Somente em Lewis o perigo do pensar em círculos fica aterrorizante

Depois de muito estudar Filosofia e ver até onde uma mente pensante chegou no vício de pensar em círculos, Lewis escancarou o perigo real daquilo que se poderia chamar de “loucura branca”.

Water Toroidal VorticesNão é de hoje que a Ciência diz, em linguagem popular, que “de médico e de louco, todo mundo tem um pouco”. Da mesma forma, já é oficial a noção de que, no que diz respeito a problemas mentais, existem os chamados “loucos violentos” e os “loucos mansos”. Ou loucos perigosos e loucos “bons”, que muitas vezes nem precisam de internamento. Pois bem. O grande CS Lewis, patrono emérito desta Escola, mesmo neste assunto, foi mais longe do que todo mundo, e fez uma coisa que ninguém fez, pelo menos com a clareza e exatidão científica tão presentes nele.

Imagine o leitor que Lewis, na altura em que oferecia ao mundo a versão ficcional de uma ocorrência que ele próprio chegou a duvidar que fosse real, apresentou uma prova contundente de algo que o mundo cristão já desconfiava há séculos, a saber: que qualquer alma que mergulhe fundo no jogo satânico do pensar em círculos, está sofrendo duas desgraças: (1a) é afastada da realidade e passa e viver num mundo inútil para si mesmo e para o próximo; e (2a) pode estar dando adeus à sua própria personalidade, dando ao diabo o lugar de comando geral de sua mente, perdendo para sempre sua capacidade de pensar por si mesmo. Estas duas resultantes seriam o destino frequente ou mais comum de quem não usa o pensamento para a práxis de serviço ao próximo, seja em sua profissão, esporte, arte, ciência ou religião.

Pois bem. Agora entenda o leitor que a Humanidade já obteve provas suficientes (e esta Escola já as colheu às pencas) de em que profissão, esporte, arte, ciência ou religião tem-se verificado com mais frequência o trágico destino. Não admira o leitor que onde mais se colheu exemplo de mergulho fundo no vazio do raciocínio cíclico foi justamente entre aqueles profissionais ou indivíduos em que a profissão ou paixão mais lhes pedia o chafurdar-se no prazer de seu próprio pensamento, e isto é o fenômeno mundial mais diretamente ligado aos filósofos. São eles os indivíduos e profissionais que mais se dão ao pensar pelo pensar, independente de quanto tempo, dinheiro e vidas eles percam nesta ladainha, como a História tanto expõe a qualquer um que se dê ao trabalho de investigar as coisas por este prisma.

Pensar em círculos-2Pior; não estamos falando de filosofozinhos de meia tigela, nem de “gênios” como Bill Gates e outros que quase ficaram “loucos” com suas invenções, ou de professores universitários de cursos inexpressivos de filosofia de países como o Brasil e o Paraguai. Estamos falando de gente “graúda”, filósofos de fato geniais, cérebros nascidos no Berço da Civilização, homens aclamados pelo mundo todo, dentro e fora de suas áreas de interesse. E para não corrermos o risco de citar nomes de grandes filósofos sem uma leitura mais profunda de todos eles, iremos nos ater tão somente aquele que mais conhecemos, o “gênio” da Teologia cristã, o grande Tomás de Aquino, que a Igreja tem como santo, e com razão.

Com efeito, conquanto São Tomás tenha dado à Igreja e à própria fé cristã uma obra-prima irrepreensível como a Suma Teológica, é preciso voltar os olhos para alguns de seus livros ditos filosóficos, e aqui nos ateremos, por razões de espaço, ao opúsculo “O Ente e a Essência”, escrito por ele entre os anos de 1252 e 1256. É assim pois, de um livro como este, que o presente argumento pode ser verificado, e o mesmo, efetivamente, pode ser analisado sem qualquer “desabonação” a todas as indispensáveis contribuições dele à História, à Teologia e até à Ciência.

Isto posto, para o leitor se situar melhor, vamos ver um trecho do opúsculo citado, e o leitor deve se sentir à vontade para analisar e opinar acerca do que tentamos explicitar aqui.

No capítulo IV do livro, impresso pela “Vozes de Bolso”, na página 36, no parág. 4 (47), São Tomás declara o seguinte: “Nem pode alguém dizer que não é qualquer matéria que impede a inteligibilidade, mas apenas a matéria corporal. De fato, se isto se desse apenas em razão da matéria corporal, como a matéria não é denominada corporal senão na medida em que está sob a forma corporal, então seria preciso que a matéria obtivesse isto, quer dizer, impedir a inteligibilidade da forma corporal. E isto não pode ser, pois também a própria forma corporal é inteligível em ato como as outras formas, na medida em que é abstraída da matéria. Donde não haver de modo nenhum composição de matéria e forma na alma ou na inteligência, caso se tome nelas a essência do modo como nas substâncias corporais. Mas, há aí composição de forma e ser. Daí, no comentário da nona proposição do Livro das causas, dizer-se que a inteligência é o que tem forma e ser; e toma-se aí forma pela própria quididade ou natureza simples”.

Madness spiral-1Pior, isto que agora explicitamos está presente no livro todo, e a mente do leitor é obrigada a fazer manobras e piruetas até certo ponto inúteis, pois ao final das reviravoltas chegará apenas àquela ponte que liga o nada a lugar nenhum, e assim frustrando-se como ser pensante e útil, que pretende dar à sua vida um mínimo de coerência prática, absolutamente salutar, aquela que liga o pensar ao agir, melhor dizendo, ao fazer.

E CS Lewis foi pródigo e genial neste mister. Porquanto ele era um labutador de primeira grandeza, dedidando-se a trabalhos braçais enormes (ele redigiu 40 livros numa época em que não existia computador, e muitas vezes nem usava máquina de datilografia, escrevendo horas e horas a mão, dias e dias, anos e anos). Além disso, nas demais horas de seu dia e nos demais dias de sua semana, dedicava-se à caridade presente, visitando comunidades carentes e instituições de caridade. Sem falar nas boas ações referentes à sua juventude e maturidade jovem, quando foi infante na 1a Guerra Mundial, auxiliar de enfermaria de guerra, visitador de doentes em hospitais, doador de somas financeiras a amigos distantes, etc. Enfim, mesmo com a prodigiosa mente que Deus lhe deu para fazer abstrações e pensar elevado, jamais descurou de ser útil no uso de sua energia corporal, enquanto lhe durou a saúde e a jovialidade. Com efeito, Lewis foi sempre a melhor prova de que alguém pode ser operativo com mente genial, e pode ser gênio com dedicação ao trabalho físico.

Eis o choque do mergulho nas pesquisas sobre a vida e a obra dos filósofos! É claro que encontramos muitos deles como verdadeiros homens-de-labuta! Vimos obras de caridade excepcionais em muitos deles, bem como o substrato legítimo dos melhores profissionais das casas onde trabalharam, por anos a fio. Todavia, o que não podemos negar é a lamentável esquizofrenia sutil das noites em claro, perpassadas doentiamente ao sabor de elucubrar contendas de palavras e enigmas da mente, viciando todos os neurônios úteis a exercícios inócuos para o resgate de suas próprias almas, e ao final caindo no engodo do abandono de sua lucidez à sedução de inteligência do inimigo invisível.

Neste ponto, qualquer leitor de Lewis se lembrará que Jack mostrou, numa aventura vivida por um grande amigo-gênio da qual foi o exímio narrador, o destino final e triste de uma mente “filosofal” (embora dita “científica”) tida como “superior a um Schrödinger” e capaz de botar Einstein no bolso, até ao ponto de cair profundamente no abismo de sua própria genialidade, perdendo de vez todo o autocontrole e cedendo sua vontade àquele que chamou de “Um-torto”. Foi no livro “Perelandra”, e o filósofo ali era “Weston”, e sua voz acabou dominada pela voz alheia, vinda do inferno, e ficando exclusivamente a serviço da maldade suprema e ao mesmo tempo infantil, operando obras que iam desde a morte de milhares de rãs silvestres, até o assassinato de um colega de universidade, que só Deus pôde salvar. Pior, premeditou o genocídio frio de toda uma civilização, tentando conduzi-la ao pior destino post mortem, a saber, o engolfamento da individualidade na vontade diabólica.

Pensar em círculos-1O exemplo estava posto. A lógica era a seguinte: Deus deu ao homem a inteligência para o pensar, mas este pensar só seria útil (escatologicamente útil) se o pensamento se voltasse para o amor ao próximo e a descoberta racional da condução da alma ao Céu, sem a qual tudo o mais perderia o sentido. Isto é, que se a inteligência fosse usada para outros fins, passaria a ser não uma bênção, mas uma maldição. Este fato parece ser exemplificado em toda parte na vida: se as facas não forem bem usadas, melhor que no mundo não houvesse facas! Se os aviões não forem usados apenas como meios de transporte, não deveriam haver aviões no mundo! Se a energia nuclear não for usada pelo bem, melhor seria não haver energia nuclear no mundo! Se a racionalidade dada ao animal Homem não for usada somente para se reconquistar a amizade com Deus, melhor seria que fôssemos todos animais irracionais, pois nosso destino seria salvo por sua obediência instintiva.

Finalmente, a Filosofia, enquanto tarefa para o pensar em círculos, é uma baita decepção. É uma faca de dois gumes (ou mil gumes, como um filósofo diria), um beco sem saída e um poço sem fundo. Ela tem a mesma inexorabilidade maligna das taras sexuais, que iniciam por um simples desejo voyeurista e terminam nas trevas da pedofilia, se é que terminam ali, já que é poço sem fundo. Visitas aos hospícios comprovam tudo isso, pois jamais um louco recuperou-se sem uma guinada divina em sua mente (muitas vezes com o auxílio de uma boa pregação religiosa ou de uma pastoral “carcerária”) e jamais um homem mentalmente sadio caiu num hospício sem ter enveredado pela espiral medonha do raciocínio cíclico. Eis a questão: ser ou não ser inteligente é a chave-mestra do grande labirinto da vida, pois só devemos usar esta chave quando ela de fato servir à única porta que lhe cabe abrir.

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O único homem que poderia salvar os chefões da Conspiração

Com profundo conhecimento das teologias católica e protestante, os gênios da Grande Conspiração não conseguem extrair delas a veracidade da Revelação, o que aponta diretamente para CS Lewis

Tudo o que pregam as igrejas católica e protestante é do conhecimento deles. Conhecem tudo o que elas ensinam acerca do Plano de Salvação, seja pela ótica católica ou protestante, desde que ambas nasceram. Além do mais, e muito mais importante (para eles), têm nas mãos toda a casuística ufológica, incluindo as mensagens de ETs conhecidas dos ufólogos. Pior, têm até mesmo agentes alienígenas a serviço deles, contando verdades espantosas sobre a terra e o cosmos, coisas que os religiosos duvidam e às quais os ufólogos jamais sonharam em ter acesso. Enfim, são a nata das ciências públicas e ocultas, não restando para eles “nada de novo”, a não ser o terrível destino terrestre, sob o poder invencível das hierarquias que há milênios invadiram e dominaram a Terra! É neste espírito que os olhos se voltam para CS Lewis. Eis a nossa matéria.

