Um milagre chamado CS Lewis

Uma conversa muito antiga captada por uma antena cósmica com tradução instantânea, tratava da criação de CS Lewis (Uma obra ficcional em homenagem ao nosso mestre).

Luiz Eron (LE): Entenda, Aldo. Todas as iniciativas empreendidas para salvar a humanidade decaída se mostrarão, ao final, inúteis. Se anularmos a primeira tentativa poderemos ter êxito na segunda e com isso descansarmos com um mundo perfeito em fidelidade.

Crialdo Kingleo (CK): Mas seria ainda uma fidelidade imperfeita para a maledicência daqueles que outrora nos eram fiéis. Eles diriam que só quem experimentou o mal poderia ressuscitar melhor, mais forte e imune a uma nova investida.

LE: Mas isto dará um valor imerecido ao mal, que se tornará um acessório indispensável do bem na boca dos maledicentes.

CK: É o risco que temos que correr. Aliás, o risco que eu quero correr, em vista da única possibilidade de se esperar o amor perfeito no final. E quando me reunir com eles de novo, reparo sua noção de amor pelo terror de lembrar o risco que correram.

LE: Okay. Aceito. Como será o plano?

CK: Primeiro, fertilizamos Tellus como o fizemos com todos os outros planetas interiores. Prepare a sopa e derrame nos oceanos. Os raios farão o resto. Quando os elementos evoluírem e chegarem ao RNA, depois ao DNA e depois à primeira célula, adube a terra entre os vegetais. Quando a primeira carne nascer, forme os veios de nutrição orgânica até que os primeiros vertebrados se apoiem e se movam. Conduza-os em segurança sob as intempéries necessárias ao resfriamento de Tellus, bem como em crescimento, em fortalecimento e em diferenciação consciencial, até a sua perfeita distinção entre os primatas que o planeta produzirá. Não poupe tempo no processo, pois quanto mais tempo levar da sopa ao homem, mais forte como espécie se fará.

LE: Não haverá necessidade de preparar os futuros responsáveis pelas ações antiparadigmais?

CK: Eles já foram incorporados à culinária da sopa.

LE: Todos eles?

CK: Sim. São chamados nazireus. O significado final e verdadeiro desta palavra não deve ser, em hipótese alguma, conhecido dos primatas, exceto dos tais.

LE: Se as coisas derem errado, os que os tais nazireus farão?

CK: O primeiro terá uma missão tão anterior à dos humanos que quase não será avistado em Tellus, exceto por seus parentes e alguns próximos. Como tratará apenas de salvar os engels menores fora do tempo, ele estará muito cedo comigo e pouco se ouvirá dele em Tellus. Chamar-se-á Enoque. Todos os que voltarem a mim após Enoque, é a ele que deverão render graças. Ele será coroado entre nós com o título de Enoque, o Destemido.

LE: Quem será o segundo?

CK: Seu filho, Noé. Ele salvará os únicos primatas falantes do dilúvio global, promovido para lavar a terra de todas as sujeiras humanas até então acumuladas. Como Enoque, também terá pouco brilho para os conceitos humanos, mas sua palavra se ouvirá nos 4 cantos e, como acontecerá com o último profeta, ninguém lhe dará ouvidos.

LE: Quem será o terceiro?

CK: Será um homem tão elevado que operará, em sua vida, um milagre tão grande que será capaz de dar seu único filho como oferta pelos pecados, tal como eu darei o meu. Mas eu não deixarei o menino morrer, tanto para evitar sangue em suas mãos, como porque já estará a sua fé provada para toda a Humanidade. Ele ficará conhecido como pai de todas as almas fiéis ao meu Filho. A salvação ficará escancarada por meio dele, e por isso seu nome indicará o caminho da salvação.

LE: Refere-se a Abraão?

CK: Refiro-me à sua fé que indicará o Caminho.

LE: Quem será o quarto?

CK: Aquele que será salvo das águas. Ele estará um dia comigo em Tellus e por isso terá o meu brilho no olhar. Receberá de mim poder tal que por suas mãos eu abrirei até o Mar Vermelho. Só temo que por ele se crie uma interpretação distorcida das minhas leis, e por ela se estabeleça um código de conduta ritualística que ao final condene até meu Filho por comer sem lavar as mãos. De qualquer forma, o mundo estará melhor depois dele.

LE: Entendi. E quem será o quinto?

CK: Não esqueça de meu servo Melquisedeque, cujas qualidades serviram de molde para a estrutura ontológica de meu Filho Amado, como único pastor de todo o rebanho. Ele foi o maior nazireu da história bíblica, não pela missão desempenhada, mas pelas qualidades crísticas que tinha.

LE: E o sexto?

CK: Será aquele que ficará a vida inteira fazendo sermão aos peixes no deserto, e que meu Filho chamará de “caniço agitado pelo vento”. Mas os peixes de Israel o ouvirão, e também os gentios. Ele terá uma prole tão grande quanto a de Abraão, de tal sorte que ninguém poderá contá-la. Sua mãe relatará sua conversão uterina, na aproximação de minha filha Maria grávida. Lembre que aquele que esteve comigo em Patmos também era nazireu.

LE: E então, finalmente, quem será o sétimo?

CK: Será aquele cuja consciência será de tal modo aberta que só lhe ficarão ocultas as verdades que eu não revelar. Todas as demais, que estão ocultas para todo o restante da Humanidade, ficarão vivas e óbvias aos seus olhos, e ele converterá a muitos com o sinal dos nazireus. Almas vitimadas com as mais densas trevas encontrarão nas suas palavras o alívio da salvação, e até ateus se converterão ao esquadrinhá-lo. Ele revelará ainda o último nazireu (contado entre os sete celestiais), o qual realizará obra maior do que a de meu Filho em quantidade numérica de almas salvas diretamente por ele, e ainda esmagará a cabeça da serpente. O sétimo, então, que um dia participará até de uma guerra mundial, terá o seu louvor pela apresentação ao mundo do último nazireu, o salvador de Vênus. É isso.

LE: Estou pasmo, pai. Jamais um eldil torto aceitará esta acepção dos nazireus, enquanto durar o pecado em seu coração angélico. Mas eu aceito, e de bom grado. Será o maior e melhor exercício de humildade jamais dado a anjos, mesmo quando incumbidos de conduzir animais e insetos. Esta dádiva será meu eterno agradecimento à Tua bondade.

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A imbecilização da pregação proselitista

A estúpida e viciante ideia de que para agradar a Deus é necessário estar numa igreja “X” é uma decepção maior para Deus do que um mundo descrente por uma ciência corrupta.

Um dia CS Lewis, andando pelas ruas de uma cidade interiorana, imaginou que ninguém por ali, nenhum transeunte às suas vistas, poderia nem de longe sequer sonhar que ele, ali perto, estava indo se encontrar com um homem que estivera distante da Terra mais de 60 milhões de quilômetros. Guardadas as devidas proporções, sinto ter que dizer algo semelhante ao longo de todo este artigo, e a máxima clareza tentarei dar para que ao leitor não reste a mínima dúvida, como também hoje em dia não há mais a mínima dúvida em mim.

Sou um fã ardoroso de caminhadas ecológicas e ainda hoje adoro caminhar pelas ruas, apesar de todos os riscos apontados pela mídia comprada por aqueles que vendem segurança e desejam um país rico e amedrontado. Como ainda trabalho durante o dia, saio quase todas as noites de casa sozinho, a caminhar pelas ruas e avenidas de meu bairro, levando minha bengala, lanterna, identidade e alguns trocados. O assunto deste artigo nasce daí, quando passo na calçada de alguma igreja das proximidades pequenas ou grandes, que são muitas e de variadas denominações. Ou quando passo pela outra calçada, do outro lado da rua, para poder visualizar melhor a igreja, com seu nome, horários de culto e convite “venha adorar a Deus conosco”. Então a frase de Lewis reverbera em mim, do seguinte modo:

“Ninguém dali perto, de nenhuma daquelas igrejas, poderia sequer imaginar que aquele andarilho, mal vestido e de bengala, jamais poderia entrar ali, tal como a igreja também não deixaria entrar um ladrão ou um bêbado berrando palavrões”. O restante deste artigo tentará explicar por quê.

Fazer parte de uma igreja é também “limitar” sua visão à visão da denominação à qual ela pertence (isto quando pertence, pois, quando é independente e nova, não há compromisso com denominação alguma e ela reflete apenas o pensamento do seu pastor, que pode ser ainda menor!), e isto ficará tanto mais patente quanto maior for o tempo que um membro se mantenha nela. Quando um de nós passa um certo tempo (com visão aguçada) ou um longo tempo com uma visão razoável numa igreja qualquer, o corolário inevitável de conclusão é uma decepção gigantesca com a resposta espiritual dela ou uma vida inteira de oração pedindo a Deus paciência para aguentar a mediocridade! Isto é o que ocorre invariavelmente com as igrejas, digamos, deste planetinha sujo, ou com as religiões deste vale de lágrimas.

A limitação mental humana – que já foi até cantada por um desigrejado como Raul Seixas – é certamente o pior mal no caminho da Evolução Espiritual e vice-versa, e quem quer que deseje seguir seu DESTINO CÓSMICO DE ASCENSÃO (que Deus fez percorrer uma longa trilha desde a “simplicidade” do unicelular à complexidade da mente humana), terá que romper com a mediocridade circundante, seguindo o duro e doloroso caminho do autodidatismo. E se esta regra é válida para a vida dentro da liberdade louca do universo profano, muito mais valerá para a liberdade responsável do sagrado.

Portanto o leitor é chamado a refletir sobre as “panelinhas” do mundo (os círculos sociais e as classes – médicos, advogados, clubistas, fãs, times, partidos políticos, etc.) e perceber que ALI TAMBÉM o esforço próprio pelo autoaperfeiçoamento, pelo crescimento individual e pela palavra da moda (a empregabilidade), é fator decisivo para o sucesso profissional e a realização pessoal, sem a qual o indivíduo marca seu passo em marcha lenta ou até em marcha a ré, aposentando-se como um assalariado ou coisa pior. Todavia aqui, no espaço “secular”, as empresas e os clubes talvez até desejem o aperfeiçoamento de seus membros e funcionários, uma vez que podem “lucrar” com isso por contarem com “empregados” mais prestativos e úteis.

Porém tal não ocorre com as religiões, tal como não ocorre com a política (pelo menos falando em termos de Brasil e/ou países atrasados). Porquanto aqui a ideia é que se a “massa de afiliados” for burra ou medíocre, poderá ser massa de manobra para seus interesses, mantendo-se fiel ao partido ou à denominação religiosa, sem dar trabalho para segurar e garantindo perpetuidade.

