia populista para manter e ampliar a sua popularidade? Bem; tomando por base a vergonhosa assimilação de ideias feministas por parte da igreja de CS Lewis (a Anglicana, que o envergonharia se ele aqui estivesse, e talvez esteja envergonhado no Céu!), ao ponto de admitir até o sacerdócio de mulheres, podemos supor que o mesmo ocorrerá com a Igreja de Roma, como parecem dizer ESTA notícia e o final desta OUTRA aqui, numa flagrante contradição com a Bíblia, que terá que ser forçosamente abandonada ou reinterpretada cirurgicamente para permitir tal distorção em sua exatidão lógica.

C_S_LewisE não há solução aqui: o método de pacificação dos lares cristãos não pode ser desobedecido, sob pena de transformar o matrimônio sacramental num casamento comum da sociedade, onde homens e mulheres se sentem 100% livres para decidir sobre suas vidas, inclusive sobre sexo livre. CS Lewis deu a explicação definitiva para a determinação bíblica da subordinação hierárquica da mulher ao seu marido, e nós a repetimos aqui:

<< […] As esposas cristãs fazem o voto de obedecer a seus maridos. No casamento cristão, diz-se que os homens são a “cabeça”. Duas questões ob­viamente se levantam. (1) Por que a necessidade de uma “cabeça” — por que não a igualdade? (2) Por que a “cabeça” deve ser o homem?

  • A necessidade de uma cabeça segue-se da ideia de que o casamento é permanente. E claro que, na me­dida em que o marido e a esposa estão de acordo, a ne­cessidade de um líder desaparece; e gostaríamos que esse fosse o estado de coisas normal no casamento cristão. Mas, quando existe um desacordo real, o que se deve fa­zer? Conversar sobre o assunto, é claro; estou partindo da ideia de que tentaram fazer isso e mesmo assim não conseguiram chegar a um acordo. O que fazer então? O casal não pode decidir por votação, pois não existe maioria absoluta entre duas pessoas. Certamente, uma das duas coisas pode acontecer: podem separar-se e cada um ir para o seu lado, ou então uma das partes deve ter o poder de decisão. Se o casamento é permanente, uma das duas partes deve, em última instância, ter o poder de decidir a política familiar. Não se pode ter uma asso­ciação permanente sem uma constituição.
  • Se há a necessidade de um líder, por que o ho­mem? Em primeiro lugar, pergunto: existe uma vontade generalizada de que isso caiba à mulher? Como eu dis­se, não sou casado, mas, pelo que vejo, nem mesmo a mulher que quer ser a chefe de sua própria casa admira essa situação quando a observa na casa ao lado. Nessas circunstâncias, costuma exclamar: “Pobre sr. X! Por que ele se deixa dominar por aquela mulherzinha horrível? Isso está acima da minha compreensão.” Também não penso que ela fique lisonjeada quando alguém mencio­na o fato de ser ela a “cabeça”. Deve haver algo de antinatural na proeminência das esposas sobre os maridos, pois as próprias esposas ficam bastante envergonhadas disso e desprezam o marido que se submete. Porém, há mais uma razão, e sobre ela falo francamente a partir da minha condição de solteiro, pois pode ser vista me­lhor por quem está de fora que por quem está dentro. As relações da família com o mundo exterior – o que poderíamos chamar de política externa — devem de­pender, em última análise, do homem, porque ele deve ser, e normalmente é, mais justo em relação às pessoas de fora. A mulher luta prioritariamente pelos filhos e pelo marido contra o resto do mundo. Naturalmente e, em certo sentido, quase com razão, as necessidades de­les são priorizadas em detrimento de todas as outras ne­cessidades. A mulher é a curadora especial dos interes­ses da família. A função do marido é garantir que essa predisposição natural da mulher não chegue a predo­minar. Ele tem a última palavra para proteger as outras pessoas do intenso patriotismo familiar da esposa. Se al­guém duvida de mim, deixe-me fazer uma pergunta simples. Se seu cachorro mordeu a criança da casa ao lado, ou se seu filho machucou o cachorro do vizinho, com quem você prefere tratar — com o chefe da família ou com a dona da casa? E, se você é uma mulher casada, deixe-me fazer outra pergunta. Apesar de admirar seu marido, você não diria que a falha principal dele está em não fazer valer os direitos da família contra os dos vizinhos tão vigorosamente quanto você gostaria? Não seria ele apaziguador demais?>> (Livro “Cristianismo Puro e Simples”, Livro 3, Comportamento cristão, Cap. 6, Matrimônio Cristão, três últimos parágrafos – Leia o trecho NESTE link).

Liz Handford e 'O Livro' BombaOra; tudo isto é muito bom, e Lewis é o nosso mestre, mas, sem sombra de dúvida, foi a Dra. Elizabeth Rice Handford, esposa do pastor Walter Handford, a pessoa que melhor entendeu a revelação bíblica para a pacificação dos lares cristãos, e esta Escola recomenda que o leitor leia o livro “Eu, obedecê-lo?”, da Editora Imprensa Batista Regular, facilmente encontrado em PDF pelo Google. Interessante notar que a doutora Liz, conquanto fosse uma batista fervorosa, usou quase sempre a palavra de São Pedro, o primeiro Papa, para indicar qual seria a vontade de Deus para as mulheres, sem deixar nenhuma dúvida de que ela mesma implantou o método bíblico em seu lar, como seu marido atesta na introdução de seu livro. É assim, pois, bom reler o trecho de I Pedro 3,1-7 e verificar que, até para aquele tempo marital tranquilo dos apóstolos (em comparação com as verdadeiras guerras de hoje), os riscos de se criar um ambiente de conflito dentro dos lares cristãos eram por demais temidos, e por isso o grande apóstolo não deixou por menos, e escreveu aquela carta bastante incisiva. Lewis apenas o ajudou com sua genialidade.

Enfim, aqui está o nosso terror. É apavorante pertencer à Igreja de Cristo e saber que ela, mais dia menos dia, poderá trair a Jesus, como ocorreu no primeiro colégio apostólico. Outras igrejas já O traíram também, e nós da EAT cremos que uma das lágrimas que o Espírito Santo vai enxugar, após a Parusia, é justamente as lágrimas do próprio Jesus, quando finalmente sua Noiva poderá estar limpa e alva como a neve, para o louvor das orquestras celestiais. Como aqui na EAT nós sabemos, a intenção do inimigo sempre foi chafurdar o plano de Deus, e a melhor maneira de fazer isto é propor a globalização da desobediência, cujo gérmen começa na família, por quem a Igreja diz tanto lutar. Que ela não perca sua lucidez e lute contra esta anarquia global. Que o Papa seja firme e não permita tal mácula no seio da Noiva de Cristo. E que Deus não permita estarmos aqui quando tal inferno chegar.