O Conluio para GIFA grosso modo, a Teologia Protestante prega que depois da Queda do Homem, Deus mandou seu Filho unigênito como salvador da Humanidade, e cada alma terrestre tem que acreditar em Jesus Cristo como seu único e suficiente salvador, e exclusivamente na Bíblia como única regra de vida e de fé. Sem isso, as almas estão condenadas a um lugar de sofrimento eterno, chamado inferno, sem nenhuma chance de sair de lá ou de sofrer menos. A Teologia Católica prega que depois da Queda do Homem, Deus mandou seu Filho unigênito como salvador da Humanidade, e cada alma terrestre tem que não apenas acreditar em Jesus Cristo, mas também praticar obras de caridade moldadoras do caráter, dentre as quais estão o arrependimento, o amor ao próximo, a recepção dos sacramentos (incluindo a ingestão do corpo e sangue reais de Jesus na Eucaristia), etc. Sem isso, as almas cairão sozinhas num lugar de sofrimento interior, chamado Purgatório, só podendo sair de lá após a regeneração completa, já que ninguém entra no Céu sem ser santo e perfeito.

Com efeito, estes dois discursos são tudo o que católicos e protestantes têm para ensinar – por assim dizer –, e por isso as suas alegações nada dizem, ou têm peso insignificante para os tais “gênios do Governo Oculto”, exceto quando endereçadas a gente comum ou aos pouco instruídos (servindo como freio emergencial para “acalmar alguns corações” ante as angústias da explosão demográfica). E foi para se contrapor a esta pouca instrução que esta Escola foi fundada (vide Hebreus 5,11-14), diga-se de passagem.

Como vínhamos dizendo, tudo isso os líderes da Conspiração – também chamada “Grande Orquestração do Mal” – conhecem, mas veem todas essas teologias como meras interpretações proselitistas de cada igreja, as quais não correspondem à verdade factual sob a realidade concreta (no que, a rigor, nem estariam tão equivocados assim, restando descobrir quais pontos das interpretações particulares coincidem com a “Revelação Verdadeira”, da qual eles sem dúvida “conheceram” apenas o mínimo e desprezaram todo o dado moral contido naquele mínimo, cuja adoção os obrigaria a renunciar e assim serem perseguidos pelo Líder-mor da Conspiração como verdadeiros mártires!). A realidade concreta, porém, de cujas coordenadas eles tomaram algum conhecimento a partir das investigações ocultas que fizeram de toda a fenomenologia ufológica e angelológica mundial, é aquilo que poderiam obter de Lewis, único a entregá-la ao mundo de modo mais completo(NR1), e sem a estupidez do proselitismo.

CS Lewis serious 2 (400 x 466)Então, uma pergunta acorre instantaneamente aqui: “qual é a realidade concreta a que Lewis teve acesso e da qual os agentes da Conspiração não tiveram conhecimento nem mesmo quando ouviram toda a história contada pelos próprios alienígenas?” – Eis a pergunta-bomba! E ela é tão crucial que deve ser refeita assim: “o que Deus teria contado a Lewis que nem os ETs malignos contaram aos seus Manipuladores da Falsa Fatalidade no comando do mundo?”…

Esta pergunta é o centro de tudo, o divisor de águas da questão, pois dela depende toda a possibilidade de salvar as almas – os corações – dos tais agentes (que Deus também se interessa em salvar), ou a única esperança para quem conheceu tudo o que ninguém conheceu, menos Lewis(NR2). Porquanto por trás dos gênios do mal que engendram todo o inferno na Terra estão as almas de homens pelas quais Jesus morreu, muitas delas no início “obrigadas” a entrar e depois a ficar como que “nulas” na escravidão do medo e sob ordens ameaçadoras do Comando Negro da Hierarquia Satânica. Mesmo o número Um do mundo (refiro-me ao ser HUMANO oculto mais poderoso da Terra, um homem de carne e osso que estaria possuído sob as garras do antiCristo) poderia, sub-repticiamente, voltar-se para suas estranhas saudades do paraíso e um dia rebelar-se contra satã, tal como pode ocorrer até com os demônios – há quem diga que o próprio Satanás um dia poderia voltar a ser Lúcifer.

A História tem um exemplo luminoso desta verdade: Enoque teria sido um intermediário entre Deus e os demônios, sendo lógico supor que ele tomou conhecimento de realidades além dos limites impostos por satanás aos seus anjos-seguidores, e foi este conhecimento que levou muitos angelitos a abandonarem “a nau do inferno!”. Com efeito, Lewis teria hoje em dia o papel de Enoque para os homens líderes da Conspiração, e a única coisa que resta é encaminhar para eles as peças faltantes do grande quebra-cabeças da História Cósmica, com as quais eles teriam não apenas a prova concreta da existência de Deus e de seu Reino, mas também a chave para saírem do labirinto de ódio e caos onde caíram, quando “levianamente” seguiram o rastro do Inimigo – “o canto da sereia” ou da serpente sedutora do paraíso e da riqueza material.

Chegamos ao ponto onde a verdade completa revelada a Lewis precisa ser exposta. Ao ponto do parágrafo que perguntava: “qual é a realidade a que Lewis teve acesso e da qual os agentes da Conspiração não tiveram conhecimento nem mesmo quando ouviram toda a história contada pelos alienígenas? Ou o que Deus contou a Lewis que nem os ETs contaram aos seus agentes na Terra?”…

Seremos obrigados a iniciar a resposta no condicional: se e somente SE satanás não tiver ainda contado os segredos da Magia (é 99,99% certo que ele ainda não contou, pois sabe que quando o fizer, precipitará a Parusia imediata de Jesus e sua subsequente prisão eterna), os quais possibilitariam ao Governo Oculto fazer uma viagem aos confins da Terceira Dimensão – o que significaria conhecer Sepul, Alambil, Tarva e outros planetas tridimensionais das várias dimensões paralelas ao nosso mundo. Ipso facto, o que a Teologia de Lewis os informará é que na Terra e em todos os planetas existe um governo monocrático angelical, sendo que o anjo-governador da Terra é maligno porque rebelou-se contra o seu próprio Criador, numa batalha travada há bilhões de anos. A grosso modo, isto seria o resumo minúsculo da Revelação íntima que Deus fez a Lewis.

Audição-1Após tomarem conhecimento deste fato, comprovado por uma “viagem intersidérica” então permitida por Deus, qualquer mínimo pedido de ajuda a Cristo provocaria uma reviravolta colossal no planeta inteiro, precipitando o aparecimento público do antiCristo e o início da chamada Grande Tribulação. O estrondo de tal mudança traria todas as provas que os líderes da Conspiração queriam encontrar para mudarem de lado, e logo logo a Teologia Lewisiana ganharia o status típico de um “cânon”, por assim dizer, independente da vontade e das burocracias do Vaticano.

A Última Batalha teria lugar e Jesus reapareceria na Terra (para derrotar “o Número 1”, o Governador Oculto), descendo das nuvens com fulgor e glória, fechando todo o grande teatro de batalha com o triunfo de seu poder.

O que constituiriam os postulados de ciência que Lewis trouxe para fazer os líderes da Conspiração mudarem de lado? Seriam os seguintes:

(1o) Eis aqui a chave da Magia de Deus, e é assim que vocês poderiam fazer uma nave voar de Tellus até Tarva ou Síguimos, e ali conversarem com um anjo de Deus mestre do Multiverso. Esta chave-mágica faria voar até um certo disco voador que vocês guardam intacto, desde que o recolheram em uma certa “queda” de UFO.

(2o) Após tal viagem e sua “conversão” a Jesus, vocês voltariam a Tellus escoltados por inúmeras naves de anjos para se prepararem para a batalha contra o antiCristo, derrubando logo de saída as estruturas satânicas da Terra, como as novelas televisivas, o materialismo da Ciência e a corrupção da política.

(3o) Depois de “limparem” o terreno mais elevado, iriam às igrejas tentar o trabalho mais difícil, a saber, convencer fariseus de que não interpretaram a Bíblia direito, e que o sinal da Besta será afixado nas mãos e testas de todos aqueles que mantiverem as velhas estruturas do mundo, tais como o livre comércio corrupto, a teologia da prosperidade e a promiscuidade com ninfetas.

(4o) Enfim, somente após esta limpeza geral, os dois exércitos em conflito ficariam visíveis e os povos confessos a eles afiliados, com uma balbúrdia santa a pipocar no mundo, entre explosões e implosões supradimensionais, até o soar da última trombeta, a qual anunciará a instauração do Juízo Final com as Doze Tribos a julgar o mundo.

Após o Juízo, o último hino da Terra a ser cantado será aquele que entronizava a Teologia de Lewis ao Cânon Eterno, e as duas multidões – a de salvos e a de perdidos – se enxergariam às claras pela primeira e última vez, enquanto durasse a cerimônia de abertura de uma nova Eternidade. Após a gloriosa Aurora de George MacDonald, os Ressurretos de Jesus é que irão descer aos infernos e bater à porta dos corações possivelmente arrependidos e talvez conquistar alguns, salvando-os do fogo interior que não se apaga, dando exemplo aos anões que ainda estão sentados na grama do Paraíso, sem enxergar que já estão livres do Estábulo de Nárnia. Eita Dia Glorioso!

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(NR) Notas de rodapé:

NR1 – Da mesma forma, se o único homem que poderia salvar os gênios é Lewis, ele é também o único que poderia salvar a Bíblia do desdém dos “cientistas” para com as suas alegadas afirmações de milagres, tais como a ressurreição de mortos e abertura de portais dimensionais entre o céu e a Terra (Jack é o único a dar provas comprováveis da veracidade dos relatos bíblicos de milagres). Então, no mesmo sentido, à pergunta de porque não haveria nenhum outro apologeta cristão que merecesse essa distinção dada a Lewis, responde-se que ele esteve pessoalmente com anjos, e deles recebeu as provas que o tornam canônico como Pedro ou João. Talvez seja por isso que se diz que não foi à toa que afixaram o nome dele na entrada de um certo “centro de estudos aeroespaciais” da NASA, como uma homenagem camuflada entre inúmeros outros Lewis nos EUA e RU.
 