Neste caso, se um indivíduo se “desviar”, por algum “milagre” dos céus, e buscar uma conscientização política ou espiritual mais profunda e honesta, ficará em maus lençóis, restando-lhe como única opção o desligamento ou a expulsão, para o bem do grupo e dele (graças a Deus!).

Uma vez do lado de fora, o mundo lhe dará a chance de entender mais as maracutaias da corrupção (na área política), e, na área religiosa, Deus lhe dará a chance de entender mais os sinais e mistérios da divindade, levando-o a ter um melhor balizamento de sua vida e da espiritualidade como um todo. Uma vez neste ponto, a volta do olhar para o partido ou igreja que um dia lhe pertenceu lhe revelam coisas que lhe dão ao mesmo tempo, um alívio (por estar fora) e uma revolta enorme por não poder escancarar a verdade aos enganados perante os líderes que os enganam.

Como nosso campo é o teológico, vamos citar dois exemplos mais práticos do que estamos argumentando.

EXEMPLO 1: Estou passando a pé por uma igreja que tem uma placa na frente dizendo: “vinde e aprendei de mim”, e simplesmente NÃO POSSO ENTRAR! Estou louco para ouvir a Palavra de Deus mas não há nada que eu ouça ali que me sirva! Já ultrapassei, pelo desenvolvimento NORMAL da mente humana, o ponto onde aquelas mensagens são úteis. Preciso de muito mais. Todavia, eu não sou o único a PRECISAR de algo mais. TODAS as mentes foram feitas por Deus para crescer e brilhar, e por isso nenhuma igreja pode dar ao seu rebanho APENAS leite espiritual, tal como uma mãe não pode alimentar seus filhos a vida inteira com leite. Então a pregação tem que aprofundar-se, robustecer-se, expandir-se ou, numa palavra, espiritualizar-se cada vez mais. Mas espiritualizar-se não é, como explicou CS Lewis, apenas um esforço emocional carismático. Espiritualizar-se é dar, a cada descoberta bíblica, sua conscientização respectiva na alma ouvinte, abrindo os horizontes para que cada espírito humano alce voo no rumo do Espírito Santo, no qual reside a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. E pior, aquela igreja também não quer me ouvir, pois quando seu pastor só dá o leite, o rebanho fica viciado e só quer mamar!

Assim sendo, meus passeios noturnos me dão a alegria de uma atividade sadia para meu corpo e a graça de saber que posso comer alimento sólido, no alívio de estar no espaço livre onde ninguém manipula minha fé. Mas também me dão a tristeza missionária de ver tanta gente surda e ensurdecida por uma pregação que lhes dá comichão nos ouvidos, até que um grande mal aconteça (geralmente uma briga com o pastor ou com um outro “fiel” ou pior, uma queda num grande pecado por pura falta de conhecimento – Mateus 22,29). Creio que foi essa tristeza que Jesus sentiu em Marcos 6,34.

EXEMPLO 2: Estou passando a pé por uma igreja que tem uma placa na frente dizendo: “Terço dos Homens”, e simplesmente NÃO POSSO ENTRAR! Estou louco para rezar com eles mas não serei bem visto ali. Nunca aprendi bem o Terço e naquele tipo de reunião ouvir a repetição de um erro de decoreba equivale a um erro espiritual. Pior, nunca fui ordenado (nunca tive a testa molhada pelo óleo da unção, exceto quando me crismei) e assim não posso competir com quem tem na cabeça a aura de um iluminado diretamente por Deus, independente de quantos e quão grandes pecados tenha, ou de quantas e quão grandes imbecilidades diga! Um grupo pode ouvir o guardião de uma fossa medonha, mas não pode ouvir quem curte a fossa da pobreza e da exclusão!

Pior: isto tudo acontece até onde ainda não é uma igreja formal, ou onde o grupo se reúne “num mero lar cristão”, no qual supostamente mandaria o dono. Porém, quando um padre ou pastor visita uma casa, eles são os donos, e o dono que se lixe. A iluminação livre e muitas vezes inata do Nazireado é sumariamente abolida ou exterminada pela descrença, e os “religiosos” usam sua descrença para impor sua crença, tudo em nome do proselitismo e nada do Evangelho.

Isto é o que forma o conceito equivocado de “leigo” e impede a verdadeira inspiração do Alto, levando a missa e sobretudo a homilia a ser obra exclusiva do clero ordenado, independente de Jesus ter dito que “o Espírito sopra aonde quer, sem que ninguém saiba donde vem ou para onde vai” (João 3,8). A regra é tão dura e ditatorial que até padres são vítimas dela, como ocorreu com Leonardo Boff.

Enfim, é este o quadro que encontro em minhas caminhadas. As igrejas cristãs (de todas as denominações) promovem diariamente o grande “paradoxo da intolerância”, a saber, ser uma porta aberta mas ao mesmo tempo fechada aos visitantes, fazendo uma espécie de “visitação seletiva” e impedindo a livre manifestação do Espírito, que inspira e sempre inspirou os profetas.

É claro que a regra tem sua razão de ser. Afinal, a Humanidade não é flor que se cheire e os falsos profetas estão aí, batendo em todas as portas, e muitas vezes de gravatinha e manga curta. A igreja precisava mesmo construir um sistema de segurança para evitar que as ovelhas caíssem em qualquer vento de doutrina (Efésios 4,14), sendo levadas por espíritos enganadores e ensinos de demônios (I Timóteo 4,1). Sem dúvida. Porém, se há um sistema de proteção para uns e para outros não, não se dará que alguns estão fortes e outros fracos? E se há fortes (que não precisam deste tipo de proteção, certamente padres e pastores), não seria então o certo FORTALECER A TODOS?

Assim sendo, mais uma vez o feitiço se volta contra o feiticeiro, i.e., o argumento que salva a Regra da Ordenação também a desqualifica, pois implica em que os ordenados não fortaleceram o rebanho para que este pudesse ouvir todos os pregadores inspirados e não ficar, a vida inteira, temerosos de falsos profetas! Se as lideranças eclesiais tivessem cuidado de seus rebanhos (Ezequiel 34,10) como deveriam, sendo “mordomos fiéis e prudentes” e fazendo aquilo que Jesus chamou de “sustento ao seu tempo” (Lucas 12,42), as pobres ovelhinhas não precisariam ficar presas o tempo todo, bebendo apenas o leite de vaca oferecido pelos seus pastores.

Conclui-se que a situação atual, que eu vejo ao passar na porta de todas as igrejas que me convidam a entrar, é uma aberração espiritual gravíssima, que Deus não poderá tolerar por muito tempo, pois sempre lutou com unhas e dentes para fortalecer seus rebanhos. Abandonadas à própria sorte de uma alimentação deficiente e imbecilizante, não é à-toa que se veja no mundo tantas e tamanhas debandadas de cristãos para credos não-cristãos, e tudo por culpa da negligência dos líderes em não aprofundar o conhecimento de Deus para seus rebanhos.

Os líderes inventaram as igrejas-infantis, rastejantes no mais baixo nível de ensino, e não será exagero acreditar que Deus cobrará deles o destino daquelas almas! Talvez até, quem sabe, ao responderem “Senhor, em teu nome até expelimos demônios”, ouçam o Senhor sentenciar: “Nem todo o que me diz Senhor Senhor entrará no meu Reino” (Mateus 7,21); pelo contrário, “o Reino de Deus vos será tirado e entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos” (Mateus 21,43).

 

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Problemas decorrentes da multiplicidade pós-Reforma

Se todas as alegações da Igreja Católica podem ser tomadas como falsas ou frágeis argumentos doutrinários, a reivindicação de unicidade e exclusividade compensam tudo o mais que não deu certo

Na Era das Comunicações, ouve-se de tudo e sabe-se tudo acerca de quase tudo, e o que não se sabe está guardado a sete chaves “nos porões da segurança nacional das superpotências”, que filtram ou sonegam informações com a justificativa de proteger a Humanidade inteira (embora isso seja, até certo ponto, uma falácia típica do pensamento militar!) de outrem ou de si mesma, conquanto não evoluiu o suficiente para dispensar o aparato policial que “controla” multidões em pânico. Todavia no âmbito das religiões, sabe-se de fato tudo, apesar da virtual ignorância que a teologia comum impõe à mente humana, incapaz de conhecer alguma coisa mais substanciosa da Divindade.

Visto o panorama terrestre desta forma, isto é, com uma interminável rede de informação a espalhar dados para todos os lados e ao mesmo tempo com uma ignorância até certo ponto involuntária da parte das consciências interessadas em conhecer, o tema da multiplicidade religiosa pós-Reforma ganha cores bastante expressivas, mesmo que observadas por observadores ligeiros. Com efeito, o argumento do início da Reforma Protestante, embora centrado sob a alegação válida do absurdo da venda de indulgências, não foi capaz de, mesmo séculos depois, demolir ou desmerecer a interpretação tradicional da História da Salvação perpetuada ao longo dos séculos, uma vez que a Razão da igreja única é suficiente para arrefecer todas as iniciativas “renovacionistas-separatistas”.

Noutras palavras, os prejuízos provocados pela eclosão pandêmica de interpretações (mesmo fundamentadas na liberdade de pensamento), genitora ou geradora da enxurrada de denominações de nossos dias, superam em grau máximo de gravidade os supostos prejuízos da manutenção de uma hermenêutica única, centrada sobre um colégio apostólico a serviço de um Papa, tenham estes menor ou maior grau de espiritualidade e afinidade com a vontade de Deus.

A centralização de decisões e o comando único sempre foram os grandes baluartes das vitórias alcançadas por nações agredidas ao longo da História, e também foram o grande segredo de vitória das nações que invadiram outras, seja em legítima defesa de interesses próprios ou de terceiros, desde que o mundo é mundo. Ainda hoje, as organizações mais bem sucedidas e os maiores avanços em matéria de tecnologia e inovação, estão diretamente relacionados à verticalidade da hierarquia, provando que colocar muitas mentes para trabalhar a serviço de uma só é sempre mais produtivo do que esperar que muitas mentes sem comando produzam coisas que não colidam em sua execução final.

Os primeiros cristãos, desde que Cristo chamou e comissionou os apóstolos, viram muito bem isso. Aliás, Cristo mesmo os ensinou isso. Era um grupinho que nascia e tinha um líder, Ele mesmo, o qual iria embora e não podia deixar o Grupo sem comando. Até porque deixar um grupo eternamente sob comando de Deus, DENTRO de um planeta tridimensional com necessidades materiais extremas, seria uma missão ingrata e até certo ponto inútil, porquanto o amor dado exclusivamente ao Deus-conosco (o Deus presente em carne e osso), ou ao ser sem defeito, a perfeição, apenas disfarçaria e até estimularia o narcisismo-egoísmo da espécie humana corrompida no início de sua trajetória, levando à desconfiança social e subseqüente desamor ao próximo. Se era preciso amar a Deus DE TODAS AS FORMAS, inclusive ao Deus-no-próximo, não seria produtiva e muito menos didática a permanência do Deus-encarnado entre nós como único líder de confiança, e por isso Jesus saiu LOGO de cena, exercendo sua liderança corpórea apenas por 3 anos! E mais: sabendo Ele deste plano desde o início, tratou logo de deixar a proeminência de um líder humano 100% qualificado (quem somos nós para duvidar disso) e entregou a ele aquilo que chamou de “as chaves do Reino”, formando ali o embrião da futura igreja que seria o único farol forte a iluminar o mundo de trevas que o porvir reservava.