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Salvação pelas obras é a mesma salvação pela fé

A cristandade reformada põe sempre a fé como passo inicial para a salvação, esquecendo-se de que o ato de crer é uma “obra interior*”, e por isso não tem sentido em se monopolizar a salvação pela fé.

João 3-16 no UKTodos os verbos denotam ações, movimentos e atitudes, configurando algo que deixou uma situação estagnada (ou inércia) e passou a funcionar de algum modo, mesmo que apenas mentalmente. Esta é, a rigor, a definição intrínseca da crença, ou do exercício de crer, em comparação com a descrença, que também é um movimento, só que para o vazio. Crer e descrer são ações de quebra da inércia, só que em direções opostas, como o são todos os verbos. Quando a Escritura diz que “o Verbo” se fez carne (e não o substantivo), aponta imediatamente para o dinamismo de Deus, que se constitui num movimento incessante e nada de estagnação, sem contudo apresentar as falhas ou o cansaço comuns aos seres imperfeitos, cuja movimentação possui erros ou oscilações. Se a Bíblia considerou o movimento de Deus mais importante do que a “substância do Senhor”, tem-se que destaca a obra sobre todas as coisas, mas do que o obreiro.

CS Lewis explicou (tentou explicar aquilo que tem explicação dificílima para a mente humana) que Deus é uma espécie de “Grande Dança”, e a descrição da Grande Dança nas palavras de Dr. ER foi a mais perfeita obra de escrita transmitida pelas mãos de Lewis, e nada pode ser deduzido senão que a Santíssima Trindade é um movimento incessante de amor e bondade que permeia tudo o que existe, seja do ponto de vista objetivo ou subjetivo. Em Deus o fazer é Ele mesmo, e por isso se descobre sinais de suas mãos em todos os recantos da Criação, como dizem os salmistas.

Entretanto e com efeito, entre os cristãos vigora uma desastrosa confusão conceitual, nascida desde a Idade Média, e com a vil consequência de desunir o coração de Deus em dois grupos de seguidores de Cristo, com prejuízo incalculável para a salvação das almas que pretendiam resgatar. E pior, ninguém move uma palha para mudar as coisas, pelo menos no sentido de verificar, “in loco” (nos dicionários e no estudo da Psicologia), a perfeita identicidade das expressões “pela fé” e “pelas obras”, que fariam todo o rebanho caminhar junto, seguindo um só Pastor. Atente para “identicidade”, que é um neologismo fictício para apontar duas coisas idênticas, e não apenas uma mera identificação.

Fazer é o verbo-mãe. Nada existe sem ele. Em Deus ele existe na essência, pois o amor de Deus é multifaciente ou multifazedor, e tudo o que existe além de Deus é obra de seu fazer incansável e ininterrupto. A Bíblia diz que Deus é amor, mas devemos entender isso pelo espírito do Verbo Eterno, deixando a expressão assim escrita: “Deus é amar”, porquanto o substantivo abstrato “amor” deixa o Criador meio estagnado, ao contrário de seu verbo-raiz. Deus é amar mostra imperiosa a obra constante de seu amor à Criação, e chama todas as criaturas a fazer o mesmo, amar, amar, amar.

tesoura_2Isto posto, por que cargas d’água uma parte da cristandade passou a separar a fé do amor e assim dividir o rebanho entre salvos e perdidos, como se na essência das Escrituras houvesse essa distinção entre os seguidores do Nazareno? Pior, como desprezar a ação intrínseca do verbo crer sem lhe atribuir as credenciais das boas obras? Nunca podemos esquecer a figura da tesoura, usada por Lewis, na qual ele explica que uma das lâminas é a fé, e a outra as boas obras (sem uma das lâminas, a tesoura para nada presta!). São Tiago chega mesmo a dizer que ninguém é justificado diante de Deus apenas por crer, mas por ter praticado boas obras (Tg 2,24). Assim, urge estudarmos agora como a boa obra da fé se faz no interior de cada alma, com auxílio da Teologia Lewisiana.

Sendo o ser humano uma trindade de corpo, mente e alma, deve-se entender que a fé nasce de um exercício de boa vontade da alma em confiar naquilo que o corpo não pôde provar verdadeiro, e assim, “meio cegamente”, trabalha em função daquilo que não tem certeza. Ora, isto, a rigor, é uma tremenda obra interior, ou é um fenômeno que exige uma portentosa mão-de-obra psicológica, enquanto a Razão não vê motivo algum para crer em algo, e precisará ser convencida de que vale a pena “apostar” no escuro e receber de volta, supostamente, alguma “recompensa” por tal confiança. E este tal fenômeno pode às vezes até ocorrer com rapidez tal que a Razão nem percebe o longo caminho que trilhou até confiar no escuro… Mas as estatísticas dizem que na maioria das vezes o final deste caminho é a rejeição, e isto explica porque há tanta descrença neste mundo. São Tomé é a bola da vez, e como ele foi um discípulo do próprio Autor da fé, não é de admirar que o mundo inteiro imite São Tomé e tenha muita dificuldade de crer naquilo que não se provou, conforme pensa o ceticismo.

A mente trabalha coletando dados. Os dados não estão guardados numa gavetinha iluminada, com numeração e data de estoque. Eles são meros bits de eletricidade neuronal, surgidos a partir de sinapses nas operações internas do cérebro, com sistema mnemônico de aderência para garantir perenidade. O local e a identificação do bit só o subconsciente conhece e só ele é capaz de resgatar para a resposta respectiva, contando com a “amizade” da consciência (como uma parte da mente é invisível e imorredoura, chamada alma, a gravação do bit também é eterna, jamais se perdendo na contabilidade divina e podendo ser alegada a posteriori).

Para os serviços de captação, interpretação, gravação e resgate do dado, a mente trabalha dobrado, mas sem que o consciente fique necessariamente ocupado e cansado com esta tarefa, ou bloqueando a presencialização do indivíduo ao mundo exterior. É como a gravação automática de atualizações de software, que quase sempre acontecem em paralelo ou subliminarmente, enquanto a memória principal opera as tarefas comandadas pelo operador do teclado. Todavia e contudo, é um conjunto de tarefas até certo ponto pesadas, que o conjunto da mente tem como missão a executar e a desempenha naturalmente, pela programação prévia agendada pelo código genético e mais anteriormente pelo próprio Criador, quando projetou o funcionamento da mente humana.