NR2 – Aqui escapam dois sentidos. Primeiro, que Lewis é a exceção, i.e, Lewis conheceu tudo o que eles conheceram secretamente, assessorado pelas instruções angelicais autorizadas de sua vida secreta. Segundo, que eles também conheceram Lewis, mas provavelmente também erraram na interpretação de alguns pontos cruciais do lewisianismo, ou foram finalmente corroídos em sua fé de que Jack merecia toda a sua confiança.
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Enorme UFO suga energia do sol

Uma filmagem impressionante da NASA mostra uma realidade atordoante: se há alguma inteligência vivendo no espaço sideral além da Terra, seu poder é absolutamente colossal, sob todos os pontos de vista. Enorme objeto sugando o sol-2

Um telescópio altamente avançado da NASA capturou imagens atordoantes. Trata-se de um daqueles equipamentos especialmente projetados para investigar o nosso sol, com todas as minúcias que ele merece, por ser o astro que mais diretamente influencia a vida na terra, e de cuja “paz” depende a sobrevida de toda a Humanidade. Chamam-se SOHO e SDO (siglas em inglês para “Solar and Heliospheric Observatory” e “Solar Dynamics Observatory”) e sua capacidade de foco e visualização são literalmente o top de linha da tecnologia ótica, e por isso mesmo não poderiam ser deixados em segredo absoluto, dados os riscos de captarem alguma coisa que os governos não poderiam explicar à sociedade.

E foi justamente isso o que aconteceu. Não se admire o leitor que entre os dias 8 e 11 de março de 2012 um desses telescópios (o Hirise) captou uma enorme esfera (do tamanho ou até maior que a Terra) estacionada ao lado do sol e a sugar-lhe energia, como se uma tarefa dessas fosse uma coisa muito fácil de fazer, ou como se não envolvesse riscos inimagináveis, inclusive o do abalo na própria estabilidade do sol, que todos sabemos ser uma bomba atômica de efeito retardado. CS Lewis um dia mencionou que nós poderíamos estar correndo riscos que ele chamou de “cósmicos”, e ESTE vídeo parece contar a mesma história.

Depois de ver o vídeo citado, esta Escola julgou por bem analisar as coisas a partir da real possibilidade de se tratar de fato de um objeto gigantesco ao redor do sol, i.e., descartando a incongruente idéia de que poderia ser alguma distorção nas imagens ou defeito da filmagem, hipóteses prontamente descartadas pela própria NASA (esta veio a público com uma idéia não tão simplória, mas igualmente falsa). Isto posto, as conclusões do estudo desta Escola são as seguintes:

1ª) Hipótese da aproximação de um cometa gigantesco – Esta não se sustenta, pois qualquer corpo celeste não chegaria tão perto do sol sem colidir com ele, dada a força irresistível da gravidade estelar, esmagadora de todos os cometas/asteróides que dele se aproximam. Sem nenhum freio e com uma explosão colossal de esmagamento, todos eles somem no oceano de fogo da superfície solar.

2ª) Hipótese da expulsão solar de um novo planeta – CS Lewis deu toda credibilidade à velha teoria de que todos os planetas nascem a partir de “partos solares”, como se a maioria das estrelas fossem “mulheres grávidas” de futuros planetas e estes fossem sendo paridos ao longo de milhões de anos, dando ocasião para a formação dos chamados “Sistemas Planetários”. Neste caso, o primeiro planeta e mais velho seria – até as descobertas de hoje – Plutão, e o mais novo seria Mercúrio (sem contar as hipóteses de Tyche e Vulcano). Assim, se um novo planeta está nascendo, ele iria ser o caçula e o mais próximo de Mercúrio – em idade e em localidade – e a Ciência teria testemunhado um parto solar nas nossas redondezas, e este seria o acontecimento mais extraordinário de toda a História da Astronomia. Todavia e muito provavelmente, não é o caso aqui, pois o objeto flagrado não foi expulso pelo sol… Pelo contrário, parece ter-se achegado e ele, com o mesmo espírito larápio de uma empresa que, fazendo uma ‘gambiarra’ com os fios elétricos, roubasse a energia da concessionária que a administra desde a sua fonte na usina hidroelétrica.

3ª) Hipótese do sombreamento da estrela binária – Há tempos estamos defendendo a noção de que o nosso sol é uma estrela binária como tantas outras milhões no universo, e este fato também tem apresentado, nestes últimos anos, sobejas provas testemunhais, e nós mesmos podemos ter registrado a “companheira do sol”, como o leitor pode ver NESTE link. Assim sendo, se de fato o nosso astro-rei tiver uma irmã menor, orbitando tão próximo dele ao ponto de não afetar quase nada da órbita de Mercúrio, então o enorme objeto filmado pela NASA pode ter sido um efeito de luz sobre a estrela-dupla solar, que estranhamente apareceu enegrecida na filmagem. Isto também poderá explicar os estranhos filamentos da aproximação maior da estrela-anã, que deve ter uma orbitação irregular ou alongada, ora afastando-se ora aproximando-se de sua estrela-mãe, sem jamais colidir com ela (o não-colidir é também um mistério imenso, pois implicaria em haver no sol uma espécie de freio gravitacional, que se regula e se alterna, permitindo idas e vindas de sua co-irmã estelar). O mistério ainda se agudiza quando tentamos explicar o fósmeo sombreamento da estrela menor, a qual, sob qualquer hipótese, deveria ficar tão iluminada que se assemelharia ao próprio sol, e jamais enegrecida – confira NESTE link –, o que nos leva a supor um arranjo tecnológico digital para permitir a visualização da infernal cena.

Estrela-SIAMESA-PERENE-hr51714ª) Hipótese da aproximação de uma nave gigantesca – Esta é a hipótese que possui o maior encadeamento lógico de todas, e a presente cena parece ter sido “premeditada” para que seus observadores nada mais pudessem fazer a não ser concluir o óbvio: que uma astronave megalômana teria feito uma incursão até às proximidades do sol e dali extraiu energia para seus motores e depois zarpou com rumo ignorado. Isto porque é a única teoria que explica tudo o mais, incluindo o escurecimento do veículo (ele apagou as suas luzes externas ou foi construído em metal negro sem possuir nenhuma luminosidade de superfície para navegar “invisível”); a frenagem poderosa para estacionar tão próximo do sol e não ser chupado pela colossal gravidade – falamos frenagem porque não se observou nenhum sistema de retrofoguetes em ação; a acintosa cena da sucção energética, na qual transpareceram até os filamentos sugadores, o desprendimento deles da crosta solar – tal como um navio sendo desatracado das cordas que lhe prendem ao cais – e a turbulência decorrente da suspensão da fixação na crosta ígnea. Enfim, tudo indica o óbvio ululante de um veículo redondo enorme a sugar energia do sol, movido por uma inteligência inumana que precisava de energia para uma viagem e tinha no sol a única fonte disponível.

Eis as quatro hipóteses menos inviáveis, descartadas todas as outras teorias loucas. Como o leitor viu, a última hipótese, por incrível que pareça, é a que se reveste de maior coerência lógica, dadas todas as condições para um fenômeno desses ocorrer e ser capturado por um instrumento ótico humano (o fato só foi capturado porque passou 80 horas ocorrendo!). Na condição de assumirmos a última hipótese como verdadeira (como vimos, nós somos obrigados a fazê-lo para não perder a razão), alguns inquietantes questionamentos surgem em nossa mente. Senão vejamos:

  1. O que significa uma nave do tamanho da Terra estar nas proximidades espaciais de nosso planeta? Estariam eles planejando-nos uma visita, ou esta já foi feita e ninguém viu? Ou ninguém viu mas a NASA teria captado este encontro e o ocultou de toda a Humanidade?
  2. Este tipo de visita é comum nas proximidades de uma estrela? Algum órgão secreto já teria registrado tais visitas e já está consciente dos poderosíssimos visitantes?
  3. Seria uma nave daquelas o cargueiro gigantesco (nave-mãe) de onde TODOS os discos voadores vistos na Terra saem? Se assim for, por que cargas d’água seu trabalho é tão demorado que sua ação nem sequer é sentida e a Humanidade permanece alheia às suas visitas?
  4. Seria aquela cena uma cena inédita até para quem já conhecia a casuística ufológica mundial, e se trataria de uma raça alienígena realmente invasora, a penetrar nos espaços aéreos dominados pelas raças alienígenas pertencentes à órbita terrestre?

Enfim, tudo leva a crer que se trata realmente de uma história digna das mais mirabolantes ficções científicas, capazes de tirar o sono dos mais experientes analistas da chamada “política interplanetária”. À luz de tais fenômenos exoticíssimos, esta Escola só tem a declarar a sua virtual vitória argumentativa, já que sua teologia se baseia naquele “Jack” que guardava no coração estes “trunfos” da Revelação de Deus, que desde seus princípios apontava para estranhos sinais na Terra, nos céus e até no sol! Aliás, dizer que o sol um dia não dará mais sua claridade (Mt 24,29) pode apontar até o dedo em riste para uma gigantesca nave negra ao lado de Arbol, com a permissão do anjo que está em pé no Sol (Ap 19,17).

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Porque esta Escola acredita em aparições de fantasmas

Aqui revelamos as diversas razões para adoção de nossa crença em aparição de fantasmas, as quais não deveriam ser lidas nem por céticos nem por “cristãos materialistas” da pós-modernidade.

Cena fantasmagóricaDepois de discutir largamente o assunto em livro (vide os livros “O Grande Divórcio do Egocentrismo” – do Clube de Autores – e “Você é um fantasma e não se enxerga” da Editora Agbook), nossos alunos julgaram oportuno deixar para o grande público um resumo das razões de nossa crença na aparição de fantasmas, para facilitar o aprendizado dos interessados e separar bem as coisas, explicitando o tipo de Cristianismo por nós adotados.

Isto posto, a base de nossas crenças sempre repousa sobre o pensamento de CS Lewis e, em última análise, na Palavra de Deus, base de Lewis. E foi da exegese minuciosa das Escrituras que Lewis concluiu o seguinte: “os discípulos diversas vezes deixaram escapulir sua crença comum em fantasmas diante de Jesus e este, ao ouvi-los, em nenhum momento os interrompeu para desfazer a crença deles; pelo contrário, houve ocasiões em que expressou o fato de que fantasmas são assim como que ‘imateriais’ ou ‘tênues’, e por isso não podem comer peixes ou levantar objetos mais pesados que o ar; já um ressurreto é denso e sólido o suficiente para banquetear-se com aqueles que amou e salvou; por óbvio, as duas coisas existem, e Jesus mesmo era a prova viva de um corpo sólido após a morte” (este é um resumo nosso, mas Ed Kivitz também fez um bom resumo sobre o assunto: veja NESTE link).