E mais: é admirável e sintomático como esta consciência (tudo o que estes últimos parágrafos disseram) estava tão presente no meio de toda a cristandade que perdurou por quase 1.500 anos de história, só vindo a balouçar quando a raiz de todos os males (o dinheiro) enfim frutificou DENTRO da Santa Sé para inspirar oposições racionais ao estado de coisas da época, e assim o próprio Deus – vendo e também prevendo o descaminho de sua própria Igreja (como outrora desencaminhou-se o Judaísmo) – suscitou um homem lúcido e fervoroso, cujo zelo pela Casa de Deus lhe consumiu como ao Senhor no episódio dos açoites no templo.

Incapaz de aceitar a venda de indulgências (dentre outras corrupções e imoralidades que sua futura igreja lhe devolveria em dobro) por ser ela um absurdo capaz de quebrar até o Livre-arbítrio, aquele líder parece não ter tido outra alternativa senão fundar uma nova igreja, naquilo que ficou conhecido como “Reforma”, que séculos depois carece de si mesma.

E é assim que a história vai se desenrolando (ou se enrolando cada vez mais) no intrincado quebra-cabeças da restauração da alma humana, que deu significado à missão de religar as criaturas ao seu Criador, na dificílima incumbência das religiões.

Martinho Lutero, portanto, não foi o único e nem jamais será o último, a incorrer no erro bem-intencionado de SUGERIR um outro líder perante uma liderança corrupta, conquanto ninguém está obrigado a seguir líder algum, sobretudo um cujos pecados tenham chegado ao ponto da compra de votos ou da venda de indulgências. Esta é a regra áurea da história da administração dos seguidores de Deus, com a diferença de que na política secular todos podem votar contra o líder, e na política espiritual, quando o líder se corrompe, todos deveriam ORAR por ele, conscientes de que a sua exoneração provocará prejuízo muito maior do que qualquer de suas “idéias loucas”.

E é isso o que se vê hoje em dia. Recapitulemos. A idéia era de uma igreja única, com um líder escolhido por Deus e sem pecado, ou sem pecados graves a atrapalhar a sua administração. Se estes pecados graves aparecessem, a idéia era o afastamento por uma nova eleição divina, MAS SOMENTE APÓS todas as etapas de conversa e aconselhamento com outras pessoas e com a igreja inteira, tal como mostrado em Mateus 18,15-17. Afora isso, o uso de qualquer outra estratégia descambaria no caos da pandemia denominacional, com o novo líder sugerido sendo incapaz de conter a avalancha de novas interpretações e lideranças, fazendo o Cristianismo naufragar na abundância diabólica das seitas.

E o prejuízo? O prejuízo incalculável é o fato de o precioso planeta Terra, único lugar onde as criaturas humanas têm habitação “segura” (bem entendido), tornou-se um caos generalizado com a desastrosa decisão de abandonar a Deus tomada por seus primeiros pais, e pior, tornar-se-ia finalmente um inferno absoluto se a única religião (re-ligação) verdadeira para Deus se tornasse “falseada” ou ficasse confusa entre tantas “religiões”, embaçando ou encobrindo o único caminho seguro para a casa do Pai que um dia abandonamos. Aí está o baita prejuízo exposto! Assim, perder-se no labirinto da imoralidade e da criminalidade constitui o inferno final no caminho das almas, sem dúvida. Ninguém negará isto. Mas perder-se PORQUE o único caminho do labirinto se tornou confuso ou ludibriado por outros “n” caminhos (cada um apresentando uma pseudo-salvação vistosa), aí sim está uma perdição medonha, pois necessitará de uma salvação que não apenas corrija os desvios morais, mas ainda terá que explicar qual das inúmeras alternativas conduz para a verdadeira santidade! Isto diz tudo.

Se a Igreja Católica não existisse, precisaria ser inventada a qualquer custo”. Eis a idéia que pega uma carona inversa na estupidez proposta do “ópio dos povos”, e com mil vantagens. Com efeito, poderíamos aqui elencar uma série quase infinita de defeitos registrados acerca dos erros e pecados históricos e atuais da Igreja, sem dúvida. O leitor pode crer que conhecemos dezenas deles ou mais (a canonização de “santos”, a infalibilidade papal, o celibato obrigatório, etc.) e não tiramos uma vírgula da revolta que a Igreja causou aos povos em muitos momentos da História, e talvez ainda hoje cause com a não-punição da pedofilia. “Mas porém todavia contudo, tem um porém aqui”, que se robustece a cada ano que passa: a evidência incontestável de que a Humanidade não se reencontrou com a pseudoliberdade assumida, e pior, a enxurrada de religiões não serviu de nada para promover a higidez moral que possibilita o retorno ao seio do Pai.A enxurrada, ao contrário, afundou ainda mais as almas na imoralidade, pois esta se alimenta da desesperança e da imoralidade dos outros, principalmente quando encontra exemplos de si mesma no meio das religiões, ou quando padres e pastores demonstram falsidade e mau-caratismo. Aliás, se o mundo inteiro se depravasse, mas continuasse enxergando um lugar onde seus integrantes (e sobretudo seus líderes) estivessem puros e firmes na sua santidade, isto não apenas poderia atrair almas pouco contaminadas ou noviças na depravação, como deixaria sempre uma luz de esperança no fim do túnel para quem já tivesse chegado ao fundo do poço, e ainda daria ao mundo um porto seguro para missões muito mais arrojadas de agentes de Deus (bem entendido).

Mas do jeito que está é que não dá! Depravação em toda parte, imoralidade associada à criminalidade, destruição da família, mentira e falsidade em todas as relações, e pior, tudo isso com a ausência de santidade dentro das igrejas, assim NADA SALVARÁ O MUNDO! Deus deve mesmo estar horrorizado, após longos séculos de dor e lágrimas.

Eis que agora, sem dúvida, Ele deve estar lutando para deixar CLARO E EVIDENTE que se uma providência não for tomada por aqueles de quem Ele esperaria uma atitude contrária, Sua única opção será o encerramento da História para instaurar o Juízo Final, do qual poucos escaparão ilesos. O inferno que tanta gente procurou implantar na Terra será finalmente entregue aos depravados, e a porta se fechará atrás deles.

O próprio Cristo espera então que, aqueles que se dizem seus seguidores, percebam o tamanho do prejuízo que a enxurrada de denominações religiosas provocou no mundo e também as vantagens salvíficas da obediência a um único código de conduta, através do qual o mundo, sem dúvida, ainda sucumbirá por sua entropia natural, mas pelo menos manterá a chama acesa a iluminar o bom caminho para qualquer viajante que se perder “sem querer”. Sem contar que a Alegria da união do Amor em Cristo pode contagiar a todos e fazer, de surpresa, o Céu descer até a Terra e iluminar tudo, apanhando todas as almas no caminho e envergonhando as rebeldes.

Você pergunta pela obediência e pelo código de conduta? Ah, esqueça estes detalhezinhos tolos que só fizeram dividir a cristandade! Para que pensar em púlpitos quando você já enxerga o seu trono? Ou por que lembrar do tempo em que ninguém era feliz de mão vazia, quando suas mãos já estão cheias? Ou como ser infeliz de novo, quando Deus está feliz com você? As igrejas? Ah, para que pensar nessas coisas pequenas, agora que você chegou à maior de todas? Não foi Ele quem disse que não ficaria pedra sobre pedra? Siga sem freio nessa santa paz.

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A resposta do prof. Cortella explica o “silêncio” de Deus

No trecho de uma sensacional palestra, o professor Mário Sérgio Cortella termina por explicar porque há no mundo um “silêncio de Deus” e porque Jesus nada falou quando Pilatos lhe perguntou “o que é a verdade?”.

A verdade é que a Verdade é complexa e extensa demais para a mente e para todas as circunstâncias da vida humana, e este ricochete involuntário da obra da Criação pode ser visto como o grande inimigo de Deus e o pior efeito-rebote na Missão de salvação empreendida por Jesus Cristo, após uma Queda que literalmente cegou a Humanidade. Como o leitor vê, até o enunciado do assunto é complicado, uma vez que os elementos intrínsecos do pensamento necessitam de ilustrações prévias na cabeça do ouvinte, sem as quais tudo parecerá mero jogo de palavras para convencer descrentes. É este o nó cego no qual podem prantear todos aqueles que desejam evangelizar ou cuja formação os capacitou para a obra missionária.

Porém alguma coisa mudou. O mundo já conta com a Internet e outras ferramentas decisivas para se oferecer explicações completas sobre qualquer assunto, ainda mais auxiliadas pelo uso de fotos e filmes, na velha noção de que uma imagem vale mais do que mil palavras. Foi este “presente da tecnologia” que nos legou agora a inteligência do professor Mário Sérgio Cortella, o qual a todos nós proporcionou a visão perfeita do porquê Jesus nada respondeu quando Pilatos lhe perguntou “o que é a Verdade?”. Com efeito, a pergunta feita ao professor Cortella foi aquele velho arroubo dos medíocres que não têm conteúdo intelectual para entender certos assuntos, e por isso perguntam “você sabe com quem está falando?”. E a resposta óbvia seria tão fria e secamente “Você tem tempo?”.

Todavia, antes de continuar nosso arrazoado, é imprescindível que o leitor veja todo o vídeo em que o professor explica esta resposta, sem o que voltamos todos à estaca zero. Assim sendo, clique NESTE link e encare esta jornada da busca pela Verdade em relação à pergunta “Quem você pensa que eu sou?” – a qual, na prática, equivale a “você sabe com quem está falando?”. Você ficará maravilhado com a explicação de Mário Sérgio e entenderá muito bem o silêncio de Jesus perante Pilatos.