Jesus pós-ressurreiçãoEm termos práticos, isso seria: (1) a mente toma contato com a realidade, e esta lhe apresenta o apelo de Cristo, pedindo àquela alma confiança nas instruções dEle, arrependimento para acertar na vida e para enfrentar a morte, até a chegada ao Paraíso; (2) ouvindo o apelo, o dado percorre todo o canal auditivo e chega ao cérebro; (3) este distingue o apelo e o interpreta como sendo benigno, porque vem de Cristo (isto porque ele já tinha o dado da bondade de Deus e por isso pôde aceitar receber o dado sem medo); (4) após ouvir e interpretar, o dado é levado à sede da vontade e retorna com uma livre decisão tomada a respeito, que pode ser pura ou entremeada de mini-vontades dependentes dos vícios antigos que ela tinha, e assim perde força e pode prejudicar o resultado; (5) a alma refaz o estado consciente com o novo dado e o incorpora à sua vida, podendo agir com mais ou menos influência dele no dia a dia, dependendo do grau de pureza aplicado à decisão. Estes 5 pontos resumem bem o ocorrido, mas não passam de um resumo, possuindo as falhas típicas de uma viagem a um país desconhecido sem mapa e sem guia.

Todavia, para o presente argumento, este resumo ilustra bem o quanto de esforço e operação é necessário para que a fé se constitua naquilo que os cristãos reformados entendem por fé, e deixa a sensação de que neste específico particular (neste justo dado vital), eles não fizeram uma boa dedução nem tiraram uma boa conclusão daquilo que os primeiros reformadores intuíram. Porquanto advogaram acerca da fé podando-a de toda as suas ramificações espirituais, necessárias para que a operação da confiança interior se robusteça para seguir os passos de Jesus, cujo seguimento começa por um apelo incômodo, a saber, o abandono dos vícios (pecados) que a alma tanto aprecia, iludida pelos prazeres deles extraídos e usufruídos.

Vê-se então que para o simples ato de crer, todo um “inventário” (uma parafernália) de tarefas é requerido interiormente, tanto ao nível dos ouvidos e do cérebro, quanto ao nível da mente, do subconsciente, da vontade e da alma eterna. Não existe, pois, um ato mágico único, instantâneo, no qual uma alma dê um SIM a Deus e isto mude tudo num segundo, como se todo o passado individual deixasse de existir e jamais tivesse “cativado” aquela alma, com hábitos aprazíveis e cômodos, regados à alegria ilusória da vida, ou pior, ao cansaço e à preguiça, que também viciam.

Cartaz Camp Fraternidade 95Logo, dizer que a fé não é uma obra é um erro técnico colossal, porque além de ser um conjunto complexo de tarefas interiores, trata-se de uma boa obra indispensável, salvífica ao extremo, e única a iniciar o indivíduo na lavagem interior que pode conduzi-lo a amar uma vida diferente daquela que ele já vivia, “feliz e realizado”. Pior, é uma “mini-obra” inserida num oceano de boas obras que tanto antecedem quanto procedem a decisão de confiança no apelo de Cristo, e o lado reformado da cristandade só enxerga as boas obras posteriores à decisão, sem associá-las à salvação que ainda se opera no interior de cada alma (veja nossa página chamada “Purismo Lewisiano” NESTE link). Noutras palavras, as almas por eles evangelizadas são instruídas a fazer o bem a partir dali, sem contudo assumi-las como coadjuvantes ou fundantes do processo de salvação que se operou a partir da decisão, esquecendo-se até da boa obra imediatamente anterior à decisão, que é a do arrependimento dos pecados! Entretanto, “o oceano de boas obras” que circunda e inunda a decisão de confiar em Cristo foi muito bem explicado por C.S. Lewis, o qual mostrou que para uma alma se arrepender de seus pecados, é preciso antes ser boa; do contrário, nunca haverá um arrependimento verdadeiro, e assim não haverá salvação. [Para uma alma ser “boa”, ainda será preciso uma obra muito difícil, que talvez só consigamos “completá-la” em nossa vida muito tempo depois (talvez depois de morto, no Purgatório), chamada “perdão ao próximo”: Veja sobre isso uma explicação preciosa NESTE link de nossa autoria com base em Lewis].

Tendo que chegar a ser boa antes da decisão, muitas boas obras foram necessárias até aquele dia, pois para mudar o caráter (que é o que importa para Deus) é preciso forçar a barra com a alma – i.e., quebrar-lhe a teimosia dos maus hábitos assumidos, e impor-lhe bons hábitos a praticar! E isto é uma obra colossal, gigantesca, que exige esforços hercúleos para driblar as insinuações dos antigos vícios (prazeres) e obrigá-la àquilo que ela passa a chamar de “vida chata, enfadonha e sem graça”. Eis aí o nó cego da caminhada, que põe a fé no devido lugar, muito além do que induz a crença reformada.

Finalmente, com tudo isso em mente, chegou a hora de a cristandade se redimir de tão desastrosa concepção e caminhar unida, pelo menos neste mister, tendo como luz a instrução moral de CS Lewis, que nada mais é que a essência do Cristianismo Autêntico, como deveria ser pregado e vivido por todos os cristãos. A própria omissão (talvez voluntária) da disciplina Moral nas pregações das igrejas reformadas já aponta para aquela concepção errônea ou incompleta no seu doutrinamento, com a qual certamente o Reino de Deus tem sofrido revezes dolorosos, perfeitamente evitáveis com uma simples revisão da Moralidade cristã, encontrada tanto nas livrarias católicas quanto protestantes. Se este apelo direto for bem interpretado, talvez tenhamos inaugurado uma nova alvorada no mundo cristão, porta-voz da alvorada eterna.

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(*) – Asterisco no subtítulo: O próprio Jesus afirmou isso quando disse “a obra de Deus é esta: que creiais naquele que por ele foi enviado” (João 6,29).

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Em que sentido o perdão de Deus “espera” pelo Homem

Sendo a graça de Deus suficiente para resgatar almas e estando estas sujeitas às escaramuças do livre-arbítrio, o complicatório do emaranhado de pecados praticamente faz da Graça algo insuficiente.