Além da exegese escriturística perfeita, Lewis também jamais desprezou a Tradição Histórica que perpassa através da linguagem popular ao longo dos séculos, e por isso a crença nas aparições de mortos foi plenamente incorporada às crenças dele, e por conseguinte ao seu entendimento do Plano de Deus, o qual tinha que contemplar – para continuar inteligível – o espaço óbvio das almas desencarnadas, sob pena de falseamento dos inúmeros registros históricos confiáveis de contatos com finados.

Fantasma chora no quadroOutrossim, como esclarecemos nos artigos “E se a morte e o tempo não existirem?” (Site) e “Conversando sobre a morte e a mente” (Blog), se não existe a morte e se por isso TODOS estão vivos diante de Deus, o espaço próprio dos desencarnados só poderia ser algo flutuante entre o mundo dos encarnados e o “Vale das Sombras” (expressão usada por Lewis), e assim vez por outra uma alma poderia entrar na mesma faixa visual de um de nós e transparecer aos nossos olhos, como a História do mundo todo registra.

Entretanto, e a bem da verdade, tudo isso poderia ser dado como “normal” da nossa crença na aparição de fantasmas, e certamente ficaríamos sob fogo cruzado no meio cristão, pois boa parte da cristandade não aceita tais fatos, ora pela simples incredulidade, ora pela crença equivocada de uma pseudodemonologia de fundo de quintal, a qual atribui ao diabo todos os fenômenos ditos sobrenaturais, tão somente por não ver neles qualquer permissão de operação da parte de Deus.

Logo, se o até aqui exposto não seria suficiente para incorporarmos uma crença comum da Humanidade, essa Escola vem declarar que temos um trunfo a mais, e é dele que passaremos a tratar agora. Imagine o leitor que a crença nas aparições nos é facilitada pela confiança nos testemunhos de gente de bem, doutores, médicos, cientistas e até ministros de Deus, os quais não mereceriam tal confiança na mente da cristandade, sobretudo no lado dos Reformados. Assim sendo e com efeito, se nem mesmo o homem mais sério e o pastor mais decente merecem confiança quando vêm a público contar seu inusitado encontro e correndo o risco do ridículo, então para nós há um testemunho ilibado e irrefutável, com o qual assumimos todas as nossas demais crenças: o próprio CS Lewis! E isto vai muito mais longe do que pode supor um desavisado leitor.

Isto é, além de Lewis ter dito que acredita em tais coisas, em diversos de seus livros, e ele receber de nós total confiança, um distinto ministro de Deus, do alto de sua reputação de homem sério e incapaz de mentir (pelo menos por escrito), registrou em livro um encontro que teve com o próprio Lewis, em 1964, i.e., três meses após o desencarne de Jack. Convidamos o leitor para ler a matéria completa no menu ‘Textos para download’, item 06, “JB Phillips e o fantasma de CS Lewis”, conforme atesta ESTE link de nossa Escola.

JB PhillipsAssim, muito acima de todos os argumentos anteriores, foi o fato de Lewis ter aparecido depois de morto ao Reverendo JB Phillips (foto acima), com uma expressão bem viva e sólida (até a roupa que usava era um conhecido conjunto de camisa e sobretudo que ele costumava usar em sua casa nos dias mais frios) que nos convenceu racionalmente a adotar a Teologia Lewisiana completa, i.e., aquela que engloba até mesmo o que Lewis contou a Phillips naquela experiência [Esta Teologia Lewisiana completa é chamada por nós de “PURISMO Lewisiano”, e agora temos ESTA página para quem quiser saber mais a respeito]. Além de tudo isso, JB Phillips revelou ter sentido, após o encontro com a alma de Lewis, uma profunda mudança no seu modo de crer em aparições e até em seu modo de pregar a verdade, pois agora sabia que Deus lhe havia dado uma oportunidade única e concreta de conhecer e explicar os fatos da vida post mortem. Isto fecha o quadro todo.

Finalmente, estamos bem conscientes da extrema incidência da incredulidade neste mundo corrompido, a qual alcança inclusive o coração a Cristandade, prejudicando severamente as chances de Deus se fazer conhecido e entendido na pós-modernidade. Com isso, além de reconhecermos a dificuldade de adesão à verdade, também confessamos que antes do Século XX as coisas eram diferentes, e por isso adotamos uma Teologia Tradicional (ou até medieval), nos moldes da segurança católico-romana na Tradição Apostólica Histórica. Se o leitor tiver nos dado a honra de sua leitura completa e atenciosa, e tiver respeito suficiente pelas crenças alheias, nos sentiremos mui felizes em contar com sua associação ao nosso quadro de amigos leais. Que Deus lhe abençoe.

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“Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” pela lógica de Pedro

Na lógica de que “um dia pode ser mil anos” está outra alusão à existência do Purgatório, também citada de modo pungente por Lewis em “Oração – Cartas a Malcolm”.

Dimas e Jesus2Aqueles que acusam a Igreja Católica Romana de “inventar” termos que a Bíblia não tem (como a palavra Trindade), no caso aqui, o Purgatório, devem continuar tendo este último termo como perfeito, sobretudo quando bem entendido por quem quer receber maiores porções da verdade divina, pois este é mais um vocábulo que não aparece na LETRA das Escrituras, mas que abunda nas entrelinhas ou no “espírito” iluminado pelo Espírito de Deus. Aqui estamos particularmente pensando numa passagem do evangelho (Lucas 23,43) onde Jesus diz a alguém que acabava de ser salvo por Ele: “hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (no episódio conhecido como “a história dos dois ladrões”). Analisemos mais esta passagem, porque a Escatologia bíblica vai além da imaginação humana..

Lembremos que a pessoa a quem Jesus dirigiu estas palavras era um ladrão, talvez até um assaltante, que tinha posto sob pavor e sob ameaça de armas pessoas inocentes, para lhes afanar os bens comprados com o suor do rosto. Logo, era alguém cuja vida ainda estava “suja”, ou imunda, moralmente falando, por conta e ordem da imensa dívida contraída para com aqueles que roubou, e não teve sequer a chance de fazer como fez Zaqueu, que devolveu tudo o que roubou 4 vezes mais. O que aqui devemos ver, imediatamente, é que devolver aquilo que roubou é apenas uma das coisas que devem ser feitas pelos ladrões, e no meio delas deve estar também um tratamento psicológico, por conta do vício da cleptomania, que sempre adere à alma mesmo quando o indivíduo já roubou tudo aquilo de que precisava. Assim, devolver o roubo – 4 vezes mais – e tratar-se com um psicoterapeuta são apenas 2 (duas) atitudes a serem tomadas por quem quer se regenerar moralmente, e assim passar a ter a vida digna dos verdadeiros convertidos de Jesus (pois conversão sem boas obras é enrolação). Entretanto, há muitas outras obras a serem feitas para inverter o ciclo vicioso dos maus hábitos dos ladrões, na busca por “viciar” a alma na prática de boas obras e no amor à dignidade moral.

Estátua com os crucificadosNeste ponto devemos ver que quando a Igreja Católica diz que o sacrifício de Jesus na cruz não foi suficiente, não está dizendo que Deus não operou tudo o que era necessário para a nossa salvação. Nada disso. Está dizendo que Deus fez tudo o que lhe era possível fazer até o ponto de não interferir contrariamente ao nosso Livre-arbítrio, ficando tudo o mais a cargo do homem, e não de Deus. Ou seja: a boa nova bíblica da perfeição do sacrifício vicário é uma expressão particular de Deus, pois só Ele é perfeito em suas obras! Porém ainda há a parte humana; pois Deus pode perdoar, mas não pode limpar o homem que se sujou voluntariamente. I.e., toda a parte da lavagem interior necessária para o indivíduo alcançar a bondade anímica, caberia então às boas obras do homem genuinamente arrependido de seus erros, embora este pudesse contar com a ajuda de Deus (I Pe 3,18-21), bem como com as orações (suas e de outros), as confissões (públicas e auriculares), as psicoterapias, etc., enquanto – e se – houver boa vontade para corrigir erros do passado que até prazer lhe deram!

Logo, podemos dizer que a salvação é uma coisa; a conversão é outra completamente diferente(*). A primeira Deus garante, “legalmente” falando. A Ressurreição de Jesus é, de fato, a salvação. A fé na própria ressurreição, e as boas obras que consertam o passado de pecados, é, de direito, a salvação. De direito, i.e, significa que Deus já lhe deu a permissão para entrar em seu Reino. Um passaporte. Uma carta de alforria, um salvo-conduto, um selo oficial, ou coisa que o valha. Mas de fato, não, pois o seu estado interior, o controle de suas emoções, o autodomínio moral, a temperança, isto é algo que depende exclusivamente de você. E mais: Lembre que há muitos pecados aprazíveis, e poucos são os prazeres que estamos dispostos a renunciar (dá para ver aqui o valor do celibato?). E por que é preciso este tipo de renúncia parta entrar no Reino?

Entenda: Não para entrar, mas para QUERER FICAR! I.e, quem entrar no céu e ainda mantiver na alma os prazeres e sobretudo os desejos da carne, jamais vai gostar das ofertas disponíveis no céu, e tenderá a entrar em angústia pela ausência dos prazeres em que sua alma se viciou! Com isto, todos os prazeres do céu, perto de quem os maiores orgasmos da terra não passam de bolachas estragadas, nem chegarão a ‘balançar’ os seus “visitantes”, e muito menos empolgar. As beatíficas almas vistas ali serão encaradas como loucos varridos, que sentem orgasmos com bolachas estragadas!

amor além da vidaMas nos desviamos muito da verdade do Purgatório na declaração de Jesus para o bom ladrão (que de bom não tinha nada – ainda –, nem poderia ter, já que não teve tempo para a longa caminhada de regeneração). Logo, por tudo o que vimos nestes três últimos post de nossa Escola, Jesus foi obrigado – por óbvio – a fazer um resumo forçado na resposta ao bom ladrão, acerca da chegada deste ao Paraíso. Assim, se Jesus tivesse tido tempo na ocasião para se explicar melhor, ao ouvir o homem dizer: “lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”, Jesus teria respondido: “Não se preocupe: um dia você estará comigo no Paraíso. De minha parte, você já pode entrar. Mas de sua parte, você ainda precisa limpar todo o seu interior dos vícios que pegou em sua vida bandida, e uma das coisas que precisava fazer (mas agora nem poderá mais fazê-lo) era devolver tudo o que roubou e renunciar aos prazeres auferidos com o dinheiro roubado! E como lá no meu Reino um dia pode ser mil anos e mil anos um dia, então você poderá entrar no Céu daqui há mil anos ou no mesmo dia em que estiver 100% limpo de seus vícios e assim conseguir gostar das ofertas encontradas no Paraíso”.

