Uma única frase expõe todo o Lewisianismo purista!

A versão de uma antiga canção americana traz uma frase belíssima e tão profunda que explicita todo o pensamento “mágico” de CS Lewis, e permite abordar tudo o que Lewis revelou nas “Crônicas de Nárnia”.

A versão brasileira de uma lindíssima obra do cancioneiro mundial encanta nossos ouvidos em profundidade, como se remontasse as mil e uma noites de amor das histórias vividas entre o século V (a Era do Rei Arthur) e o Século XII (“Era dos Anjos”), como muitas vezes se viu em filmes emocionantes de Hollywood, tais como “Lancelot”, “O Arqueiro e a Feiticeira” e “O Feitiço de Áquila”. Refiro-me à versão da música “Tender is the night”, de Paul Francis Webster e Sammy Fain, feita por Nazareno de Brito e chamada “Suave é a noite”, a qual foi interpretada por muitos artistas, dentre eles Moacyr Franco, Silvinha, Luiz Melodia, Agostinho dos Santos, Agnaldo Timóteo, Nelson Gonçalves, Alcione, enfim, muita gente que viu nesta canção toda a beleza da melodia original, que encantou também na voz de muita gente boa na música internacional.

Pois bem. A versão da música para o português acabou inspirando Nazareno de Brito a deixar registrada uma das frases mais profundas do pensamento lewisiano, como o leitor pode conferir na letra de sua poesia, conforme exposta a seguir:

Estrofe 1: “É tão calma a noite/A noite é de nós dois/Ninguém amou assim/Nem há de amar depois/ – Estrofe 2: Quando o amanhã nos separar/Em nossa lembrança hão de ficar/Beijos de verão/Ternuras de luar/E a brisa a murmurar/Sua canção – Estrofe 3: Tudo tem suave encanto/Quando a noite vem/A noite é só nossa/No mundo não há mais ninguém”. Vejamos se o leitor descobre a “frase mágica” sem uma indicação nossa. Vamos então abordá-la de modo indireto, contando uma história que chamaremos aqui apenas “teórica” ou fictícia.

CS Lewis nos contou em suas obras, sobretudo nos livros da Série “Crônicas de Nárnia”, que os planetas, ao nascer, possuem muito mais “energia vital” (por assim dizer) do que os planetas velhos, tal como as crianças têm muito mais energia que os idosos, em suas “estripulias e danações”. A ideia ali defendida era que os planetas, após os seus períodos iniciais superaquecidos e seus subsequentes resfriamentos, fariam emergir uma terra tão fértil ou tão viçosa que, em teoria, se alguém lançasse na areia uma gilete (uma lâmina de barbear), depois de algumas semanas nasceria um “pé-de-gilete” ou uma árvore cujos frutos seriam lâminas para barbear humanos (tudo por efeito de magnetismo natural, que para Lewis está intimamente relacionado com Magia, Poder de Deus).

Tecnicamente, o que ocorre com o passar do tempo é que, assim como o planeta vai resfriando paulatinamente de seu calor intenso “pós-nascimento”, assim também o seu magnetismo vai sofrendo “decréscimos”, sua velocidade de rotação vai diminuindo, seu eixo vai inclinando e tudo o mais, sem exceção, vai sofrendo o efeito da entropia natural e inexorável de toda a matéria, até atingir seu fim na morte do universo, quando todas as estrelas se apagarem. Este sistema entrópico também atingiu a fertilidade e a “Magia” original do processo criatório, e por isso um planeta recém-nascido necessariamente será mais “fértil” que os planetas velhos, seu magnetismo muito mais potente e sua Magia muito mais presente e poderosa, embora lentamente caminhando para sua cessação, como tudo o mais na Lei da Entropia.

“Sepul” foi a cidade de um outro planeta onde duas crianças tiveram prova da destruição total que pode resultar da Magia utilizada por um agente das trevas.

Logo, a ideia aqui é que nos primórdios da Terra, com toda a Magia fervilhando viçosa como o enxame atrás da abelha-rainha, tudo o que existia tinha um gigantesco e profundo encantamento, tudo estava “encantado” ao extremo, e por isso até um pé-de-gilete poderia nascer. Ao contrário, com o passar do tempo, tudo foi esmaecendo, definhando e perdendo força, até que restou apenas um “suave” encanto, que Nazareno de Brito decantou em seu poema. Eis então que os olhos acesos dos lewisianos podem ver, ouvindo “Suave é a noite”, que tudo ainda possui um “restinho” do encantamento original do Tellus primitivo, que Deus faz brotar em todo planeta recém-nascido. E veem também que este suave encanto está perto do fim, pois perto está o Senhor de voltar a este mundo moribundo, o qual ficará tal qual Sepul, antes do Salvador o transformar em novos céus e nova Terra, novamente cheia de encanto.