Considere: no auge de uma discussão, um dos lados pergunta ao outro: “você sabe com quem está falando?”. Esta é uma pergunta cuja resposta faria Jesus ficar mudo, e agora sabemos que quando Ele emudeceu diante de Pilatos, nada mais fazia que perguntar: “você acha que teria tempo suficiente para ouvir minha resposta? E acha que eu poderia lhe dar esta resposta em pé neste estado, já depois de ter sido tão surrado como fui por seus soldados?”…

Não. Jesus não era apenas um homem organizado, sob o peso de uma débil condição humana incapacitante, que obriga a uma parada total em tudo o que se está fazendo para, no silêncio de uma sala de reunião secreta, se passar umas três ou quatro horas ininterruptas numa conversa técnica, na qual um dos dois perguntava e o outro se dava a responder longamente, com a resposta completa e capaz de não deixar brechas lógicas no perguntador. Não. Jesus era (e é) o próprio Deus que tudo sabe, a inteligência lógica infinita, para quem a Verdade não tem poder algum para erradicar o pecado, exceto se for (ou a não ser que possa ser) dada por inteiro, vedando todas as brechas argumentativas de quem está em busca dela. É óbvio que nem toda alma quer todas as respostas, pois nem todo mundo enxerga outras complicações em sua dúvida, e sua própria mediocridade lhe permite contentar-se com uma resposta limitada ou simplificada. Porém para Deus, que conhece a resposta completa, dar apenas parte da verdade é um desastre, sobretudo quando há alguém escutando que vai tentar lembrar um dia para retransmitir a outros, como foi o caso de Mateus, Marcos, Lucas e João, autores dos evangelhos que trazem suas lembranças das palavras de Jesus.

Para eles, seguramente, Jesus respondeu tudo (não para Pilatos, naquela sangrenta ocasião do julgamento iníquo), e por isso a leitura do Novo Testamento satisfaz a maioria das almas – digo maioria porque é extremamente plausível que haja algumas almas que ainda tenham dúvidas, mesmo após ler todas as respostas do Novo Testamento (para mim, um exemplo de alma assim é a de CS Lewis, que mergulhou muito além das linhas e entrelinhas da Bíblia, e por isso mesmo foi capaz de dar respostas para perguntas que ninguém faz, ou para perguntas que raríssimas almas fazem).

E como seria a resposta completa de Jesus para a pergunta de Pilatos: “O que é a verdade?”. Ora; o leitor viu o vídeo do professor Cortella? Viu? Se viu, deve agora estar entendendo muito bem o que e o quanto seria necessário para Jesus dar aquela resposta a Pilatos, e só assim se pode elencar as seguintes condições sine qua:

1a) Que Pilatos tivesse um bom tempo para ouvir a Jesus;

2a) Que ambos, principalmente Jesus (que estava exausto e sangrando), pudessem se sentar numa cadeira confortável e conversar em silêncio, numa sala isolada e sem interrupção;

3a) Que Pilatos tivesse boa vontade no coração (ou um coração em busca da boa vontade de Deus) e estivesse de fato “sedento” de salvação;

4a) Que Pilatos tivesse uma história prévia de pesquisa acerca da vontade de Deus para a Humanidade, que hoje em dia se traduziria como um passado de leitura espiritual, cursos teológicos e inteligência aguçada para as coisas do Alto;

5a) Que o passado de estudo teológico de Pilatos tivesse sido circunstanciado por gente do exército de Deus, ou seja, que ele jamais tivesse ouvido alguma religião falsa;

6a) Que Pilatos não tivesse nenhum orgulho bloqueador, do tipo que proíbe um monarca de se render aos pés da Verdade e encarar a admoestação moral adequada à sua vida de pecados.

Após tudo isso, Jesus começaria por explicar toda a História da Criação, e como aconteceu de uma obra tão bela cair das alturas e rebelar-se contra seu próprio Pai, o Bem e o Amor infinito. Sua explicação passaria bom tempo falando da Queda dos anjos logo após – ou muito tempo depois – dos primeiros estágios da Criação, sem a qual jamais se poderia entender a Queda do Homem. Jesus explicaria que a Queda dos anjos se deu muito antes de Adão e Eva serem eleitos Rei e Rainha na administração do planeta, e que o primeiro casal só foi eleito bilhões de anos após a formação do planeta Terra, e milhões de anos após a formação da vida, que nasceu da manipulação espiritual de uma “sopa orgânica” misturada às águas originais da superfície. Diria também que esta vida foi criada para evoluir do primeiro unicelular até os seres multicelulares de hoje, os quais formaram os reinos animais que conhecemos (estes seres passaram pelos estágios sucessivos desde os seres unicelulares até a complexidade de peixes, répteis e mamíferos, e só depois chegaram aos macacos, cujos primeiros falantes foram chamados Adão e Eva).

Os anjos, antes de cair, haviam sido agraciados com porções imensas do universo para governarem, e a outorga daquelas “porções de terras” era irrevogável, i.e, quem ganhou ganhou, não podendo perder aquele espaço, exceto uma redução em caso de risco para orbes inocentes. Quando os anjos caíram, e para evitar a queda de todo o universo que haviam recebido, foi-lhes determinado, em regime de exceção providencial de emergência, que seu espaço seria encurralado até onde o número de decaídos fosse menor, e por isso toda a legião de demônios ficou restrita, em termos de universo material, ao planeta Terra em toda a sua extensão tridimensional (o restante da propriedade de direito dos anjos caídos era a terra preparada para anjos chamada “Tártaro”, ou Lago de Fogo, de extensão quase infinita, na qual poderiam viver sua eternidade na curtição de sua iniqüidade).

Porém, um anjo caído dominou a todos e ficou como regente do planeta Terra, na Terceira Dimensão. E ele andava pela viração do Jardim original, onde Deus preparara a moradia do primeiro casal. Foi este anjo que fez o casal cair. A Queda se deu por uma ruptura da moral individual por desobediência à orientação divina, cuja rejeição faria o casal (e todos os seus descendentes) perder todos os poderes criacionais outorgados aos administradores do Jardim de Deus. Sem aqueles poderes, a desgraça passou a ser o efeito direto das ações humanas, e o Homem ficou perdido entre um espírito capaz de dialogar com anjos (sabendo dos poderes que perdeu) e um corpo fragilizado, sem controle sobre a natureza e propenso a doenças e desvios de conduta. Perdido como ficou, com corpo frágil e coração propenso à presunção, só recuperaria sua higidez e fortaleza se fizesse as pazes com Deus, e por isso o Pai mandou seu Filho, chamado Jesus Cristo, para reconciliar o mundo consigo.

Esta seria, enfim, A EXPLICAÇÃO que Jesus daria a Pilatos para a pergunta “o que é a verdade?”, mas o leitor deve ser advertido severamente para o fato de que ela ainda está citada AQUI de passagem e de modo RESUMIDÍSSIMO, porquanto necessita de tudo aquilo (as SEIS condições acima elencadas) para ir além, e mesmo assim talvez jamais esgote a “parafernália” que o próprio Deus teria para explicar (João 21,25). De qualquer forma, penso que agora o leitor já sabe que, quando seu coração qualquer dia perguntar “o que é a verdade?”, ouvirá de Deus a resposta que o professor Cortella deu, a saber: “você tem tempo?”…

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Os dons naturais e espirituais explicam o ateísmo

Comparando os dons inatos da área artística ou esportiva com os dons espirituais, chega-se de alguma forma a entender porque é tão difícil a crença para um ateu.

Todos nós conhecemos pessoas agraciadas com dons naturais indiscutíveis, e exemplos como Chico Anysio (no humor), Elis Regina (no canto), Salvador Dali (na pintura), Pelé (no futebol), John Lennon (na composição musical) e Laurence Olivier (no teatro), acabam sendo desnecessários numa discussão sobre a existência de talentos inatos. Afinal, os dons naturais são tão visíveis quanto a nossa pele e a impossibilidade de explicação de suas origens vem ratificar o quanto são extraordinários e dignos de investigação científica, na área das proezas da mente humana.

Os dons naturais, como os citados acima, além da comparação com a concretude da pele e do reino mineral, comportam outras características que a sua condição tridimensional vem reforçar, como por exemplo, o fato de que aquele que tem um dom (doravante “talentoso”) segue sua vida prática “de qualquer modo”, podendo até ser uma pessoa sem maiores “responsabilidades”; mas o dom permanece ali, inalterável, subsistindo como uma espécie de “recurso extra” para os embates da vida, tal como funciona uma mochila de escoteiro para o escotismo e um depósito de munição para um soldado em combate.

Isto a História pôde constatar bem, tanto em talentosos que descambaram para o mau caminho (como parece ter sido o caso de Adolf Hitler, talentoso na política e na oratória), quanto em talentosos que desgraçaram suas vidas com álcool e drogas, mas jamais perdendo aquela “reserva natural”, seu dom secreto, que em muitos casos os levou ao sucesso (apesar de seu calvário nas drogas – John Lennon, Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Raul Seixas e outros), ou à desgraça total, quando usaram sua reserva para algum plano maligno.

Tudo isso nos leva à seguinte conclusão: algumas pessoas nascem com uma determinada área de sua mente (ou alma) com uma condição a mais para enfrentar o mundo, e esta condição é dada sob a condição de ser usada para o bem comum, e quando não, equivale a ter nascido com o estopim de uma tragédia que apenas aguarda ser acionada por um mau pensamento. Já quem nasce sem um dom especial, poderá jamais chegar ao sucesso, mas também jamais produzirá uma tragédia! Eis aí uma charada boa de perguntar: o que o leitor preferiria: ter nascido talentoso para ter chance de brilhar sem maiores esforços (pois a todo mundo foi dado brilhar por muito ou todo esforço), ou, ao contrário, ter vindo ao mundo com a única chance de brilhar pelo esforço, mas também incapaz de produzir um grande malefício à Humanidade?

E não se engane o leitor: ter o dom não significa apenas vida mais fácil. Significa uma vida com tremendas responsabilidades e tentações muito maiores; porquanto os espíritos maus abrigam altas doses de inveja contra os talentosos, e tudo farão para desencaminhá-lo (‘desencaminhar’ aqui pode significar até usar o dom para enriquecimento ilícito, promiscuidades, corrupções, hipocrisias e outros pecados difíceis de controlar, os quais aderem à alma como chiclete ao cabelo). Assim, quem deseja uma vida de paz, pode ficar certo de que a humildade de uma alma comum pode ser o grande segredo, e talvez tenha sido isso que Jesus quis dizer quando explicou que “os humildes herdarão o Reino de Deus” (Mt 5,3). Pois bem.

Mas até agora só falamos de dons naturais. E os dons espirituais? Será que eles são regidos pelas mesmas regras? Num certo sentido, sim. Eles são como que uma reserva de graça oferecida às almas (nem todas) e esta reserva pode funcionar tanto por meio de um dom natural quanto por meio de uma missão divina desempenhada na terra. Neste último caso, o dom é mais elevado e deve figurar entre aquelas chamadas “virtudes teológicas”, assim chamadas por tipificarem algo intrínseco da divindade, ou de um santo consagrado por Deus. Os três maiores dons teológicos são a fé, a esperança e a caridade, sendo esta última a maior e completamente divina.