Com esta resposta de Jesus, o bom ladrão faria mais uma pergunta ao Mestre, a última: “Então Senhor, se não vou gostar do Céu e não quero ir para o Inferno, para onde irei?”. Jesus responderia: “Ficará no Vale Enfumaçado das almas ‘em assepsia’, purgando os vícios aprazíveis que Tellus lhes ensejou enquanto estavam na carne. É um lugar só de ‘fumaças’ (almas não solidificadas pela Graça) e sem sofrimento físico, promovendo a limpeza anímica por sofrimentos espirituais. Meu filho Davi chamou aquele lugar de Vale da Sombra da Morte e minha Noiva Igreja chamou de Purgatório, mas não importa o nome. O que importa é que você não vai para o Inferno (que não foi preparado para almas humanas, e sim para demônios). Você ficará no Hades, e lá poderá experimentar a sua verdadeira liberdade, quando enfim estiver 100% santo”.

Almas no Hades sendo visitadasContinuaria Jesus: “Meu filho CS Lewis um dia contou que ficou perplexo quando descobriu que poderia passar um bilhão de anos no Hades(**). De fato, não sei qual angústia é maior: demorar tanto para ter a paz eterna do Reino, ou entrar na paz e se sentir incapaz de ser feliz naquele ambiente”. Talvez nessa hora, Jesus fizesse seu último apelo aos ouvidos daquela alma, e Jimmy Page o transformasse num lindo solo de guitarra. Aliás, pegando carona aqui, o Grupo ‘RBD’, de atores-cantores adolescentes, um dia tocou ao nosso coração uma canção belíssima, em cuja letra (com pouquíssimos “ajustes” à doutrina) está explicada com perfeição a situação de uma alma no Hades. Veja o que diz a sua incrível letra no site “letras.mus.br”, e o leitor poderá ver a sua interpretação NESTE link.

“Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”, é a coisa mais linda que se lê nos evangelhos. Todavia e contudo, pela lógica de Pedro, isto pode demorar mil anos. Se um leitor casual destas linhas estiver olhando agora para este final, creio que posso lhe dizer: “se eu já tiver conseguido na terra uma débil migalha da santidade da menor alma que está no Céu, já terei todas as razões para ser a alma mais feliz dos filhos de Deus. Porém se não, se nenhuma pureza eu tiver em mim, jamais permitirei a minha própria entrada no Céu, pois eu nunca suportaria ver almas inocentes serem influenciadas pelas minhas entranhas ainda sujas. Logo, vou começar agora mesmo minha vida de oração e santidade”. Quem tem ouvidos de ouvir, que ouça.

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Chamadas do texto (asteriscos):

(*) – Dissemos que a salvação é uma coisa e a conversão é outra completamente diferente, mas não é bem assim, pois a primeira não pode ocorrer sem a segunda, e por isso, as duas são literalmente a mesma coisa. Uma alma que já creu firmemente na obra de Cristo e na sua santa Ressurreição, já teve de Deus toda a ajuda necessária para salvar-se; mas ela mesma não irá querer morar no Céu, enquanto o vício que a levou a afastar-se de Deus não for vencido por uma efetiva lavagem moral. É por isso que não se pode dizer que alguém está salvo sem que seu processo de conversão não tenha sido concluído, e ele só se conclui após um tempo no Purgatório. É isso o que ensinou Lewis.

(**) – Lewis mencionou o drama de passar um bilhão de anos no Hades em seu livro “Oração – Cartas a Malcolm”, Ed. Vida, 2009, na última Carta (XXII), pág. 156, último parágrafo, com as seguintes palavras: “Então os novos terra e céu, os mesmos ainda que não os mesmos que destes, ressuscitarão em nós assim como temos ressuscitado em Cristo. E mais uma vez, depois de sabe-se lá quantos bilhões de anos NO SILÊNCIO E NA ESCURIDÃO, os pássaros cantarão e as águas fluirão, luzes e sombras subirão morro acima, e a face de nossos amigos rirá para nós em maravilhado reconhecimento”. Fica claro aqui que, numa só frase [por nós negritada], Lewis não apenas mostra o dado desconhecido para qualquer alma após a morte (o seu tempo de estada ali), quanto insinua fazer a Deus-pai um sutil apelo por um abreviamento daquela estada, pois sua razão deseja ardentemente estar logo na Santa Presença, ao lado de todas as almas já glorificadas. Este apelo pungente é precisamente o que fazemos nós cristãos vivos, quando oramos pelos mortos e sufragamos missas.

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O “silêncio redacional” de Jesus aponta para a proeminência da missão escatológica

O fato de Jesus jamais ter escrito um Evangelho ou qualquer outro texto bíblico mostra que o Salvador tinha como certa e decisiva a missão dEle após a morte, a saber, buscar as almas no Hades…

Jesus jamais escreveuToda a massa humana que trava contato com as Escrituras Sagradas do Cristianismo e a maioria que realmente estuda e conhece a Bíblia sabe, com prova incontestável e até óbvia, que Jesus jamais escreveu qualquer livro do Novo Testamento, e que neste tudo o que foi escrito vem de autores seus seguidores ou seguidores dos primeiros discípulos, formando assim o que se entende por uma mensagem viva de Deus para a salvação da Humanidade.

Entretanto, o que poucos se dão ao trabalho de observar é que, além de não ter escrito nada, Jesus também, talvez movido por sua humildade infinita, não pareceu tão preocupado assim com algum registro por escrito de sua passagem pela terra, carreando sua atenção rigorosa para as páginas do Velho Testamento, livro que seguiu à risca e exemplarmente. Outrossim, pode-se pensar também que Jesus nem chegou a incomodar-se com as partes de sua vida e de suas palavras que possivelmente poderiam ser registradas por escrito, uma vez que durante pelo menos 30 (trinta) anos após a sua ascensão, as almas ditas ‘perdidas’ ouviriam de seus seguidores a palavra viva de viva voz, naquilo que ficou conhecido como “Tradição Oral”. Este fato, e mais a confiança irrestrita de que nenhum de seus fiéis – alguns até que foram testemunhas oculares – iriam maquinar distorções ou contar mentiras a seu respeito, levou Jesus a caminhar tranquilo em sua Missão, convencido de que jamais a Palavra de Deus voltaria vazia e não cumpriria seus mais sublimes propósitos (Is 55,11).

Não vos preocupeis com o escreverIsto posto, e além da primazia do Velho Testamento sobre a consciência dos discípulos (a maioria de origem judaica, encontrando no VT todas as “fórmulas” da salvação) que os faria pregá-lo com toda fidelidade, foi o próprio Jesus quem lhes dissera, repetidas vezes, que “aquele que ama a seu próximo tem cumprido a Lei” (Rm 13,8) e que para a salvação bastaria cumprir o Novo Mandamento, a saber, o amor ao próximo (João 14,21 e Mt 19,17), “mera” repetição do livro do Êxodo. Ora, ali estava posto toda a logística da missão dos discípulos, e eles também não se preocuparam muito com um registro escrito das palavras de Jesus, não apenas por saber que a salvação estava no amor ao próximo (o próximo também é Jesus), mas porque a correria e as perseguições daqueles dias os impossibilitavam de sentar e escrever longos textos, até pela dificuldade de um tempo sem qualquer tecnologia de comunicação. Então e por óbvio, foi somente quando a maioria deles chegou à maturidade ou à velhice, e conseguiram lembrar o quanto a Humanidade é esquecida das coisas, que decidiram botar a mão na massa, aliás, na tinta de pena, e rabiscar papiros e rolos “para desencargo de consciência” [desencargo porque, uma vez convencidos de que a salvação independia da LEITURA das memórias deles, e crendo que o Espírito Santo os faria lembrar de todas as coisas (João 14,26), seria uma indelicadeza e até certa ingratidão não deixar nada escrito, como homenagem e até louvor a quem lhes deu tamanha salvação].

[Dada a quantidade de detalhes cruciais, o parágrafo anterior dele ser relido com mais atenção].

Inobstante e contudo, o fato estava posto: se Jesus nunca escreveu nada do que falou para ajudar à crença e à missão de seus seguidores, então era óbvio que o centro ou a essência da salvação não estava na leitura de um suposto Novo Testamento (até então, uma afronta aos judeus do VT). I.e., que a salvação só podia ser algo ligado apriorística e preponderantemente a uma missão do próprio Deus, e assim a sua realização se daria numa obra de esforço pessoal do Criador, que iria operar todo o milagre de resgatar as almas nesta e na outra vida, independente de terem os homens registrado por escrito qualquer instrução de desvio do perigo sobre a superfície da terra.

Estava iluminado o mistério e o milagre: a salvação não precisaria necessariamente da pífia ajuda dos homens (Is 64,6)… no que, se aquela dependesse destes, talvez Deus amargasse uma performance irrisória no “ranking” das almas libertas da prisão do pecado, dentro da qual os próprios discípulos se encontravam (Rm 7,15-20). Afinal, foram eles mesmos que entenderam que era o próprio Deus quem operava “o grosso” da obra salvífica, não apenas com intercessões providenciais (Rm 8,26), mas também até como advogado protetor, do tipo que concede habeas corpus, mas apenas para quem pecasse com arrependimento genuíno! (I João 2,1).

E mais: viram também que, uma vez que o Juízo Final não se daria tão cedo, e que só após aquele julgamento as almas ‘perdidas’ ficariam perdidas mesmo, todos os que morressem ANTES do Juízo não ficariam no Inferno propriamente dito, já que teriam que se apresentar posteriormente ao Grande Tribunal de Cristo (II Co 5,10). Logo, sabiam que se alguém morresse “sem” Jesus (por assim dizer), não estaria hoje mesmo no Paraíso (Lc 23,43) e ficaria à espera de resgate, se aceitasse Jesus em uma pregação diretamente feita à sua alma, perdida na escuridão do Hades, como acreditava piamente Pedro (I Pe 3,18-19 e 4,5-6). [Releia o parágrafo conferindo as citações bíblicas].

trova-a-tua-mãoAssim, não demorou para que todos compreendessem que, seja qual fosse a vida de cada um na Terra, e seja qual fosse o esforço que fizessem para se salvar e salvar almas, a guerra propriamente dita contra o pecado não acabaria após a morte, e ficaria na dependência de existir um Deus onipotente e misericordioso, que se dignasse a descer ao mais profundo dos abismos (Sl 139,7-8) e lá pregasse outra vez às almas, como um pai amorosíssimo faria. O resto, i.e., o arrependimento necessário em vista de sua vida exposta a nu, agora dependeria tão somente das almas na escuridão, as quais poderiam, pelo medo e pela solidão, encaminhar-se àquela inefável luz que aparecia por ali (quando os olhos podiam ver), descendo de um céu enfumaçado e estranho, sem estrelas e sem vento.