Jesus levando ovelha0

Que jamais se pense que Deus não tem poder. Que jamais se perca de vista o poder infinito da Onipotência para fazer qualquer coisa que queira. Que jamais se chegue à blasfêmia e à ingratidão de menosprezar a abrangência e a profundidade do perdão divino. Que jamais se tenha a ideia de que Jesus fez menos do que podia, ou menos do que devia, ou que deu menos de si pela salvação da Humanidade. Nada disso! Tudo o que foi dito acima são fatos irretorquíveis e verdades irrefutáveis, os quais a Humanidade fez e faz bem em confiar, pois se trata da mais séria aposta de Deus em favor de nosso retorno ao seu Reino, com o qual Ele mesmo “sonha feito menino”.

O parágrafo acima perfaz a mais precisa síntese da História do Plano Salvífico de Deus, e é indispensável que o leitor o tenha em vista para continuar lendo este artigo. Porquanto qualquer discurso que tentasse sussurrar o mínimo sinal em contrário seria obviamente um sermão aos peixes, ou pior, uma doutrina de má procedência, com a qual nenhum ouvido cristão concordaria. Então certamente o melhor a fazer é iniciar o argumento com uma pergunta: “por que o perdão de Deus seria insuficiente?”…

Como vimos, por culpa dEle é que não é. Não há qualquer falha nem no perdão e muito menos no coração de Deus. Este é o “x” da questão, sob o qual tudo o mais se sustenta. Portanto e assim sendo, se a misericórdia é perfeita e o coração é infalível, onde estaria a insuficiência do perdão divino? (O leitor verá ao final que há um erro em colocar a palavra “perdão” aqui). Vejamos o que tem a oferecer tão aparente loucura…

Jesus chama PedroTodo perdão é uma via de duas mãos. Todos sabem disso, e nem é preciso ser cristão ou ler a Bíblia para sabê-lo. Se você ofendeu e pediu perdão, o ofendido precisa aceitar seu perdão, senão sua boa ação ficará inválida. Se você foi ofendido e perdoou, seu agressor só terá benefícios de seu perdão se o tiver aceito, e a partir dele olhá-lo com outros olhos. Isto também é uma síntese, e microscópica, da verdade, já que se refere apenas a ofensas relativas a seres humanos. Todavia, se quisermos utilizar o exemplo de modo mais completo, ele certamente fornece um elemento bastante útil para análise do “macroperdão” de Deus. Prossigamos.

Há dois pontos a servir de suporte para esta questão. Um menos e outro mais complicado. Vamos começar com o número 1, o menos complicado.

(1) No centro do Cristianismo, está escrito que “se não perdoarmos os pecados alheios, não seremos perdoados” (Mateus 6,12-15). Aqui está o primeiro nó. Os que defendem a “transuficiência” ou ultrassuficiência da Graça dizem que, após o perdão de Deus, a alma estará salva para sempre, independente de ter ou não perdoado a quem lhe ofendeu no nível pessoal. I.e., que a Graça de Deus dá um perdão tão absoluto que ultrapassa todos os limites e atropelos do Livre-arbítrio, cancelando todas as dívidas do pecador, independente de estar ele em dívida de perdão com o seu próximo ou sob regime de rancor. Ipso facto, a Graça é perfeita e dá o perdão absoluto, mas somente até onde vigora o Livre-arbítrio, que é a Lei Suprema à qual o próprio poder de Deus se submete. Não adianta, pois, o pecador “crer em Jesus”, de todo coração (se é que isto é possível), e não ter saído a perdoar a todos os que ofendeu e também ter aceito o pedido de perdão daqueles que lhe ofenderam. Esta é uma equação “sine qua” e com espírito ordenador, restrita aos rigores de sua existência necessária. Enfim, este primeiro ponto nada antepõe à Graça, e sim interpõe, já que o perdão de Deus e do Homem são ambos faces de uma mesma moeda.

Ave presa em fios(2) No centro da Teologia está escrito que o Homem separou-se de Deus (divorciou-se) por livre e espontânea vontade, agindo deliberadamente na direção oposta à convivência com Deus, e com isso passando a detestar as determinações da vontade do Criador. E pior, a Grande Rebeldia também significou uma queda no sentido ontológico, e todo o ser interior do gênero Humano se desintegrou, ao ponto de nem mesmo o Livre-arbítrio funcionar direito, mal assessorado por uma memória falha e um coração volúvel, sem qualquer firmeza de caráter. E mais, com o passar do tempo, os males assumidos de mansinho e os defeitos parasitários foram se incrustando em vícios cada vez mais entranhados, tal como no conto do passarinho que ao prender seus pés num fiadilho, e ao tentar safar-se dele, cada vez mais enovelava-se, terminando com as asas e todo o corpo aprisionado e paralisado. O leitor é convidado a assistir o vídeo, recentemente publicado no Youtube, chamado: “Erro crasso no entendimento do perdão de Deus”.

E esta barafunda toda tinha e tem a mesma complicação na situação inversa, ou seja, uma vez enovelado nela, o caminho de volta – até ficar totalmente livre – requer todo um “desnovelamento” complexo, o qual necessita não apenas de uma alta força exterior (que Deus oferece, porém espera sem ação se a alma não quiser a ajuda dEle), mas de uma alta força de vontade, vinda de um coração volúvel e já estragado pelo longo tempo do vício e os defeitos da memória! No conto do passarinho, a avezinha só conseguiu sair depois de perder todas as penas e um dos olhos, além de adquirir uma pele dolorida e cheia de lascas sangrentas. Eis aí a descrição daquilo que em teologia é conhecido como “o complicatório da perdição” [No paralelo dos evangelhos, o complicatório que traz as feridas e as dores do resgate pode ser visto na declaração de Jesus: “Quem quiser ser meu discípulo, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16,24)].

promessaIsto posto, e com isto em mente, a história da salvação adquire ares de saga dantesca de heroísmo mitológico, pois termina por contar (ou conta o que jamais termina) a lenda verdadeira de um Deus que morre em dor extrema por aqueles que O detestam, salva uns poucos que quebram sua própria surdez voluntária e vê a maioria morrer a segunda morte (a morte da rebeldia reassumida) sem que nada possa ser feito porque, tendo feito tudo, percebe que tudo foi em vão. Isto explica o mito verdadeiro dos anões que chegaram ao Paraíso e, estando salvos, acabaram desgostosos e detestando tudo aquilo que o Paraíso oferece de melhor para o prazer de qualquer alma sadia. É este o quadro geral que deixa a mensagem final do mestre CS Lewis tão pungente, pois reconstrói a visão perfeita do longo, difícil e tenebroso caminho de volta a Deus, que a maioria esmagadora da Humanidade prefere interromper ou nem entrar (este episódio faz parte do último livro das ‘Crônicas de Nárnia”, chamado de “A Última Batalha”).