Entretanto, o nosso objetivo aqui não é um tratado sobre dons. O que estamos tratando aqui é aquilo que impede uma alma de crer em Deus, ou seja, a ausência do dom da fé. A comparação com os dons naturais servirá para mostrar a diferença crucial entre os talentos inatos e as virtudes teológicas, e assim entender porque certas pessoas têm tanta dificuldade de acreditar, ou até porque suas mentes são virtualmente bloqueadas à fé.

O fenômeno se processa assim. Todos nós temos experiência com a nossa própria mente, e sabemos muito bem o quanto é difícil dominá-la, e é por isso que os orientais dizem que controlar os pensamentos não é apenas uma virtude, mas uma necessidade imperiosa. Eles já provaram que os grandes crimes da história chegaram a ser cometidos justamente por pessoas que se deixaram levar pelos seus próprios pensamentos, e estes, uma vez vitoriosos, passavam a dominar a consciência. Após este domínio então, estava dada a largada para o imponderável. O que tem isto a ver com o dom da fé e a ausência dele? Vejamos.

Como a fé é um dom (um dos três maiores, segundo o capítulo 13 da primeira carta de Paulo aos Coríntios), quando a alma não foi nascida ou agraciada com ele, a parte consciente da mente se vê inteiramente à solta (chafurdando-se na lama de pensamentos confusos) e sem rumo, ou trilhando caminhos sem mapa, e assim toma decisões a bel prazer, muito mais por “intuições e especulações” do que por convicção concreta. As vozes que se levantam na mente, que são comuns a toda a espécie humana, precisam de um mapa ou de um “balizamento” qualquer para chegar a um consenso e ajudar a consciência a tomar decisões, e quando existe o dom da fé as vozes têm o mapa, balizando as informações necessárias para a alma encontrar o bom caminho.

O que acontece com os ateus é que, por não possuírem o mapa (ou o dom da fé), eles se deixam levar pelas milhões de vozes interiores, que se levantam dizendo para ele que aquele dado não foi provado, que aquela informação não pode ser digna de crédito ou que aquilo não passa de mera invenção de algum desocupado. E pior, por não terem mapa algum, terminam por se juntar a outros “desmapados”, igualmente perdidos, mas que já conseguiram um canudo de papel para provar um doutorado de vento e assim atiçarem outros ateus a fortalecerem suas descrenças recíprocas. A corrente da descrença é a associação de ateus insignificantes a ateus intelectuais mais antigos, cuja história já permitiu concluírem doutorados e consagração pela mídia.

Todavia, as mesmas vozes que invadiram a cabeça do ateu insignificante, invadiram também a cabeça dos doutorados. Como nenhum deles tem o dom da fé, os pensamentos soltos tiveram livre trânsito para desconfiar de tudo, e assim sendo nem mesmo Deus, que é a Verdade absoluta, poderia deles receber crédito. Mas a grande contradição deles é que, quando não se crê nem em Deus (único que não pode mentir), ninguém mais merece crédito, e assim, nem mesmo os cientistas ateus estão livres de ter seus trabalhos desacreditados – a prova disso é que, quando um deles se converte, os ateus então detratam todo o trabalho do cientista, como se ele nunca tivesse sido cego como eles.

Cegos e guias de cegos, tudo indica que as almas dos céticos não receberam a “enzima da crença”, ou o motor-gerador da fé, tal como eu não recebi olhos azuis nem cabelos lisos. A rigor, trata-se de uma “mera” deficiência, ou uma “simples ausência”, uma lacuna num coração que poderia ter nascido bem munido, do mesmo modo como um albino poderia ter nascido com melanina ou com um sistema completo de pigmentação. Assim sendo, constatado tal realidade expressa na concretude dos dons inatos, é de se perguntar o que acontecerá com os ateus, no dia em que a ciência descobrir qual é a enzima que lhes faltou na fecundação de seu pai e na gestação de sua mãe. Se a enzima puder ser sintetizada em laboratório, capturada de outros organismos ou alcançada via células-tronco, então o mundo nunca mais terá ateus, ou só os terá se eles mesmos desejarem viver com a deficiência.

O que deve estar irritando eles agora é perceber que nem podem provar nem negar tal realidade íntima dos cromossomos, pois até hoje a ciência nunca se debruçou nesta pesquisa e certamente jamais o fará, uma vez que a maioria dos cientistas também não possuem a enzima e por isso nem sequer acreditariam nesta possibilidade. E pior, é que isto pode mesmo ser impossível, pois o dom da fé pode ser do tipo formado apenas por enzimas espirituais, e por isso cromossomo algum o manifestaria.

Sim. É verdade. Estamos nadando em círculos. Mas não importa. A realidade espiritual é tão colossalmente maior que a física que nem se dá ao trabalho de descer ao nosso nível e satisfazer as nossas falsas curiosidades (falsas porque uma vez provadas, serão igualmente descridas). Ela se satisfaz a si mesma e deixa satisfeitos aqueles que nasceram completos, com uma facilidade tremenda para crer de olhos fechados e portanto para VER de olhos fechados. São mentes especiais, que nem precisam de olhos, e quando sonham vêem ainda mais nítido do que quando olham por lunetas e microscópios. Irritados? Irritados deveríamos nós estar com eles, tal como é chato viver com quem não quer trabalhar. E assim como um bom emprego não vem bajular à sua porta, Deus também não.

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Cirurgia Bariátrica: Um compromisso com Deus

Como a modernidade pretende acabar com o drama dos obesos sem confessar a extrema infelicidade de quem terá uma vida muito mais difícil após a cirurgia.

Observem esta auto-entrevista concedida por Lewis a ele mesmo. É um monólogo por isso, mas é um diálogo na verdade, entre seu corpo e sua alma. Inspirem-se nele.

É verdade que a História sempre registrou a existência de obesos, e por isso a rigor nada há de “novo” na estatística da obesidade, exceto o fato de que nos dias de hoje isso virou pandemia, por culpa da vida desregrada que a pós-modernidade entendeu como sinônimo de liberdade e felicidade. Em nome desses valores (impostos ditatorialmente), tudo o mais foi jogado no lixo, e pouco importa o quão infelizes fiquem os indivíduos – os outros –, contanto que o ego humano esteja saciado com sua “felicidade” a qualquer custo. Esta foi, com efeito, a base fabril e febril do conceito de Edonismo que domina todas as áreas do cotidiano atual, através da qual todos os alimentos tiveram que se adaptar às novas exigências de sabor ou simplesmente sumir dos cardápios. Aqui está a raiz ou o estopim da obesidade epidêmica.

O problema, portanto, é muito anterior à obesidade, e nenhuma cura poderia ser sugerida sem a consciência de um problema muito antigo, que advém do âmago da alma humana, a saber, a busca da felicidade nas miragens enganosas do prazer.

Criada para ser feliz na condição de dependência da perfeição do Criador, a alma humana pôs tudo a perder quando imaginou – auxiliada por alguém ainda mais auto-iludido – que a felicidade infinita poderia existir longe do Amor infinito, ou que uma semi-felicidade tivesse sido concebida para satisfazer semi-pessoas. Com efeito, Deus nunca pensou em imperfeições felizes, e jamais planejou qualquer item de sua criação cuja satisfação estivesse nessas traquinices humanas. A mente perfeita só concebe a felicidade perfeita em seres perfeitos, o que a rigor é a única forma possível da felicidade propriamente dita, em qualquer sentido. Ser meio-feliz ou gozar prazeres imperfeitos nunca foi moeda de troca com a lógica divina, cujo coração jamais se contentaria com um “meio-amor”.

Assim sendo, foi este princípio lógico que norteou toda a obra da Criação, e a alma humana foi criada para gozar a perfeição, conquanto a liberdade concedida fosse utilizada para o Bem comum, condição sine qua da própria validade da existência. Iludida na caminhada, a Humanidade trocou a proposta original de felicidade infinita e por um semi-prazer ligeiro (“um guisado de lentilhas”, como lembrou CS Lewis), curtido sob a ilusão da liberdade total, que só existia em consonância com o Criador da própria capacidade de sentir prazer.

No meio do caminho, os “prazeres” foram se sucedendo aos borbotões nos corações desviados do plano original de Deus, numa série quase infinita de sugestões cada vez mais frustrantes (tanto mais sedutoras quanto menos duradouras) e a sua escalada – a começar do sexo – veio desembocar na gula, que modernamente foi reconceituada para expressões como “excessos da boca”, ‘maus hábitos alimentares’ ou simplesmente “má-alimentação” – i.e, comer muito ou comer aquilo que não alimenta bem, contribuindo mais para engordar do que para nutrir.

O problema é que quem foi por este caminho, o do prazer de comer, acabou seguindo apenas o faro do prazer, e não o da quantidade ideal de nutrientes para a saúde do corpo, que geralmente só volta à consciência quando alguma doença aparece. Isto explica porque a pós-modernidade vive a desesperada “febre do sabor”, ou seja, a moda – já dominante do subconsciente – de que o que se deve buscar à mesa é o prazer de comer. Daí que as festinhas, as amizades, as reuniões – inclusive de trabalho – os encontros (sobretudo noturnos ou de fim de semana) e até os namoros, devem incluir sempre o ‘comes e bebes’, pois sem a boca cheia tudo perde o seu valor. Neste sentido, o prazer de comer – a antiga gula, que era entendida como um descontrole dos apetites – ganhou disparado de todos os outros prazeres, dado o lugar constante de sua presença em qualquer ocasião, lugar este que não se pode dar sempre ao sexo, até porque não se pode fazer sexo o tempo todo e em todo lugar!

Logo, hoje em dia acorda-se e come-se, senta-se e come-se, trabalha-se e come-se, almoça-se e come-se, descansa-se e come-se, despede-se e come-se, retorna-se e come-se, janta-se e come-se e deita-se e come-se! (durante os dias úteis). No fim de semana, faz-se tudo isso e come-se, e ainda se convida para festinhas e encontros e come-se à vontade, pois tudo gira em torno do ato de comer. E se esta onda louca atinge a quem supostamente ainda não foi contagiado pela entronização da comilança, ela contaminou pesadamente as almas cuja fome de ser feliz foi conduzida – pela genética ou pelo espírito – para um número maior ou por um número maior de sensores nas papilas da língua ou da boca, o que acabou por se traduzir em vício de comer, vício que faz comer mesmo sem necessidade do corpo. E pior, quando o vício se instala (e geralmente o faz já na infância), ele também se distribui pelos campos da alma independente da quantidade de alimentos ingeridos, o que explica porque gente que come pouco pode se tornar obeso!

É aqui que começa a aparecer a terrível “solução” da cirurgia bariátrica. Terrível porque não garante cura definitiva ou mesmo eficaz, e a sua própria lógica não convence aquele subconsciente já viciado de que diminuindo “o depósito” de comida, entrará menos comida pela boca! Ora, o gordo sabe que não foi o montão de comida que lhe fez engordar, mas a quantidade de vezes que seu cérebro foi obrigado a ‘engolir’ a ordem de “coma isso, coma aquilo, coma mais, prove isto, prove aquilo, etc.” (naqueles que engordam por quantidade, o cérebro foi obrigado a engolir somente a frase: “ainda cabe mais, então engula!”).