Está explicado: o “silêncio redacional” de Jesus se explica direitinho pela gigantesca e decisiva proeminência da Sua santa missão no Hades, a qual influenciou decisivamente a vida dos discípulos; os quais puderam, não apenas pregar “mais tranqüilos”, mas confiar cegamente naquela missão divina e no reencontro com todos aqueles que, embora em vida não tivessem dado sinais de arrependimento, poderiam fazê-lo após a morte, num ambiente até certo ponto mais propenso (sem as tentações da carne), dada a terrível angústia da solidão e do silêncio sepulcral que domina o Vale da Sombra da Morte, a empurrá-los para a única fresta de luz ali visível.

Que isto não sirva de escape para aquele mau caráter que pensa em pecar à vontade na Terra e se arrepender depois, porque cada pecado gera seu vício respectivo (João 8,34), e este é, a cada queda, mais difícil de ser dominado, como C.S. Lewis explicou em “Cristianismo Autêntico”, Livro 3, ‘Comportamento Cristão’, “Moral e Psicanálise”, parágrafo 10, com as seguintes palavras: “Um homem pode estar numa posição tal que a sua fúria cause o derramamento de sangue de milhões; e outro, por mais que se enfureça, consegue apenas que riam dele. Mas a pequena marca na alma pode ser a mesma em ambos. Os dois fizeram algo a si mesmos que (a não ser que se arrependam), tornará mais difícil o domínio da ira na próxima vez em que forem tentados, e fará com que a ira seja pior quando nela caírem”. Eis aí a lição maior. Que nossos olhos vejam e nossos ouvidos ouçam bem.

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A melhor defesa do Purgatório em CS Lewis

Num trecho comovente e até desesperador, Lewis deixa uma prova do Purgatório toda especial para calar os oponentes desta crença tão salutar ao Cristianismo como um todo.

Com pecado ninguém verá DeusFoi no livro “ORAÇÃO – CARTAS A MALCOLM”, Editora VIDA, 2009, na Carta XX, às páginas 138-139, nos parágrafos 9, 10 e 11, onde nosso gênio escreveu, não exatamente com essas seguintes palavras (que são nossas): “Quando eu chegar na antessala no Paraíso, ou no chamado ‘Seio de Abraão’ [esta escola o chama de ‘Colo de MacDonald’], eu enfim verei que ainda não estou 100% puro, e ficarei em choque. Então um anjo de luz virá e me perguntará se eu já posso entrar, acreditando que já estou puro. Então eu olharei para aquele ambiente de alvura total e inocência virginal, olharei depois para dentro do meu coração e verei que ainda não sou digno de um lugar daqueles. O anjo pergunta então: ‘você já pode ficar?’. E eu o responderei: ‘Ainda não, Senhor, pois ainda não estou limpo’. O anjo replica: ‘Mas a limpeza vai doer muito!’. Eu respondo: ‘Mesmo assim, Senhor, quero a purificação’. E então, minutos depois, lá estou eu voltando ao Vale da Sombra da Morte para tentar mais uma lavagem interior, agora com tremenda dor. Todavia esta será também meu extremo prazer, pois minha decisão mais forte é não querer entrar naquele ambiente de alvura e não estar puro como eles, ou pior, levar para a casa dos inocentes qualquer mínima contaminação”. Eis aí o trecho de Lewis, contado com nossas palavras. Porém, para calar opositores, responderemos: “Como foram as palavras de Lewis?”. Foram as seguintes, em três contundentes parágrafos (abro aspas):

A visão correta se volta esplendorosamente para The Dream of Gerontius [O sonho de Gerontio], de Newman. Ali, se me lembro bem, a alma salva, ao pé do trono, suplica para ser levada embora e purificada. Não consegue suportar nem mais um instante “as trevas que afrontam aquela luz”. A religião {verdadeira} tem reclamado o Purgatório.

Nossa alma exige o Purgatório, não? Seria de cortar o coração se Deus nos dissesse: “É verdade, meu filho, que você está com o hálito forte e que de seus trapos pingam lama e lodo, mas somos caridosos aqui, e ninguém o repreenderá por essas coisas, nem se apartará de você. Entre no gozo do teu Senhor”, não acha? Nós não deveríamos retrucar: “Com submissão, Senhor, e se não houver nenhuma objeção, eu preferiria ser purificado primeiro”. “Pode machucar, você sabe…”; “Mesmo assim, Senhor”.

Suponho que seja normal o processo de purificação envolver sofrimento. Em parte por tradição; em parte porque a maioria do bem real que me tem sido feito nesta vida o tem envolvido. Mas não entendo que o sofrimento seja o propósito da purgação. Posso bem crer que pessoas nem muito piores nem muito melhores do que eu sofrerão menos ou mais do que eu. “Sem disparates envolvendo mérito”. O tratamento dado será o necessário, quer ele machuque muito, quer pouco.

O Purgatorio-1Fecho aspas aqui, pedindo ao leitor que leia toda a “Carta XX”, fornecida por esta Escola na aba “Carta de Lewis” (Sobre o Purgatório). Atente o leitor que o principal argumento aqui está no sentido da frase “eu preferiria ser purificado primeiro”/“Pode machucar, você sabe…”/“Mesmo assim, Senhor”, que obriga à reflexão de que o próprio pecador, chegado ao ‘Seio de Abraão’ ou “Colo de MacDonald”, olhará para si mesmo e pedirá para voltar ao Hades e terminar ali o seu longo processo de purificação, por conta de enxergar no Céu tanta pureza, paz e inocência e não desejar ser o hospedeiro dos vícios-vermes que poderiam contaminar todo o ambiente celestial. É como se um tarado sexual, tendo alcançado consciência de culpa das pedofilias que a lei lhe acusa, olhasse para criancinhas num orfanato e dissesse: “não posso ficar neste lugar, pois não o mereço e preciso de uma psicoterapia mais forte para poder um dia merece-lo”. Nesta ocasião, Deus então diz: “mas o tratamento vai doer”. O tarado diz: “não faz mal, Senhor, pois quero limpar meu terrível vício”. Eis o argumento (o leitor pode ver este argumento na letra da linda música de Carlinhos Brown chamada “Maria de Verdade” e interpretada por Marisa Monte: ouça-a NESTE link e atente particularmente para as frases: “Tou vitimado no profundo poço/na poça do mundo/do céu amor vai chover/Tua pessoa Maria/Mesmo que doa Maria/Tua pessoa Maria”: estavam certos os profetas que diziam que Deus “fala” pela arte, pela poesia e pela música, e a Bíblia quando dizia que Deus fala até pelas pedras que não nos deixarão calar).

Assim, após esta bofetada nos descrentes, podemos agora entender a importância da existência do Purgatório, como parte integrante do processo divino de formar um lugar (“vou preparar-vos lugar”) onde o pecado não penetra. Além do mais e positivamente, crer num lugar onde as últimas culpas serão purificadas combate diretamente a nefasta teoria da reencarnação, como o leitor pode ver no vídeo sugerido NESTE link. Finalmente, para complementar tal conhecimento, pedimos encarecidamente ao leitor que leia a explicação do professor Felipe Aquino (NESTE link) e depois de tudo, por favor comente o que está pensando conosco. Vamos lhe ajudar.

Ora, se um homem do naipe de um CS Lewis reconhece que não chegaria 100% puro ao Paraíso, e que por isso ele escolheria, com a maior boa vontade e honra (o que deveria ser o caso de todos nós!), voltar ao Hades e experimentar a última lavagem interior, a mais dolorosa de todas, então por que cargas d’água nós “crentes fracotes”, muitas vezes maus crentes, iremos querer subir direto ao Céu, sem se importar com os riscos de contaminação da Casa de Deus? Eis que esta palavra de Lewis é contundente e pungente, justamente por nos fazer olhar para dentro de si e perguntar: “estou 100% puro para entrar na Casa de Deus? Estou 100% puro para comungar? Estou de acordo com o Salmo 15?”, enfim, é a palavra final trazida pelo mais ilustre dos profetas modernos do Cristianismo. Uma pérola para o deleite dos filhos de Deus que ainda guardam a honra e a humildade.

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A falta de uma certa cura suscita reflexões sem fim

As Escrituras jamais mencionaram o encontro de Jesus com uma pessoa sem braços e sem pernas, ou com uma criança anencéfala. Por que Deus não deu a Cristo tal oportunidade?

Nick Vujicic-1

“A vida se equilibra nos contrastes”, já dizia o mestre Costa Matos. A vida humana é fruto das oportunidades que o destino lhe enseja, e isto é decisivo na avaliação do “rendimento” ou performance da criatura sobre a face da terra, explicava CS Lewis. Todavia, o que extrair da experiência de Cristo na carne, em relação às oportunidades que Ele teve ou não teve?

Ora; o mundo é incrédulo, desde a Queda de Adão e Eva, e Deus sempre soube disso. Também viu que para seu Filho Jesus conseguir um mínimo de adesão das criaturas perdidas, seria necessário a operação de milagres sobre-humanos – aqueles que mago algum consegue fazer – para autenticar a divindade do Nazareno, certamente como única e tosca ferramenta de suscitar a confiança necessária para seu seguimento, dando autoridade às suas revelações.

Porquanto nenhum milagre seria necessário num outro planeta que fosse mais sensível à crença, e esta ali surgiria natural ou automaticamente após a audição das pregações de Jesus nas praças públicas (afinal a salvação vem pelo ouvir, e pelo ouvir da Palavra de Cristo). Logo, é lógico supor que os milagres foram um acessório útil aos perdidos no labirinto da descrença, e não aos bem-aventurados da fé, como um João Batista, um João Evangelista, um Abraão, um Noé, um centurião romano, um Estêvão e alguns outros raros exemplos dignos de Hebreus 11.