Finalmente, a alegação de “transuficiência” ou ultrassuficiência da Graça, pregada pelas igrejas reformadas, provavelmente não passa de um erro de interpretação da mente de Lutero e/ou de uma estratégia de marketing proselitista, visando “facilitar” o caminho de adesão aos seus apriscos, já que é muito mais fácil ajuntar milhões de seguidores – amantes da indolência e do prazer fácil – com um apelo barato (“crê no Senhor Jesus e serás salvo”), do que correr o risco de ver sua instituição naufragar na inanição, com as poucas ovelhas dispostas a pastar no seco e duro terreno da Verdade.

 

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A Dolorosa Tentação de Cristo

Preparado para assumir a mais difícil missão de sua própria vontade, o Filho de Deus passou por uma tentação essencial, que atacava a Sua alma, no mais precioso dos seus sentimentos

Paixão de Cristo_001A Humanidade não sabe o que Jesus sofreu. Teve apenas uma breve noção, dadas as revelações bíblicas contadas nas igrejas ou lidas em casa, sem maiores aprofundamentos. Alguns filmes antigos também mostraram alguma coisa, mas nada mais substancioso neste mister. Só no filme “Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, a Humanidade pôde ver, quase que in loco, o tamanho do sofrimento do Cristo, embora ali aparentemente nada se argua de uma Tentação específica. E pior, a maioria das ideias passadas na mídia querem impor a noção de que Jesus “cedeu” às tentações como qualquer um de nós, como pano de fundo para implantar o edonismo e a libertinagem. Este parágrafo contém, portanto, apenas uma breve introdução ao presente arrazoado.

Dado o tamanho obrigatório de um artigo, nosso argumento enfocará apenas a Tentação de caráter sexual, pegando carona naquilo que a mídia tem colocado de modo mais frequente e mais ao sabor das massas, depravadas por longos anos de atenção dada à Televisão e à imprensa populista. A pergunta, então, que este artigo responde, seria esta, desdobrada em duas: “Qual tentação sexual Jesus sofreu e até que ponto Ele a enfrentou?” (corro para explicar que esta pergunta está no singular porque este autor não tem nenhuma dúvida do caráter santo e heterossexual do Nazareno).

A Tentação dirigida a Cristo foi violenta, em um sentido que quase não cabe em nossa compreensão, e aqui apenas tentaremos iluminar as áreas mais obscuras do fato, sem muita esperança de êxito para leitores pós-modernos, acostumados a ver um só lado do processo da Tentação, ou o lado mais fraco deles mesmos.

Não há saída para o que vou dizer agora: na investigação da Tentação de Cristo, não há outro documento que mereça mais crédito do que a Bíblia, e ela mesma carece de outros dados não abarcados por ela (Jo 21,25 e I Mb 9,22) e também carece de interpretação especializada, que só poderemos colher da fina fonte da Revelação e da Tradição. Destas fontes, extrairemos os registros que podem dar margem a outros ângulos semânticos, lembrando que as Escrituras não foram feitas para expor a vida íntima do Nazareno, e muito menos as coisas relativas à sua sexualidade. Isto, por óbvio, deixa um campo reduzidíssimo para tratarmos, e a imaginação do leitor vai ter que assumir a mesma liberdade que assume quando assiste a um filme de ficção científica, daqueles bem mirabolantes.

apedrejamento

Pelo que diz a Bíblia Sagrada, no Novo Testamento, poucas mulheres tiveram momentos de intimidade com Jesus, e o destaque é para a sua Mãe, Maria Santíssima, e uma outra Maria, aquela que nasceu em Magdala e que foi trazida a Jesus pelos apedrejadores do farisaísmo, que atirando muitas pedras queriam por uma pedra de tropeço para Jesus cair. A mulher ali aviltada foi tratada como prostituta, mas não se pode afirmar com segurança que vendesse ou que teria vendido seu corpo ao homem com quem foi pega em adultério, e esta expressão indica que ela pode ter sido apenas uma mulher livre que provocou uma traição para com a mulher do seu amante.

Após o tão conhecido episódio onde Jesus oferece o seu perdão (veja ESTE vídeo sobre o caso), Madalena passou a acompanhar os discípulos e seu Mestre e acabou se tornando uma das peças-chave nos trabalhos de evangelização planejados por Cristo, ganhando ao final status de santa pela constante proximidade com o Santo dos santos, conforme atesta a Igreja. Isto posto, é a partir da constância desta “invejável” companhia que poderemos extrair sinais (nem sempre muito claros) que possibilitam deduzir o argumento deste texto, sob incômodas e persistentes incertezas.

A Tentação de Cristo é o foco de nossa análise, e também o texto mais claro. Ali a Bíblia expõe 3 tentações endereçadas a Jesus, e elas são as seguintes: (1a) Matar a fome (transformar pedras em pães); (2a) Ganhar riqueza e poder político; e (3a) Desafiar ou blasfemar de Deus.

Não há em toda a Escritura e muito menos na Tradição, nada que nos induza a crer que Jesus tivesse algum tipo de anomalia em seu corpo que o impedisse de sentir o desejo sexual típico do corpo de animal macho humano (que a rigor nada tem de pecaminoso, conquanto feito pelo próprio Deus para a preservação da espécie) e a descrição dEle mesmo acerca de um eunuco é o máximo que podemos ir para termos alguma noção de como era Jesus. O problema é que um eunuco físico (o homem castrado para servir ao seu rei) ainda pode sentir o desejo – que brota confuso entre as sinapses neuronais – e isso explica porque tantos eunucos passaram a ser homossexuais.

Já o eunuco espiritual (caso que se aplica a Jesus) é aquele indivíduo cujo espírito possui poder suficiente para “castrar” o desejo de sua mente, de tal maneira que seu corpo não reagirá como o corpo comum dos animais humanos diante da libido. Eis aí a chave do segredo, sem dúvida. E o caso morreria aqui se não houvesse uma questão teológica superior interferindo no arrazoado, e ninguém pode tapar os ouvidos a ela. É a seguinte.