Logo, se o gatilho da obesidade está na mente obrigada a entender-se num corpo entupido de coisas que ele não precisava, e depois disso a ver-se no espelho como gordo mesmo, não poderá ser uma cirurgia de redução de estômago que porá a roda para girar ao contrário! Pelo contrário, a mente poderá até rir da alma! E dirá: “Então você se viciou num excesso desnecessário e agora acha que vai emagrecer simplesmente por golpear uma área de seu corpo que não tem nenhuma culpa pelos seus excessos? Ou você pensa que com um estômago pequeno o seu vício de comer pouco ou de provar tudo vai convencer seu subconsciente de que você não é gordo? Ora: você ficará muito pior, pois terá um depósito menor para seu prazer e ainda voltará ao velho drama, i.e, engordar comendo pouco – sem contar que na velhice estará com todo o seu metabolismo fragilizado e mais propenso a pegar outras doenças que não teria com seu estômago original” (é duro ouvir tudo isso, mas que o leitor receba como um desabafo). Lewis um dia cunhou uma frase-bomba sobre este ponto: *.

Com efeito, para não ver apenas o lado negativo da cirurgia, é preciso dizer também que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8,28), e que portanto a redução do estômago implica num compromisso sério do cristão obeso com seu Deus, o qual é Senhor das alianças e das missões assumidas a dois, deixando um caminho de sucesso para quem quer que se comprometa com Ele numa obra de responsabilidade! Isto significa que se o cristão obeso fizer a cirurgia e cumprir “todas as determinações de segurança da equipe responsável pela intervenção”, e for fiel no cumprimento das regras e regimes impostos para o sucesso da operação, então ouso aventar a hipótese de que a cirurgia pode ser um grande bem, e levar alguém de fato a uma espécie de ressurreição ou milagre, voltando a ter saúde num nível bastante razoável.

Todavia, mesmo assim, nada impedirá a pergunta incômoda: “ora, mas se era para cumprir regras e regimes rigorosos após a cirurgia, por que não tentar tais regras ANTES da mesma? Ou seja: se uma alma é capaz de seguir a risca dietas exigentes após jogar fora parte sadia de seu corpo, por que não tentar cumprir regras com o corpo completo?”… Eis a questão: ser ou não ser…

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A vida eterna no corpo físico

Eis aí o estopim e a razão precípua dos filmes de drácula e vampiros, que expõem a única maneira de exprimir o inferno que seria conseguir a imortalidade dentro das deficiências e decadências da carne.

Como um ser humano poderia exprimir o inferno verdadeiro, sem jamais ter voltado de lá e sem poder “filmar” da terra o horrendo lugar? Como as circunstâncias de se adquirir uma vida imortal poderiam ser expostas ao grande público sem mostrar o lugar indefinível preparado para o diabo e seus anjos? Eis que então encontramos, para nossa confortadora surpresa, a razão para a chegada ao mundo de contos como Drácula de Bram Stoker e a eclosão de sucessos como a Saga Crepúsculo.

Está tudo claro na intenção do Criador, pois esta seria a única forma de a Humanidade surda ouvi-lo dizer: “Vocês não podem viver além dos limites de sua idade e de seu corpo físico! Vocês não foram feitos para uma vida imortal, mas para a vida eterna (zoe), que só se constitui assim a partir da união intrínseca com a vida de Jesus Cristo, tendo Ele próprio experimentado um corpo físico e a morte respectiva, ressuscitando para mostrar qual vida a carne pode aguardar no Além, única que transcende todas as limitações da Natureza, justamente por ser sobrenatural”.

Porém não é isto que preenche a cabeça daquelas pessoas que, levadas pelo ateísmo ou pela rebeldia de desafiar Deus, desejam ardentemente permanecer vivas na carne, conquanto nesta subsista toda a deficiência e decadência próprias da matéria frágil com que o corpo humano foi concebido (neste sentido, a história registra inúmeras tentativas humanas de tentar manter a vida no corpo físico, incluindo aí a Mumificação, a Criopreservação, a Vivissecção e a Encefalovivificação, magistralmente exposta por CS Lewis no último livro da Trilogia chamado “Aquela Força Medonha”). Urge então esclarecer, antes de qualquer coisa, porque Deus teria criado o corpo humano com matéria tão precária que a duras penas chega aos cem anos, quando outros corpos alcançam milhares, senão milhões de anos, e alguns nem chegam a passamento, nascendo e vivendo para sempre num mesmo corpo (até a Bíblia dá sinais desses corpos perenes, que são citados até entre seres humanos, num mistério pra lá de instigante – veja textos como Mc 9,1; João 21,22-23; Hb 11,4 e 13,2; etc.).

A Bíblia explica que o corpo humano foi mortalmente golpeado por um ato espiritual do primeiro homem, o qual não apenas fez abater todos os poderes que lhe davam vida longa e morte indolor (aqui merecendo o nome “passamento”), mas fez a sua adesão contaminar a todos os seus descendentes que, de modo também espiritual, foram contagiados pela mesma desgraça que levou Adão a agir mal – nesta hora, nem é bom ser otimista, pois o agir mal de Adão nos contagiou a todos justamente por ser tão atraente quanto foi para ele, a saber: gozar uma vida livre e sem qualquer responsabilidade, e sem ter que dar satisfações de seus atos a ninguém (aquele mesmo desejo de todos os adolescentes, com os quais nós adultos compartilhamos e compactuamos). Por isso, pensar que Adão foi um idiota é uma idiotice típica de quem concordará com ele, quando um dia ele explicar o que lhe tentou.

A partir da Queda do Homem, o único caminho seria uma volta acelerada à rota abandonada por Adão, ou seja, um arrependimento genuíno com a humildade de pedir perdão e corrigir-se na alma, se envolvendo no prazer de seguir os passos, as orientações e ordenanças do Criador. Mas mesmo que tal passo tivesse sido dado (algumas pessoas o fizeram), isso de modo algum faria recuperar o poder perdido de preservação corpórea, não apenas porque um pinto não consegue voltar para dentro do ovo quebrado, como porque o corpo de Adão – antes da Queda – também não era imortal, mas apenas longevo, e com trasladação (passamento indolor).

Portanto, qualquer tentativa de prolongar indefinidamente a vida física, pode(ria) e deve(ria) ser encarada como tentação, mesmo para quem não tivesse pecado algum, como era o caso de Adão antes da Queda. E se com ele a malignidade havia se mostrado patente na voz do inimigo, conosco então aquela voz será desastrosa, e aqui chegamos ao Conde Drácula.

O mito que Bram Stoker veio iluminar tem a natureza verdadeira de todos os mitos, a saber, origem num fato real perdido na noite dos tempos, e retransmitido a nós por conta e ordem de Deus, a qual Ele incutiu no subconsciente das massas e sobretudo na voz dos seus profetas e hermeneutas. Isto significa que, apesar de toda a estória de vampiros ter sido usada e explorada pela literatura, pela mídia e pelo cinema (às vezes com requintes de invencionice), a origem da vampirização não se invalida pelas mentiras a ela adicionadas, assim como o estranho acidente de Amelia Earhart não perde seu exotismo com as inúmeras boatarias a ele incorporadas (Amelia Earhart, desnecessário dizer, é apenas um dentre milhares de acidentes estranhos ao longo do tempo, aos quais a língua do povo acrescentou o que bem ou mal entendeu).

O que há na origem da estória de drácula que seja verdadeiro? Este artigo não tratará de explicar o conto de Stoker e todos os outros escritos após ele. Afinal, o que acontece após a entrega de uma alma ao inimigo não importa, i.e, seja lá como tiver ocorrido, o resultado será sempre um desastre tal que a pessoa resultante poderá ser chamada de “vampiro-vivo” (se fizer o mal aos outros) ou “morcego-morto”, se quedar-se inerte em sua desgraça, atolado nas trevas de uma sarjeta abjeta e deplorável (pobres morcegos apedrejados por trombadinhas às vezes de fato dão pena, e terminam despedaçados num lixão qualquer).

Todavia, é o desejo de imortalidade que prepondera em todas as almas que buscam contato com o baixo-além, e aquele sonho não poderá traduzir-se em nenhum benefício plausível, uma vez que não apenas afronta a natureza conspurcada (que agora não tem forças para vencer a entropia dos corpos), mas também a vontade de Deus, em cujo plano está contemplada a Ressurreição, ou melhor, a restauração ou reconstrução do invólucro da alma, sem os perigos e defeitos agregados à carne da raça adâmica.

Noutras palavras, é como se Deus, tendo visto o estrago introduzido nos corpos humanos, e sabendo que uma emenda será sempre pior que o soneto, anexou um corpo 100% novo ao fato escatológico da sobrevivência das almas, cuja “limpeza” só ficaria completa com um invólucro 100% “virgem” ou esterilizado, sem qualquer contaminação ou “tendência”. Qualquer tentativa de burlar isso ou de assumir sozinho essa limpeza, teria a conseqüência indescritível da autodegeneração, culminando com a ocorrência de uma teratogenia inimaginável.

E muitos filmes de vampiros mostram justamente isto. Um filme da década de 80, dirigido por Tom Holland e estrelado por Roddy MacDovall e Chris Sarandon, chamado “A Hora do Espanto”, conta a história de um belo vampiro morando ao lado de um jovem inteligente e muito desconfiado. O tal vampiro consegue passar-se por homem durante muito tempo, até que aquele jovem decide provar sua desconfiança, caindo nas vinganças do drácula charmoso. E pior, este cara consegue ludibriar até um famoso caçador de vampiros do lugar, “cativando” a namorada do jovem e ainda “invadindo” a alma de um outro jovem, amigo de turma do primeiro: foi aqui que o diretor conseguiu expor toda a teratogenia ocorrida ao pobre rapaz de riso frouxo. Ele se transforma numa criatura infernal, misto de vampiro e lobo, morrendo enfim com uma estaca no peito.

O inferno é precisamente isso: uma alma que, carente do amor de Deus, perdeu a noção do que de fato lhe faria feliz, e decide, entre o ódio e a loucura, procurar o poder da imortalidade para seu corpo (seus 5 sentidos), quando sua alma já é eterna e eternamente propensa a rejeitar Deus, desde a herança maldita de Adão. Ao expressar sua vontade negativa, chama o grande vampiro e pede para ser feliz SEM MORRER, ganhando deste apenas um morrer infeliz. Infeliz, imundo, horrendo, odioso, deprimido, orgulhoso, monstro.