Fariseus falam a JesusIsto levanta um terrível problema. A saber: se os milagres não eram teoricamente necessários, então muitos deles não entrariam na lista de operações de Jesus. E não entrariam por uma ou várias das seguintes razões: (1a) Jesus se esqueceu de alguns; (2a) Jesus nunca teve oportunidade de encontrar ocasião para operá-los, e nem podia forçar tal ocasião; (3a) A onipotência completa não foi dada a Jesus antes de sua ressurreição, e assim Ele não tinha poder para operar TODOS os tipos de milagres – a ubiquidade é um bom exemplo; (4a) Deus achou melhor não dar a Jesus ensejo para falhar num milagre, como Ele chegou a falhar no início de uma cura (Marcos 8,22-25); (5a) Jesus não podia operar milagres que ultrapassassem os limites do plausível para um ser humano operar; (6a) Toda a arquitetura da salvação estava posta para operar através da mecânica “fé x obras”, e estas duas só seriam legítimas pela obra interior e exterior do arrependimento, que envolve coisas como o perdão ao próximo, o ouvir bem a pregação cristã – o apelo de Deus – e a crença “infantil” (aquela que é capaz de acreditar que Jesus poderia transformar-se em pão na mesa dos cristãos). Ora, tudo isso poderia prescindir do milagre se o ouvinte acreditasse com todo vigor na pregação e logo se arrependesse de seus pecados, passando a praticar o bem: isso seria suficiente para salvá-lo.

Ora; se então a salvação dependeria exclusivamente de algo espiritual – a fé – e prático (a caridade do crente perfeitamente arrependido), logo, milagres não seriam nem são necessários, em absoluto, e isto explica porque Jesus não operou outros prodígios, alguns muito mais eloquentes – do que os que Ele operou – para autenticar a crença! Vejamos exemplos de milagres muito mais portentosos e não realizados por Jesus:

1. Jesus jamais “construiu” ou ‘criou’ braços e pernas em alguém que tivesse nascido sem os tais; detalhe: um milagre desses seria impossível a qualquer mago comum e a Medicina, embora já dominando a tecnologia das células-tronco e da clonagem, ainda não conseguiu “criar” braços e pernas de carne e osso; logo, se Jesus tivesse operado tal coisa, muito mais gente creria nEle. [Não adianta dizer que esta cura ficou subentendida em João 21,25 porque ela seria tão espalhafatosa e mirabolante que os evangelistas jamais a omitiriam, se ela tivesse de fato ocorrido].

Anencefala real (512 x 288)2. Jesus jamais “construiu” ou ‘criou’ um cérebro numa criança anencéfala, i.e., que nasceu sem cérebro; este também é um milagre além da Magia comum e além da Medicina. [Filosoficamente, nem sabemos como seria a reação de Jesus em tal encontro, ou se uma criança anencéfala tem alma, já que esta está vinculada aos pulsos da rede neuronal de um cérebro humano; se não houver alma ali, a pergunta é: Jesus criaria na hora uma alma nova ou deixaria no céu aquela que não veio? – Enfim, são questões mirabolantes para os teólogos “suarem a camisa”].

3. Jesus também jamais ressuscitou alguém que já tivesse aparecido como fantasma. Ou seja: os ressuscitados dEle – como Lázaro – pareciam estar apenas no túmulo ou na região dos mortos, sem qualquer contato com o mundo dos vivos. Este milagre também é impossível à Magia comum e à Medicina, pelo menos pelos próximos 500 anos.

Enfim, a reflexão vai longe. Voltemos à pergunta: por que Deus não oportunizou a Jesus operar tais coisas?

Porque quando Deus se encarnou neste planeta, Ele também abandonou a sua onipotência e passou a ser um ser local, limitado aos parâmetros tridimensionais da matéria densa, e isto elimina qualquer chance de ir muito longe. Senão vejamos:

medico1o – Deus não podia curar doentes noutro país, e nem mesmo muitos doentes de sua própria terra natal. Mesmo que houvesse avião na época, Ele não teria tempo de vida suficiente para curar tanta gente, nem poderia usar da ubiquidade para fazer isso. Isto explica porque o amor ao próximo é o maior mandamento, e não o amor “ao longe” (lembrar aqui que num certo sentido TODA a Humanidade está doente, e que a cura total só se daria com a ressurreição em corpo glorioso).

2o – Ele escolheu Israel como nação-teste e povo-exemplo, não apenas para que o mundo todo visse que Ele foi rejeitado até por aqueles que Ele mesmo elegeu, como para mostrar, no sofrimento de um povo rebelde, qual é a santa, agradável e perfeita vontade de Deus (que se traduz por Moralidade cristã).

3o – Só um Deus-local poderia servir de modelo para um homem que quisesse ser algo além da mera matéria densa, mostrando que se um outro homem alcançou o favor de Deus, qualquer outro poderia também encontrar a mesma glória (aqui é o milagre da ressurreição o grande trunfo, e único que não poderia faltar na agenda de Jesus).

4o – Ao limitar a sua onipotência em Jesus, e ao assumir a humanidade como parte de sua nova natureza, Deus nada fez que não estivesse previamente planejado na limitação de sua onipotência pela criação-outorga do Livre-arbítrio às suas criaturas, e assim Ele deixou de ter poder salvador completo, já que a salvação depende mais da vontade humana que da divina, por assim dizer. Logo, toda a alegada soberania de Deus se esvai com um simples NÃO humano, restando a Deus apenas chorar a alma perdida.

Finalmente, todo o arrazoado aqui presente não seria possível sem a contribuição decisiva da teologia lewisiana em nosso meio, pois somente CS Lewis chegou a vasculhar esses lugares tão misteriosos da criação e da mente de Cristo, por possuí-la em si. Chegamos a pensar que assim como Israel foi escolhida como nação santa e povo eleito, seriam “privilegiados” os filhos (alunos) espirituais de Lewis, os quais teriam acesso a revelações abarcantes dos temas da Palavra de Deus omitidos involuntariamente por esta (João 21,25). Pena que as igrejas, enquanto pessoas jurídicas, jamais se toquem para a realidade revelada por Lewis e o mantenham apenas como mais um autor no panteão das livrarias evangélicas, sem qualquer diferença decisiva em sua fé e doutrina. Resta o consolo para nós outros, implícito na frase de Jesus: “porque a vós outros foi dado conhecer os mistérios, mas aos outros não” (Mateus 13,11).

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Que é o Homem para que dele te lembres?

À impressionante pergunta do autor de Hebreus só cabe uma resposta, e ela prova que a Bíblia tem uma precisão científica cirúrgica, calando os pobres vermes que a questionam…

Céu sóbrioA Epístola aos Hebreus é uma das mais técnicas e profundas do Novo Testamento, e quando ela refaz a pergunta do salmista “o que é o Homem para que dele te lembres?”, entrega à Humanidade uma questão para gênios responderem, se é que eles são alguma coisa útil na teologia profunda de Deus. E a única resposta cabível é: “nada”, zero a esquerda de zeros!

Esta tremenda bofetada não foi arranjada em razão das declarações da Bíblia, em si, mas, ultimamente, a Ciência tem chegado ao grande público de modo arrasador e sem fronteiras, contando verdades que são, ao mesmo tempo, o retrato profundo da Revelação, mas também aquilo que as Escrituras jamais revelariam, exceto em linguagem cifrada ou “angélica”. É evidente que a Bíblia não poderia ter uma linguagem científica à altura do homem moderno, não apenas porque seus autores não tinham o conhecimento tecnológico de hoje, mas também em razão de ser endereçada às massas e estas serem ainda mais ignorantes.

Formigas em lupaEntretanto, a pergunta “o que é o Homem para que dele te lembres?” exige uma resposta que jamais estará ao alcance da Ciência atual, exceto se esta se tornar humilde o suficiente para ver aquilo que, com sua visão materialista, jamais veria, e assim declararia: “se houvesse um Criador inteligente, o único modo de Ele se lembrar de criaturas tão infinitamente diminutas só seria possível se Ele nutrisse por nós um amor tão grande que o infinito não seria capaz de lhe abarcar!”. Não admira que seja justamente ESTA a resposta exata!

Assim, é preciso ver que, nos últimos anos, uma amostra científica de pesquisas profundas, de vídeos e trabalhos audiovisuais, mostrou ao Homem o tamanho da sua insignificância cósmica, e esta é ainda muito mais avassaladora do que os cientistas declaravam antes. Isto é, nas mais recentes pesquisas, ficou patente que não é possível poupar de uma comparação, nem a Via Láctea inteira, incluindo a sua imensurável vizinhança espacial, e até mesmo todo o universo onde vivemos!

Isto significa que, se há 4 décadas, a Ciência já sabia do quão minúsculo era o ser humano em relação à sua galáxia-mãe, recentemente a consciência dos bons cientistas está sentindo uma tremenda dificuldade de enquadrar, a Humanidade inteira, como sendo algo além de um zéfiro mal-cheiroso, expelido pelo intestino de uma pulga! Pior: todo o sistema solar, toda a Via Láctea e até o nosso universo inteiro, não passam de um átomo errante no meio de um gigantesco oceano de bolhas cósmicas, as quais flutuam atreladas a cordas vibratórias criadoras de novas bolhas! (A este respeito, somos forçados a dizer que o leitor só entenderá bem do que se trata se assistir ao excelente vídeo da BBC NESTE link e depois voltar a este ponto do artigo e ler o resto). Noutras palavras, o zero à esquerda de zero configura até mesmo o nosso Universo, pois este não passa de um átomo quando visto ao lado de todos os universos do Multiverso da Criação! O leitor faz uma idéia do que é isto?: Se o universo inteiro é um átomo, o que seria o homem? Percebe o drama?

atomo07Isto posto, a questão de Deus se lembrar de nós agiganta-se de um modo assombroso, porque suscita uma conclusão obrigatoriamente hiperbólica em ambos os casos; ou seja: (1) se o leitor for crente e acreditar que Deus existe, então verá que só um amor infinito poderia justificar a lembrança do Criador a criaturas tão infinitesimalmente diminutas (e pior, tão vis e imundas*) quanto nós; porque qualquer mínima inteligência obviamente desprezaria pulgas tão ingratas quanto estas geradas aqui neste átomo chamado Via Láctea! Percebe a primeira parte deste dilema da Razão? (2) se o leitor for incrédulo e não acreditar em Deus, terá uma certeza muito maior de que a Humanidade inteira é um gás fétido desprezível pelo conjunto da Natureza, mas em compensação muito mais difícil de explicar em razão da consciência, i.e., como um zéfiro subatômico, distinto de todo o resto, chegou a engendrar um efeito tão “sublime” e uma obra tão especial quanto o pensamento? É bom lembrar agora o que dizia o astrônomo Carl Sagan: “O Homem nada mais é que o universo pensando sobre si mesmo”.