Maria chora na cruzA Bíblia diz literalmente que “Ele em tudo foi tentado” (Hb 4,15). E diz nas entrelinhas que Ele teria que sofrer de tudo para poder “atender” – no sentido de sanar – a cada sofrimento humano, o que inclui cada uma e todas as tentações. Ele tinha que sofrer toda dor, e toda a Sua dor teria que ser a maior (pois era preciso que Ele experimentasse todo o sofrimento do Inferno para poder pagar a conta de todos os pecados da Humanidade que para lá merecia ir). As duas coisas implicam em que Ele foi experimentado por Deus em todas as coisas que um homem comum experimentaria, menos o pecado (i.e., que Ele passaria por tudo e sofreria tudo, mas sem cair, sem “ceder” ou sem fraquejar). Então, por óbvio, Ele sofreu tentação sexual e, para que a tentação fosse a maior e a mais dolorosa possível à rejeição e à condição divina-humana dEle, Ele precisaria ter a libido viva e superativa, embora sob o rígido controle de sua mente 100% espiritualizada. Isto é ponto pacífico, ou condição sina qua non, sem a qual a Teologia da Expiação Vicária não se sustenta. Porquanto a “expiação vicária” é, a rigor, a substituição do réu no banco do tribunal e a “empatia perfeita” com ele, suportando, no lugar dele, tudo aquilo que lhe caberia como pena. [Claro que mesmo assim, mesmo Deus fazendo todo o esforço do mundo para que seu Filho experimentasse toda dor, não foi possível esgotar o repertório de dores da Terra, já que Jesus morreu aos 33 anos e jamais experimentou os sofrimentos da vida adulta e da velhice, incluindo o desgaste físico e as “vergonhas” dele decorrente, passadas pelos velhos – o que seria Jesus com Alzheimer? O corpo físico de Jesus poderia sofrer Alzheimer?].

Isto significa que duas coisas seriam impossíveis e uma possível: (1a) que se Jesus tivesse apenas a libido e não fosse tentado, não teria experimentado a guerra direta contra satã; (2a) que se Jesus tivesse sido apenas tentado, mas sem libido, também não saberia na prática o que é ser um ser humano; e, finalmente (3a), que somente se Jesus tivesse a libido bem viva e fosse tentado, poderia então conhecer na prática todo o poder de um espírito entregue nas mãos de Deus, única força no universo capaz de resistir ao mais violento dos instintos.

Se pudermos levar o assunto adiante, ainda que por um segundo, e com uma licença especial da misericórdia de Deus (e da extrema compreensão do leitor cristão), poderemos raciocinar com sequencialidade lógica e entender que Jesus pode ter sentido até ereções, já que tinha saúde perfeita, tinha libido viva e foi tentado pelos desejos que militam na carne humana, a qual Ele assumiu integralmente, como nenhum de nós assumiu (lembrar aqui não de ereções lascivas pelo olhar da nudez ou coisa que o valha, mas de ereções espontâneas e provocadas, muitas vezes, pelo sono ou pela necessidade de urinar à noite). Por outro lado, como fazem os bons teólogos em sua liberdade de teologizar a Revelação, teríamos que esticar ainda mais o raciocínio, e jamais encerrar o caso sem considerar que a Tentação a Jesus era obra direta do Inimigo, e por isso tinha que ser a maior de todas para poder “socorrer” às pífias tentações que sentimos. E tinha que ser a maior de todas, tanto porque o corpo do Nazareno era dirigido “por um Deus”, quanto para calar a boca do diabo, que jamais calaria se o Filho de Yaveh sofresse qualquer coisa menor que o inferno. Logo, o corpo do Nazareno teria que ter uma ereção perfeita (100% perfeita pelos padrões da medicina e da sexualidade) e ainda sofrer um desejo louco para que Sua vitória sobre a carne fosse cabal! Qualquer coisa menor que isso é recuar da verdade, por puro medo ou preconceito. E nada do que foi dito aqui conspurca a santidade do Nazareno, por mais que o ineditismo desta ousadia tenha ferido os pudores de crentes sem a devida preparação. Sua santidade se impõe justamente porque Ele sofreu uma tentação que homem algum resistiria, vencendo-a sem possuir mulher alguma (* = Vide nota de rodapé).

jesus e maria madalenaPois bem. É aqui que entra Maria Madalena.

Jesus não poderia ter qualquer desejo sexual por mulher nenhuma. Nem mesmo por uma esposa oficial, já que Ele não veio ao mundo para casar (era um celibatário nato), e sim para cumprir uma casta e trágica Missão. Assim sendo, como Ele poderia vivenciar a experiência da Tentação sem sentir desejo por uma mulher de verdade e sem sentir uma ereção?

Pior. “A mulher da vida dEle” (fora sua Mãe) tinha um passado inconfessável e pode até ter sido uma meretriz, já que esta palavra aparece em boa parte das tradições mais antigas do Novo Testamento. Seja lá como for, prostituta ou mulher livre, ela era uma fêmea atraente e certamente lindíssima (mais uma vez isso era necessário para a Tentação ser o mais irresistível possível ao lado humano de Jesus), extremamente carinhosa, amicíssima de Jesus – certamente O amava em mais de um sentido, inclusive o da gratidão – ao ponto de Lhe fazer todos os favores e, enfim, uma mulher que trazia em seu peito todas as experiências da sensualidade, sabendo cativar pelo sexo a qualquer homem nas condições de Jesus, i.e., de alguém que salvou a vida dela (Lc 8,2).

Agora olhemos o lado de Madalena. Como uma mulher humana, com todo o instrumental divino do prazer (“Deus a fez Mulher”) e da beleza, resistiria a uma forte amizade e a uma “certa intimidade” com um homem que a salvou, e que tivesse todas as qualidades de Jesus, inclusive uma masculinidade e uma virilidade que só eram contidas pela única razão de sua força de vontade? Temos que ver que, se do lado de Jesus essas cogitações ganham certa condescendência lógica, do lado de Madalena a força desta verdade é avassaladora, como caberia às mulheres sentir e expressar.