Finalmente, a Bíblia diz que se os cristãos do mundo jamais explicassem essas coisas, ou então se se calassem, até as pedras clamariam às almas perdidas, tontas entre sua depressão e sua solidão, e lhes indicariam o caminho de volta à sensatez, o arrependimento, o perdão e a paz, que podem até chegar por enquanto num corpo frágil, mas com potencial suficiente para salvar sua alma e fazê-la emergir num corpo glorioso. Mas se ela de fato não quiser isso, ou se quiser uma vida ditada apenas por ela mesma, nada haverá que a impeça de se vampirizar ou de ser vampirizada.

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A peculiaridade indeterminável da intimidade com Deus

A natureza indefinível e imprevisível da relação de intimidade entre Deus e o homem põe em evidência a impossibilidade de determinação de uma liturgia geral para normatização doutrinal

Diga-se o que se quiser dizer, reflita-se o que vier à cabeça, proponha-se qualquer fórmula para a mecânica da conversão e nada adiantará no final das contas, ou nenhuma diretriz segura pode garantir que esta ou aquela fórmula é exata ou única para explicar o “religare” que criou todas as religiões. E ainda, a relevância deste tema transcende a tudo o mais em matéria de teologia e espiritualidade, e, pior, tem sido até certo ponto relegada ao limbo, ou a uma insignificância inadmissível no meio cristão.

Dada a dificuldade intrínseca da área lingüística onde este tema se encontra (a saber, as coisas do espírito, para as quais a linguagem humana jamais foi criada), a própria exposição do objeto aqui tratado é problemática, e não serão todos os leitores a entender sequer o que de fato estamos tratando. O objeto referido é o foco central de todas as religiões bem intencionadas, embora acreditemos que até as religiões malévolas tenham, um dia no seu nascedouro, vislumbrado a busca pela paz com Deus ou o reencontro com a felicidade perdida, mola-mestra de tudo o que existe no mundo em matéria de sobrenatural e transcendência.

Só que aqui neste arrazoado estaremos tratando apenas da parte íntima (ou mais interior) da busca humana pela divindade, adicionando a ela o fator cristão indispensável da busca que a divindade empreende pelo homem. E é aqui e só aqui então que a questão se agudece e se intrica, porquanto flutua e invade um terreno existente (por enquanto) apenas ao nível “aparentemente” abstrato dos pensamentos e sentimentos humanos, para o qual nenhuma linguagem de palavra possui qualquer préstimo; e assim, já que não há como falar telepaticamente com o leitor (até porque a telepatia humana também usa palavras), o mais provável é que ao final deste discurso ninguém saia entendendo muita coisa, sendo honesto admitir que esta leitura poderá ser vista como uma ingrata perda de tempo.

Mas mesmo assim, prossigamos. O leitor já foi avisado, e por muita gente boa…

Estive pensando muito no assunto nos últimos anos e estou particularmente enredado com ele nestas últimas semanas, devido à frustrante constatação de que não adianta procurar a mente mais brilhante, o gênio, mesmo no meio cristão, se a intenção for levar-lhe o tema da “revelação íntima” entre Deus e a alma humana. Ou seja, não há, humanamente falando, nada que se possa fazer para passar (transmitir) a experiência íntima que uma alma tem com Deus; e como só podemos falar de nossa própria intimidade, não há como falar de nós mesmos, exceto se não tentarmos expor aquilo que Deus está fazendo em nós, ou o que Ele tem comunicado a nós. [Creio que era isso que Shakespeare quis dizer quando falava da impossibilidade de transmissão da experiência individual, que o leitor poderá ver pessoalmente digitando no Google a frase “O Pentagrama Shakespeareano”].

Até porque, a rigor (para bom entendedor), não é uma coisa muito louvável ficar expondo as partes louváveis de nossa alma (quem expõe as podres? E para quê expor?), as quais devem eticamente permanecer ocultas até que Deus instaure um Juízo Final e Ele próprio veja a conveniência de tal informação. Pelo contrário, no Cristianismo mais elevado de CS Lewis, o que é mais certo é que Deus jamais faria tal coisa. As partes podres só poderiam sair por nossa boca se estivessem num contexto que, sendo (pré)visível uma conversão genuína, ajudassem um outro pecador a vencer seu pecado pelo exemplo dado. Enfim, aqui está o silêncio mais sábio exigido da alma humana.

Todavia quebrando a regra lógica imposta como exigência para formação do bom caráter, na relação íntima com Deus aparecem coisas – “coisas” aqui é temerariamente inadequado – que poderiam, sem dúvida, pôr em cheque muitas das tradições litúrgicas e devocionais das instituições religiosas (aqui estamos tratando apenas do Cristianismo), tanto em relação às formas de adoração quanto à normatização de doutrinas. Então, de imediato, nos adiantamos para perguntar até que ponto uma subjetividade incomprovável poderia, à luz de qualquer lógica, servir de instrumento para balizar esforços coletivos, ou se não será o óbvio supor que é o indivíduo, afinal, quem deve ajustar-se ao coletivo objetivo adotado como “oficial” (??).

Isto é: como poderia uma relação íntima servir de base para uma relação pública, quando uma unidade comporta a insegurança e a dúvida de acerto para as demais almas? Ou QUEM teria tanta espiritualidade e santificação que pudesse servir de “modelo” de relação com Deus para instruir todas as outras almas em contato com a divindade?

Voltamos então ao tema da descrença, e aqui, da lógica da descrença. Porquanto nenhuma descrença parece mais lógica do que aquela que oferece um mínimo de segurança à alma humana, num mundo onde ninguém, nem mesmo o mais santo dos santos, tem dado sinal de merecer qualquer lugar especial na galeria de exemplos de santidade. Entretanto, para o assunto alcançar o mínimo de utilidade nesta ocasião, vamos deixar de lado toda a questão da revelação íntima da santidade, da ética e da práxis devocional, atendo-nos tão somente à possibilidade de revelação “intelectual” de Deus para balizar e interpretar melhor as Escrituras Sagradas.

Com efeito, perguntemos: “e se o Senhor por acaso contar alguma coisa especial aos ouvidos de uma alma, com a qual certas partes da doutrina fiquem mais bem visualizadas e possam conduzir a uma melhor visão global do Reino de Deus? Ou, e se uma palavra da telepatia íntima entre a alma e seu Senhor trouxerem uma explicação definitiva para um ponto da doutrina com o qual a Cristandade tem se dividido ao longo dos séculos?” (Neste caso há, pelo menos, uma causa nobre a validá-la, a saber, a paz entre cristãos)… – E então? Deve-se prosseguir e contar em voz alta?

A dúvida aqui é a mesma do ato em si, se a nós chegasse via terceiros. Teríamos, pelo menos, que ouvir bem e atentamente, esperando encontrar raciocínio lógico suficiente para quebrar os duros paradigmas da descrença, quando ela ocorre no coração de crentes. A pergunta seguinte é: o senhor encontrou alguém – no meio cristão – que tenha feito isso? Sim. Encontrei, porém lamento informar que o método utilizado por ele para passar ao público a sua revelação íntima foi de tal modo covarde (temeroso e até omisso) que acabou por gerar frustração, apesar da irrefutável lógica que o norteou.

Ou seja, o indivíduo que decidiu revelar as telepatias íntimas de Deus para ele, embora o tenha feito com lógica imbatível, jamais chegou a sugerir que aquela deveria ser a visão “correcional” da Revelação pública oficial; pelo contrário, chegou mesmo a esquivar-se e dizer que não estava trazendo nada que quisesse se colocar como “opção” aos credos existentes, aconselhando até mesmo ao leitor que se estivesse se sentindo bem com seu credo atual, “pulasse” aquele capítulo ou nem chegasse a lê-lo (para quem conhece, é óbvio que estou me referindo a CS Lewis).

Finalmente, aqui está portanto a prova que precisávamos: o maior cristão de todos os tempos, tendo recebido de Deus revelações íntimas decisivas para “ajustes correcionais” ao Credo cristão, simplesmente evadiu-se de incumbir a Igreja da relevância imprescindível de seu depositum fidei, deixando a Cristandade afundada nas dúvidas que sempre incomodaram e desesperaram as almas dos crentes. I.e, “pelo medo de fazer a criança chorar de fome, preferiu deixar a criança com o bico do que tirar o bico e dar o seio”. Pelo medo de gerar antipatias semelhantes às que Pedro temeu ao negar Jesus, Lewis decidiu dar apenas o leite espiritual, negando o alimento sólido.

Mas como se pode concluir isto (de um autor que foi tão longe na profundidade teológica)?: Só enxergando o líquido e o sólido!… Mas para ver tudo isso, só a experiência da revelação íntima aprofundada pode saber que alguma coisa foi negada para as massas e adicionada a indivíduos, independente de raça, sexo, classe social, idade, cor, religião e credo. E neste particular, ter suficiente conhecimento da vida e obra de CS Lewis para perceber onde ele foi muito além na Revelação e onde ele foi temeroso e omisso. E isto talvez não seja suficiente… pois há outras “qualidades” e dons espirituais envolvidos, os quais podem interferir para o êxito ou para o malogro desta missão íntima do Senhor. É isso.

E por que cargas d’água Deus aceitou este jogo de revelar-se mais a uns e menos a outros? Ou qual a utilidade de deixar multidões quase cegas e indivíduos isolados com um conhecimento de Deus exponencial? Seria a resposta a “simples” constatação de que as massas são mesmo medíocres ou alienadas e por isso só podem receber a verdade a conta-gotas? Não sei. Não posso saber nada sobre isso, mas me parece ter sido o próprio Lewis a esboçar uma resposta mais aproximada, quando falou das “diferenças de qualidade no material com que as almas foram feitas”, periclitando a idéia geral de que Deus não faz acepção de pessoas. Aliás, se não me engano, este conceito já vai para a cucuia pela simples verificação de que Deus se revela de modo diferenciado para cada alma em particular, e esta consciência é a única coisa que pode justificar um discurso como este. Porque no mais, a rigor, se as massas não percebem que Deus lhes fala (ou tenta falar) de modo especial no silêncio da noite ou na intimidade da alma, então é melhor mesmo que assumamos a “covardia” de Lewis e digamos com ele: Deus só fala mesmo às massas.

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A explosão demográfica volta a ser citada como a grande vilã

“A gaiola dos ratos” é um experimento realizado por cientistas dos EUA para provar que a superpopulação irá degradar o planeta até seu derradeiro fôlego, sem que absolutamente nada se possa fazer em contrário. Neste mister, a EAT já publicou poema sobre o assunto no livro “<A Grande Orquestração do Mal>”, e agora os noticiários vêm corroborar com a publicação de duas reportagens acerca do tema da EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA, a qual a própria Ciência já considera como sendo o grande “bicho-papão” da vida humana no planeta Terra. As notícias devem ser vistas pelo leitor nos seguintes links:

http://br.noticias.yahoo.com/vamos-precisar-cinco-planetas-terra-diz-sha-zukang-013933190.html

http://br.noticias.yahoo.com/popula%C3%A7%C3%A3o-aumenta-press%C3%A3o-planeta-mas-h%C3%A1-poucas-sa%C3%ADdas-190842476.html

O texto seguinte é o enredo dos dois vídeos publicados pelo StudioJVS a respeito desta matéria, cujos links estão elencados ao final. Nem é preciso comentar. O conjunto destas informações fala por si. [ABRE ASPAS]:

Proliferando com uma rapidez extraordinária, os ratos vão se acumulando por todos os cantos, ocupando todos os espaços e invadindo todos os grandes centros urbanos.