Logo, se o Multiverso infinito chegou a produzir um gás minúsculo e fétido capaz de pensar, e que na estreita circunscrição dos limites irrisórios deste insignificante gás chegou à consciência diferenciada de si mesmo, então como explicar a realidade, exceto na admissão de que o absurdo é o início e o fim de tudo, e assim, que o absurdo é uma espécie de Deus? Isto levanta a terrível questão que se robustece na mente racional; porquanto não há sentido algum em supor que aquilo que fosse 100% nada, o Nada Absoluto ou o Zero Inicial, chegassem a criar alguma coisa, e muito menos uma coisa pensante como nós, capazes de perguntar sobre nós mesmos e sobre o nosso papel nesta gigantesca geringonça sideral! Também fica implícito que assim como a Ciência não pode ver nada para além do infinito microcosmo de um bóson, muito menos pode ver o que estará para além DESTE universo, ou as cordas-vibratórias da bolha-mãe de todos os universos, ou a bolha-casulo que o contém, a fonte original de onde provém tudo o que conhecemos. [Neste ponto devemos lembrar a impressionante precisão descritiva de CS Lewis, quando, no livro “The Great Divorce”, apontou para um mero furinho no chão e disse que ali dentro estavam contidos “todos os infernos”, de onde a terra inteira e as almas de todos os mortos provinham; comento detalhadamente a respeito disso no livro “O Grande Divórcio do Egocentrismo”].

Enfim, pensar sobre tudo isso e até conversar a respeito deve ser o melhor e maior exercício psicológico que o universo opera sobre si mesmo, ou talvez seja ao final “a única coisa que de fato acontece – de interessante – num universo sem Deus”, SE pensássemos como os céticos. Entretanto e com efeito, uma luz enorme nos ilumina no instante em que descobrimos o absurdo de pensar que o universo não tem sentido, quando DENTRO dele encontramos um “gás fétido mas inteligente”, capaz de constatar a falta de sentido de seu próprio pensamento. Logo, SE não há sentido algum no universo, não faz sentido pensar isso, e assim o non sense ganha sentido no absurdo.

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(*) Lembrar que a imundície da Humanidade também ajuda num outro raciocínio, igualmente auxiliado pela compreensão da pequenez humana. É que, se por um lado, uma vez conscientes de nossa pequenez microcósmica, o pior de todos os crimes humanos não passa de uma brisa arrepiante nos cabelos da santidade divina (e por isso, poder-se-ia entender melhor porque Jesus afirmava que “tudo seria perdoado aos homens”), por outro lado, quão maior dor não haverá em Deus quando for ouvida uma blasfêmia tão insolente vinda de vermes tão insignificantes, pelos quais Ele sofreu tudo e se humilhou até a morte, e morte de cruz? A lição é: se Ele perdoou tudo, por não ver jamais ofensa grande vinda de gente tão miúda, por qual razão nós não perdoaríamos o nosso próximo?

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O que Jesus foi fazer num presídio?

A enigmática Teologia do Vicariato nos obriga a encontrar Jesus dentro da prisão, pagando pena junto com criminosos perigosos, e não apenas pregando aos espíritos encarcerados…

grades-cheiasNo impressionante trecho onde explica o Juízo Final (Mateus 26,31-46), Jesus usa uma frase pequena no número de letras, mas gigantesca em significado, mesmo para quem não goste muito de pensar, ou mesmo que pense com ceticismo. Foi quando disse simplesmente: “Eu estive preso e fostes me visitar” (verso 36). Eis aí o cúmulo do vicariato, i.e., a teologia que defende a substituição do pecador por Cristo, o justo pagando pelos injustos.

É tão profunda a hermenêutica do trecho que certamente caberia escrever um livro inteiro (e acho que já o fizeram) e não se encontraria nada redundante, repetitivo ou enfadonho nele. Com toda certeza, centenas de boas mentes já se debruçaram sobre o assunto e jamais deve ter havido um tempo em que teólogos cristãos não o analisaram e pregaram, tal a eloquência de suas implicações teológicas. Quanto a nós, vejamos quais pontos nos inquietam para uma análise mais cuidadosa:

(1) Jesus “era” (é) santo e jamais seria preso, exceto por um tribunal injusto.
(2) Jesus “era” (é) santo e jamais merecia ser preso, sob qualquer ponto de vista.
(3) Jesus visitou e visita diariamente, os encarcerados de todas as prisões do mundo.

CF 1997(4) Jesus visitou e visita diariamente, os encarcerados da prisão invisível das almas, o ‘Vale da Sombra da Morte’ (Salmo 23), também chamado “Purgatório”.
(5) Jesus visitou e visita diariamente, os encarcerados de si mesmos, almas psicóticas, lunáticas, doentias.
(6) Jesus está sempre dentro de cada um de nós, o que não deixa de ser, para a liberdade onipresente dEle, uma prisão.
(7) Estando dentro de nós, sem distinção (como provam os pecadores dos presídios que o trecho cita), Ele estará também dentro das prisões que experimentarmos na vida, inclusive nos presídios de segurança máxima, onde cumprem pena os piores bandidos.
(8) Se Ele também está nos presídios, então nossa evangelização jamais deveria desviar sua atenção dos presos, pois no meio deles provavelmente se encontram as almas mais certamente arrependidas e melhores de salvar, e o Cristo interior delas estará mais perto de completar a sua obra redentora.
(9) Se Ele está nos presídios e pede visita, Ele também foi maculado pelos pecados dos presidiários, e por isso ao pregar para presos, devemos fazê-lo como se pregássemos a Cristo.

Jesus atrás das grades-3Esta Teologia não se esgota aqui, nestes pontos acima elencados. Ficaremos com eles, porém, para fechar um artigo bastante resumido, no padrão “revista” (todas as pregações, seriam, ao final, pregar ao Cristo que está “no meio de nós” – dentro das almas – ou para “despertá-LO” nas ovelhas pecadoras, metafórica e tecnicamente falando).

Com efeito, como entender que Cristo esteja DENTRO de um criminoso comum, assassino de crianças e estuprador, quando o Novo Testamento diz que “não pode haver qualquer união entre a luz e as trevas”?, e também que “não pode a mesma fonte jorrar água doce e salgada ao mesmo tempo” (pior, se ao nos unirmos a Jesus formamos um só espírito com Ele – e Paulo diz que por isso não devemos nos unir a uma prostituta, para não fazermos de nosso braços e pernas membros de uma meretriz), como pode Cristo estar no coração de um bandido e não formar um só espírito com ele? Como entender esta esdrúxula e espúria relação? Pior: o perdão infinito pedido no Sermão da Montanha induz esta mesma conclusão, pois o único modo de perdoarmos aquele que matar um filho nosso é lembrando que dentro dele também está o Cristo, e nosso perdão seria dado por Jesus e a Jesus, e não àquele monstro miserável!

Os céticos retrucam: “não seria muito mais lógico supor que DENTRO de um bandido moraria satanás, e não Cristo? E não foi isso justamente o que Jesus disse quando estava conversando com os apóstolos e Judas se aproximou (“vamos-nos daqui, pois o príncipe deste mundo já vem vindo”)… Pensando alto, a pergunta seria: “Então quer dizer que a moradia da alma – ‘na casa de meu pai tem muitas moradas’ – é uma coisa compartilhada até com os anjos maus, dentro de um mesmo coração?”…

Como vemos, é tão complexo tal raciocínio que nem mesmo a explicação dada por CS Lewis a explica por inteiro (Lewis disse, no “Cartas a uma senhora americana”, que em nossa mente há uma espécie de “rádio”, com sintonia livre, na qual podemos ouvir, a todo instante, tanto a nossa própria consciência, quanto a voz de Deus e as sugestões do Maligno – sobretudo quando já avançamos mais a fundo na teologia e na vida espiritual, que é quando o rádio já recebeu “afinação” suficiente para distinguir melhor – ou pior – as estações capturadas por suas “antenas anímicas”). Porquanto “um mero rádio” explicaria A PRESENÇA REAL de Jesus em nós? Explicaria a presença real do Maligno na mente de um assassino de crianças? A única resposta é um sonoro “não sabemos”.

Se apostarmos na hipótese da “possessão total” da alma nesta vida tridimensional, então a possibilidade de confronto com uma contradição bíblica é grande, porque nem salvos estão 100% possuídos de Jesus, nem os possessos estão 100% possuídos por satanás (os 100% só ocorrem no Inferno, ou ‘Lago de Fogo’, que só será inaugurado após o Juízo Final). Eis porque devemos avançar e olhar com mais carinho o parágrafo seguinte…

O que Jesus foi fazer num presídio ETSe apostarmos na hipótese do “mero rádio” (para mim, a mais provável), então teremos que rever todos os casos de possessão com outros olhos, muito mais misericordiosos, do que os vemos na hora em que julgamos o nosso próximo! Ninguém, afinal, estaria tão possesso neste mundo que não mais houvesse espaço para Jesus, e tal estado terminal só ocorreria no inferno após o Juízo, como já dissemos. Temos que ver todo criminoso e todo possesso como nosso “irmão”, ou como uma infeliz alma que merece toda a nossa misericórdia, tal como Dr. ER sentiu ao ouvir em Perelandra, vez por outra, algum choro misturado nas palavras de Weston, e chegando a pensar que estava diante não de um “demônio”, mas de um ex-professor brilhante de Física, que ora reaparecia ora sumia naquele seu deplorável estado (óbvio que alcançado por culpa dele, como resultado de mau uso do Livre-arbítrio dado a todos nós). Difícil é excluir o uso do rádio pelo Maligno naquela mente, como estopim de um processo que, ao ser alimentado pela sedução do pecado, caminha para a anulação total da vontade individual, culminando com a mistura destrutiva da alma, perdida na vontade de satanás (este estágio é o fim da pessoa, só alcançado no Lago de Fogo). Todavia, numa pessoa normal, o rádio é apenas rádio, e a alma controla muito bem as seduções exteriores, por assim dizer, nos “bem-aventurados virgens*” em que a Escritura diz “o maligno não lhe toca”.

Finalmente, uma conclusão pungente se apresenta a nós agora: não incluir uma pastoral carcerária nos nossos planos de evangelização é uma omissão tão violenta que pode ser comparada a um crime contra a Humanidade. Saber que abandonamos à própria sorte (por medo, preguiça ou ignorância metodológica) almas cujo pecado as levou para as grades, deveria ser uma acusação tão dolorosa que não nos deixasse dormir! Quanto mais quando nos lembramos que tal omissão abandonou o próprio Cristo à solidão da prisão, como fizeram os apóstolos na via sacra, levando Pedro ao copioso pranto que ainda hoje ecoa em suas indesejáveis lembranças! Deus nos livre de tal pecado e nos dê a paz de uma consciência sem dívidas.

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(*) – Discuto o conceito de VIRGEM no livro “Radiografia de Maria”. O vocábulo aqui quer dizer o mesmo que lá, ou seja, “alguém cuja maldade ainda não penetrou e não penetra no coração, embora seu corpo já possa ter sido penetrado de diversos modos”.

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