MagdalaJesusJuntando as duas pontas, uma mulher 100% sensível e um Homem-Deus 100% imbuído de uma missão 100% inserida na realidade humana, ambos sofrendo as desventuras da Tentação que gera solidão e desespero para se fazer valer, tiveram, pelo menos uma vez na vida, a felicidade ou a infelicidade de se encontrar em situação de intimidade (não necessariamente num quarto ou numa cama) e a “excitação” de ambos pôde gerar o maior de todos os desejos, justo por ser o melhor para sentir e o pior para se resistir. No paralelo bíblico do Monte da Tentação, nos dois sentidos, a voz de satã pôde ser ouvida e dizia coisas como: “Ela é linda e está a um passo de ficar nuazinha na sua frente! Ela lhe deseja ardentemente, não apenas como homem e salvador, mas como macho e marido! Você também a deseja, tanto é que já sente até ‘estrelinhas’ no pênis! Então, se tu és o filho de Deus, o mundo inteiro te darei, se com ela te deitares!”. Foi mais ou menos assim que aconteceu, com base em Mt 4 e Lc 4. Neste caso, então, da mesma forma que Jesus morrendo de fome resistiu a transformar pedras em pães, aquela maldita ocasião equivaleu tão somente a um sofrimento indizível, e o Filho de Deus pôde assim experimentar uma das piores dores do seu coração, talvez a maior, embora num nível diferente da dor do Calvário. E foi por resistir – mais uma vez – à aproximação do diabo que Ele venceu a batalha, garantindo-nos mais que vitória em sua inabalável santidade. É isso. (Apresso-me a dizer que, embora a Bíblia tenha omitido estes detalhes, fazendo-o em razão de os tais serem desnecessários à nossa salvação, a lógica irretorquível da utilidade daquela Tentação torna o fato plausível, obrigando todos ao silêncio óbvio da ignorância, uma vez que ninguém pode negar aquilo que não foi revelado, sobretudo quando há lógica envolvida).

Graças a Deus o Nazareno suportou TUDO por nós. Como disse CS Lewis, Ele foi O único Perfeito Penitente, porque só o perfeito poderia pagar o preço da Queda de Adão. Só o perfeito poderia viver toda a Tentação e se manter firme, apesar de uma dor que só um Deus suportaria. Nem podemos imaginar o que vislumbramos de longe neste artigo, pois a própria noção da Tentação foge às dimensões da mente humana, e homem algum jamais vai saber o que Deus suportou. Ao final, importa para nós apenas saber que foi justamente a dor que Ele sentiu, se é que se pode falar dela no singular, que nos possibilitou abrir a porta do Céu, com as chaves que Ele nos deu. E lá, lá longe, lá onde a dor já foi extinta e toda lágrima foi enxugada, é que talvez venhamos a sentir todo o prazer que Ele “perdeu”, então com a alegria de saber que se trata de mais uma dádiva doada pelo Seu amor infinito, no qual Ele mesmo a estará sentindo.

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(*) = NOTA DE RODAPÉ: Creio que este era o destino do raciocínio ao qual CS Lewis chegaria depois do que disse em alguns trechos de seus livros; ou, pelo menos, que o argumento aqui exposto só me ocorreu, com duro esforço lógico e emocional (vencendo a tentação de julgar tudo uma pesada ingratidão), após deixar-me levar pela mente solta ou tão somente dando continuidade àquilo que alguns raciocínios de Lewis ensejavam inferir.
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Os três modos do ser humano vir a ser

A consolidação da memória, a identificação do eu-pessoal até o limite do sonhar e o uso da liberdade na escolha do Bem formam a única pedra fundamental em que um primata superior pode vir a tornar-se um Homem, na exata expressão da vontade de Deus.

Corpo energéticoNo livro “De pai para filho: Elogio da Tradição”, Miguel de Unamuno, escritor e educador espanhol (1864 a 1936), certa vez escreveu algo aparentemente simples, mas que encerrava uma verdade que, contra todos os pseudo-otimismos da Psicologia moderna, vem apresentar indícios de uma fragilidade tal naquilo que chegou a ser o ser humano, que mente alguma de homem algum poderia resistir. Ele disse, sem qualquer medo de resumos populistas, que “a memória está na base da personalidade individual, assim como a tradição está na base da personalidade coletiva”. Aqui está sua exatidão conclusiva: a memória é tudo, e está na base da própria condição de SER, de um ser capaz de identificar-se a si mesmo como um “eu” pessoal e distinto de qualquer outro, e sem a qual o próprio Deus perderia o sentido (pelo menos perderia a possibilidade de ser reconhecido e assim, desaparecer perante suas criaturas).

Chesterton em coresUm outro escritor genial, o católico G.K. Chesterton, também deu a sua grande contribuição ao nosso tema, quando um dia fez uma pergunta contundente: “Quem não considera os sonhos misteriosos e não sente que eles se situam no limite do ser?” (“O Homem Eterno”, página 49, 1º parágrafo, cap. 2, ‘Catedráticos e homens pré-históricos’). Suas palavras foram tão profundas e inquietantes que a Fundação Americana da Sociedade Chesterton, sem medo de errar, chegou a apontar essa frase como O Limite do próprio Chesterton, um escritor virtualmente ilimitado. Sem rodeios e elogios à parte, a experiência de sentir, ver ou chegar aos limites de seu próprio SER perfaz, inexoravelmente, a parte mais divina da equação da criação humana, e talvez só Deus nos fará conhecer até onde ela chegou na intuição/inspiração de Chesterton, muito além do que propuseram inúmeros outros gênios estudiosos da psique e dos sonhos.

CS Lewis, nosso mestre maior e paraninfo desta Escola, jamais deixou de situar o Livre-arbítrio no próprio cerne da existência da alma, apresentando uma teologia cuja coerência dependia exclusivamente de se encontrar, no planeta Terra, criaturas completamente livres, tanto para agir bem quanto para agir mal. Jamais admitindo dar razão a quem quer que pensasse que Deus nos criou com liberdade espiritual limitada (Dr. Waldo Vieira que o diga!), Lewis mostrou que toda a teologia cairia por terra com a teoria de que na Terra só há liberdade para agir bem, e que o que chamamos de mal não é mal pela ótica divina. Caem por terra pobres buscadores da verdade como Calvino e seus seguidores, os quais nem sequer admitiam o Livre-arbítrio simples (aquele em que só se pode praticar o bem) de seres autômatos, ensinando uma Criação divina completamente sem graça e sem a Graça!

Eis aí resumidos os três modos do ser humano vir a ser, objeto do título deste artigo, e eles ainda serão objeto de outras considerações. Assim sendo, vejamos alguns dados paralelos em adição aos três parágrafos anteriores, ajudando o leitor a identificar outras vertentes do argumento. O que será dito agora não segue necessariamente a ordem dos três primeiros parágrafos.