Neste impressionante documentário, um grupo de cientistas realiza uma chocante experiência, com o intuito de provar que a superpopulação num espaço restrito, pode aumentar a violência e a agressividade, não apenas no mundo animal, mas também entre os seres humanos.

No princípio, os ratos são poucos nesta comunidade e há espaço para a população viver em harmonia e manter um bom relacionamento. Há alimento suficiente para todos, mas os ratos começam a se acasalar. A rata grávida se preocupa em fazer um ninho confortável para os filhos que vão nascer. Apenas 3 semanas e a mãe dá a luz a uma numerosa ninhada de 10 filhotes. Todos recebem o mesmo carinho da mãe. Mas as outras ratas também começam a dar a luz, e o número de ratos vai aumentando, vai aumentando…

Em pouco tempo, há uma explosão da população da comunidade, e o espaço começa a ficar pequeno para tantos habitantes. Neste ponto, começam as mudanças de comportamento de toda a sociedade que antes vivia pacificamente. Os instintos se transformam e se pervertem. A violência e a agressividade passam a ser uma coisa comum no dia-a-dia.

No confinado espaço, os ratos começam a brigar por água. Os mais poderosos e fortes passam a controlar a comida, impedindo que os ratos mais fracos se alimentem. Toda a ordem social do grupo foi subvertida. O instinto pela sobrevivência individual é mais forte, e por isso, os ratos, com fúria assassina, começam a atacar uns aos outros em lutas mortais.

A degradação dos ratos chega ao máximo quando eles, além de matar, passam a comer os próprios companheiros num repugnante ritual de canibalismo. Mas os ratos ainda continuam nascendo… Só que agora, as mães já não tratam os recém-nascidos com carinho. As ratas perderam completamente o seu instinto maternal. Quando não abandonam os filhotes à própria sorte ela mesma os come. O que sobra geralmente é devorado pelos outros membros da comunidade. A ordem deixou de existir. O relacionamento entre os ratos é de total hostilidade! Não existe mais nenhuma garantia de sobrevivência. Tudo se degenerou na comunidade dos ratos.

Finalmente chegam as doenças para aniquilar de vez uma sociedade em plena decadência. Em breve, toda esta comunidade dos ratos será completamente exterminada, e tudo, por causa da superpopulação num espaço reduzido. [FECHA ASPAS].

Isto é incrível. Na verdade, é absolutamente plausível, e a sociedade de hoje esbanja sinais de violência e decadência num pequeno planeta isolado no cosmos, incapaz de conter a explosão demográfica.

Estaríamos então assistindo os chocantes sinais de que a civilização humana está no fim?

Veja agora os vídeos que tratam do assunto:

http://www.youtube.com/watch?v=R8FYcCKmCA0

http://www.youtube.com/watch?v=3G8D2mj9bU8

 

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Jesus mandou acreditar na boataria profética?

Certo dia, sem pestanejar, Jesus disse que “nada ficará encoberto que não seja revelado”. Todavia estamos no tempo dos falsos profetas, onde nenhuma notícia merece crédito. Então, como crer numa revelação verdadeira?

Foi um registro efetuado por São Mateus, que o relatou no capítulo 10 (versos 26 e 27) de seu Evangelho, com seus paralelos nos demais evangelhos, sobretudo nos sinóticos. O registro traz a palavra do próprio Cristo, garantindo a nós que “nada ficará encoberto” ou que “tudo será revelado”: tememos que isto seja uma declaração que vai de encontro aos alertas – também de Cristo – que nos pedem para não crer em “falsos profetas”, que apareceriam em profusão nos últimos dias (Mt 24,4-5 e 11). Pois bem. Este artigo irá se ater ao registro de Mateus 10 e não terá qualquer constrangimento de assumir que, assim como espalhar a boataria mentirosa é obra típica do inimigo, crer sem ver é ordenança típica de Jesus (João 20,27-29) e um dos artifícios mais importantes na construção da fé pessoal que deve nutrir e nortear todas as relações entre crentes.

Além do mais, há uma raiz de maldade na descrença entre crentes que é um prato cheio para satanás se aproveitar e desintegrar toda a segurança dos testemunhos individuais, prejudicando a infra-estrutura psicossocial das igrejas e pondo a perder todo o ingente esforço divino para unir os irmãos-na-fé no ideal da confiança mútua. Sem a crença de uns para com os outros, cria-se o pseudo-cristianismo onde ninguém confia em ninguém, e com isso toda a caridade se esvai como água por entre os dedos, descendo para o esgoto do ceticismo e do imobilismo.

É uma questão muito séria. O amor é o termômetro das relações entre cristãos, e sem ele não há sociedade cristã. Se um crente não confiar noutro crente, eles jamais formarão uma igreja, e derrubarão o verso onde Jesus ensina que a igreja está “onde houver dois ou três reunidos em meu nome”. Se nós crentes julgamos a fé às vezes até mais importante do que o amor (um absurdo, mas acontece!), então nós deveríamos saber que o amor só subsiste por meio da fé, que equivale à confiança necessária para a plena fruição do nobre sentimento. Se para amarmos a Deus, diz-se que é preciso crer nele (confiar de olhos fechados), o mesmo deve valer para as relações interpessoais entre crentes, e João sentiu isso com tanta força que chamou de mentiroso o cristão que diz amar a Deus e odiar sem irmão. Ou seja: não existe amor a Deus sem confiar nele, assim como não existe amor ao próximo sem confiança no próximo. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo equivale a dizer que a mesma fé que você tem em Deus e em si mesmo, é para estar operante nas suas relações com o próximo, sobretudo se ele for um irmão-na-fé (Gl 6,10).

Todavia há trechos nas Escrituras onde a confiança no próximo é posta em dúvida (Jr 17,5) e é isso que plasma o nosso debate: afinal, deve-se confiar no próximo ou não? Se o próximo não merece confiança, sobretudo nesta nossa geração perversa, como Jesus pede para “confiar” nas revelações proféticas, como Mateus 10,26 insinua?… É um dilema difícil e problemático para destrinchar, pois acarreta, por um lado, periclitar a segurança dos crentes (dentro de um mundo falso e tresloucado) ou, por outro lado, desmoralizar todo o galardão da confiança pedida pelo próprio Cristo, como bem expressou a Escritura em Hb 10,35.

É claro que alguém dirá que a confiança citada é dirigida a Deus, e não aos homens! Porém, se assim for, não seria também o amor citado em João 13,34-35 uma exortação apenas para o Ágape? Todavia, este trecho é claríssimo e se refere ao amor ao próximo! É o mesmo que se expressa ao dizer que “todas as vezes que fizerdes o bem a um destes pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,40). Logo, se é Jesus quem estava DENTRO DO PRÓXIMO (“Ele está no meio de nós”) e por isso nossa caridade terá valor, então a confiança no próximo é “obrigatória”, se quisermos confiar em Deus! Lógica pura!

Aqui chegamos ao nosso argumento. Estamos numa era decisiva, onde a volta de Jesus pode estar às portas, a julgar pela velocidade e gravidade dos sinais meteorológicos e espaciais que temos recebido. As notícias estão quentes e preocupantes, e não estão chegando de poucas fontes, e na maioria das vezes nem são oriundas de crentes (“se vocês se calarem, até as pedras clamarão”), pelo contrário, algumas chegam de sites e pesquisadores céticos. Com efeito, também têm chegado contra-notícias ou contra-informações, na maioria das vezes preocupadas em desmentir as primeiras (o que é sintomático!) do que em informar corretamente nestas últimas, apagando ainda mais a luz sobre fenômenos longe do interesse das massas alienadas.

Portanto, tudo é um mistério, e ninguém parece interessado em diminuir a escuridão que reina em torno dos fatos, mormente de eventos relacionados ao clima, à Lua e ao Sol; sobretudo este, que é quem forma o instrumento precípuo de medição da temperatura profética. E pior: parece que os principais interessados em deixar o povão desinformado são justamente aqueles que deveriam servir a Deus, como as grandes organizações religiosas de um modo geral. Além da igreja, também se omitem os cientistas (talvez eles também tenham sido vítimas da sonegação de informações por parte dos “cientistas-militares”), as escolas, as faculdades, os atuais autores de livros, os próprios militares e os governos por eles influenciados. Enfim, ninguém, exceto os NERDs de óculos fundo-de-garrafa, em quem ninguém se atreve a confiar, está informando nada, e nessa onda se afoga todo mundo.

Mas, e se os NERDs tiverem razão? Se estiver havendo de fato sinais de esgotamento do sol? Ou sinais de uma “parada” na rotação da Terra? Sinais de uma anomalia na órbita lunar? Ou outra coisa grave que “a hierarquia” guarda para si? Enfim, como enfrentar tal realidade?… Se Jesus garantiu que um dia nada ficaria encoberto, se deixou claro quais seriam os sinais (sol, lua, sinais na terra e no céu) e se os dados que nos chegam são verdadeiros, então como “ficar de pé” (Lc 21,36) diante de coisas irreversíveis e inalteráveis como as profecias divinas? Não é chegada a hora de “fugirmos” para os campos e montes? (Mt 24,16-18)… Não devemos fazer como a família de Noé, que se preparou bem e pôde receber a chuva? (I Pe 3,20 e Mt 25,1-13).

Finalmente, caro leitor, a maré não está pra peixe, literalmente. E assim não podemos avançar. Nada poderemos fazer sem o esforço da busca pela verdade (Mt 7,7-8) que pode estar bem ali, acima de nossas cabeças ou ao nosso redor, gemendo como aquela que está para dar a luz. Num tempo de descrença generalizada e de homens que não merecem confiança, o máximo que podemos sugerir é uma esmerada pesquisa acerca do assunto, dentro e fora da Internet, além da manutenção do espírito de alerta que deve galvanizar o coração dos crentes, à espera de seu Senhor. Este autor crê que pode dizer que está feliz com as pesquisas, e por isso a estimula para os outros, porque qualquer um pode descobrir a verdade, segundo o versículo que acabamos de ler. Agora, se o leitor vai ficar feliz com a resposta, ou pelo menos, seguro, ah, isso eu não sei. Mas o pedido foi para que nos alegrássemos com as notícias (Lc 21,28).

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