Imagem ilustrativa dos sinais elétricos no cérebroPor exemplo: Existem diversos tipos de “demência cerebral”, que a Medicina estuda, mas importa muito mais entender aquilo que poderíamos chamar de “limitações mentais naturais” (ou “fendas” microscópicas na fisiologia do cérebro, que o impedem de ter domínio pleno da atividade que está a executar), as quais terminam por introduzir um elemento decisivo na operação das falhas de comportamento mais comuns no dia-a-dia de muita gente. Refiro-me a outras provas de limitação mental promovidas por determinados esquecimentos, leves ou desastrosos, que provam que o cérebro NÃO VÊ uma parte da tarefa (geralmente a parte final) e dá o comando de encerramento equivocadamente, como se a tarefa já tivesse se encerrado naquele ponto onde ainda faltam complementos ao seu perfeito funcionamento. Ilustram este caso pessoas que fazem todas as tarefas de culinária (por exemplo, fazendo uma feijoada), mas ao final esquecem de lavar as panelas, os pratos, ou pior, esquecem o fogo aceso ou coisa que o valha. Porém este exemplo é tão drástico que não funcionará bem. Pensemos então naquele tipo de pessoa que faz as coisas a tempo, mas sempre esquece de fechar alguma coisa (por exemplo: se entra numa sala, esquece de apagar as luzes ao sair; se abre um móvel, esquece de fechar sua portinhola; se abre uma lata de leite ninho, se esquece de fechar bem a tampa; se toma banho, esquece de dependurar a toalha bem aberta para secar, etc.). Ora, o que quero dizer é que isto não é um mero “esquecimento”: é uma “limitação” do cérebro que dá um comando errado, dizendo que a tarefa já terminou, quando ainda lhe faltam partes fundamentais, ou lhe falta o seu final, igualmente necessário (muitas vezes prejudicando as pessoas que irão estar na cena momentos depois). Isto que chamo de prejuízo também foi identificado como INIMIZADE INTERIOR, e o leitor pode confirmar isto NESTE link. O drama das falhas ou fendas na memória é tão sério que foi preciso o próprio Deus intervir com uma missão extra para o seu próprio Espírito, a qual sabemos existir pela palavra de Jesus: “Ele vos enviará o Consolador, e este vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14,26). É isso. Ficou claro? Vamos em frente.

Quando GK Chesterton faz a inquietante pergunta “quem não considera os sonhos misteriosos e não sente que eles se situam no limite do ser?”, o mestre e filósofo cristão está colocando cada um de nós diante de um grande universo, no qual a única possibilidade de visualização é um sentido da visão límpido sobre si mesmo, sendo capaz de identificar, no dia-a-dia, tudo aquilo que é coisa externa, a alteridade distinta do outro, coisa só possível com a mente funcionando a contento (sem demências). No estado normal, o indivíduo então faz uma viagem consciencial em torno de si mesmo, sendo capaz de vislumbrar onde se situa ou que partes do visível faz parte do visualizado. A finalidade dos sonhos se mostra inteira aqui, muito além do que intuíram todos os estudiosos da psique, e assim as extremidades ontológicas de cada alma se circunscrevem desde o interior do “eu” mais estrito (o aglomerado de átomos do qual Deus formou um corpo humano particular), até o “eu-periférico”, ou até onde chega aquilo que ainda é parte de si, e ainda indefinido para nossa consciência incipiente. Lembro agora que CS Lewis um dia escreveu que o ser humano, conquanto sinta intimamente ir além de meros “carne e ossos”, ultrapassa em muito o misterioso “saber-sentir-pensar” de Ernesto Bono, apresentando-se como figuras enormes e translúcidas à beira da existência, como gigantescos bonecos transparentes a olhar as cenas deste mundo, como a esperar o desencarne e a “re-junção” da verdadeira alma com a mente criada e amoldada ao sentir físico da História terrestre. É tão complexa aquela sua descrição que ninguém sabe como encontrar palavras, na linguagem humana, para que nossa mente possa ter, ainda em vida, a mais diminuta consciência do que Lewis explicou. Lewis é gênio.

Eis que estou à portaQuando a Bíblia fala em “negligenciarmos tão grande salvação”, vai muito mais além do que a mera perda da crença num determinado conjunto de afirmações, e até muito além da perda de uma situação de amizade com Deus; porquanto ‘a perda’ é algo muito mais decisivo e definitivo para a alma humana, constituindo na verdade a condição de existência do ser, ou a condição do ser chegar a ser um ser consciente de existir perante outras coisas existentes. Isto explica porque Jesus chamou a conversão de “Novo Nascimento”, e Paulo falou de ser uma nova criatura; porque na verdade, quando Deus nos salva, está na realidade ‘re-criando’ nosso ser, ou nos fazendo voltar a existir após o drama da Queda, que foi também o drama do voltar a não-ser, ou do ser que extingue a própria existência, como num “suicídio da alma”! Eis porque o que mais encontramos neste mundo são criaturas mal-formadas, por assim dizer (não no sentido físico), ou criaturas que ainda nem chegaram a constituir seu próprio ser, estando assim ora à espera do não-mais-ser ou de conseguir finalmente SER de verdade, naquilo que o livro de Hebreus chamou de “tão grande salvação” (i.e., já que além de salvar, Jesus também RECRIA nossa pessoa e nos dá nova autoconsciência de nós mesmos, chamando-nos à sua própria vida, a vida ZOE, única que restaura e reintegra a alma que foi perdida no Paraíso adâmico).

Finalmente, “os três modos do ser humano vir a ser” podem ser uma equação perfeita de entendimento do mistério da criação, mas também podem ser apenas a ponta do iceberg do grande quebra-cabeças do universo, estando ainda longe de perfazer aquilo que neste mundo apenas visualizamos com dificuldade, a saber, nós mesmos. O mistério do ser é tão grandioso que simplesmente nos permite até deixar de fora tudo o mais que chega ao nosso conhecimento, mesmo das coisas que Deus comunicou e encaminhou para nossa salvação. Porquanto ser salvo por Deus é antes de tudo SER, porque Deus antes de ser Deus, é “apenas” SER. Só que Ele é tudo, e isto significa que sua vastidão abarca tudo o que um ser completo precisa para existir, e nós apenas tateamos inseguros no escuro do que ainda não somos, na esperança de um dia virmos a claridade de Deus, e com ela virmos a nós mesmos, i.e., virmos a ser.

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