É óbvio que a ideia de Lewis não é a visão científica de um planeta incipiente, pois a Ciência jamais identificou a Magia como uma das fontes de energia da infra estrutura de um corpo celeste, e se chegasse a identificar, não lhe daria este nome por ordem expressa de sigilo dos militares chefes dos governos a quem supostamente servem em suas pesquisas. Noutras palavras, um portentoso dado ficaria de fora das pesquisas públicas, e assim ninguém saberia a razão pela qual Lewis contou a história do pé-de-gilete, e porque confiou tanto em sua fonte.

Neste ponto talvez já possamos esperar um palpite mais firme dos leitores acerca da frase tipo “arquivo-X” encontrada na versão de Nazareno de Brito, se e porquanto a versão lewisiana de um planeta incipiente aponta diretamente para ela, muito além do que pode supor o homem pós-moderno e muito aquém do que revelariam os militares ocultos por trás dos homens de ciência. Com efeito, alguém já arriscaria um palpite?

Não há dificuldade aqui. A versão brasileira de “Tender is the night” sem dúvida incomodou bastante os chefes invisíveis do Sistema de Sigilo Mundial da Verdade (doravante “Cover-up”), e eles sem dúvida se surpreenderam profundamente – se espantaram – com o fato de uma “reles” versão ‘tupiniquim’ chegar a apontar o dedo diretamente para algo tão secreto quanto a “Magia Subliminar de Todas as Coisas”, ou quanto a “Magia mais profunda de antes da aurora do tempo”, para usar uma expressão de CS Lewis.

Portanto, ao dizer em alto e bom som ou bem no meio – bem no estribilho – de uma canção belíssima, que “TUDO tem suave encanto”, Nazareno de Brito apontou para uma realidade invisível aos olhos modernos, mas 100% presente neste planeta, tão bela e tão sutil quanto um beijo de criança, mas quase tão pouco concreta em comparação com o encanto que há num planeta incipiente ou recém-nascido, ou com o que havia em Tellus no princípio da vida, mais ou menos há dois bilhões de anos.

Ser capaz de ver que TUDO tem um encanto já transcende a média de sensibilidade das almas mais sensíveis de nosso tempo, e a maioria enxergará isso como uma mera utopia poética, certamente tão arcaica que nada mais traz de vantagem ao seu expositor. Todavia e inobstante, ser capaz de ver que tudo tem um SUAVE encanto, que um sutil encantamento perpassa todas as coisas, aí sim, é não ter perdido quase nenhum dos minúsculos fios de prata que unem todas as almas entre si e entre as estrelas, enquanto mensageiras secretas das histórias do Paraíso.

Longe de pensar em panteísmos e animismos infundados na verdade bíblica, o suave encanto tece com o próprio Deus a extasiante teia da realidade subjacente ao cotidiano, provando que o panorama vislumbrado pelo olhar humano não passa de uma miragem insípida, onde seus contornos e retornos trazem tédio, decepção e indisposição. Ao contrário, o suave encanto de todas as coisas permite o sorriso de uma criança com o mero anúncio de um passeio no parque, bem como acrescenta ao rosto da mãe o deslumbramento de uma tarde fagueira, gozando a paz que ela já não encontra em casa. E se insistir e tiver boa atenção, ela também poderá ver o melodioso cintilar do orvalho na palma da mão das folhas, bem como o tilintar argênteo de uma minúscula orquestra de invisíveis guardas florestais, e compreenderá a alegria do filho num programinha “tão sem graça” para os adultos. Se chegar a ver isso, ela nunca mais será a mesma pessoa e nunca mais arranjará desculpas para não ir ao parque com os filhos.

Num de seus livros, creio que em “The Great Divorce”, Lewis explica que pelo Reino de Deus “correm” muitas histórias, experiências e “benedicências”, que poderíamos entender como “rumores”, as quais fazem chegar, aos mais distantes rincões do cosmos, todas as ocorrências relevantes das ações e operações de Deus no Multiverso, cujas conversas alcançam o profundo da mente humana, de modo sutil e subconsciente, chegando até a permitir a ocorrência de sonhos lúcidos, bem como a sequência deles, até que a realidade também pareça sonho.

Lewis então explica que na realidade, as histórias que perpassam todas as eras e chegam até nós (por exemplo, histórias da criptozoologia e das “lendas sertânicas”, como as chamaria o grande Elomar Figueira Mello), não se tratam de meros boatos, “fofocas folclóricas” ou invencionices populares de gente desocupada, mas sim a “reverberação de notícias” trazidas de realidades fora da Terra, ou contadas ao pé do ouvido dos campesinos humildes, ou sussurradas sem rosto em boas noites de sono, as quais podem ser veiculadas por agentes de Deus (anjos e arcanjos) e perpassar o tempo e as comunicadas humanas com toda a aparência de ter sido contada a primeira vez por um boateiro desempregado.

Enfim, era este o modo como Lewis entendia a Realidade superior que não se coloca visível a olhares “contaminados”. Com o olhar certo e límpido, ele nunca deixou de ver o encantamento presente em todas as coisas, e foi por isso que escreveu – narrou – as “Crônicas de Nárnia”, uma história extraída dos desenhos de uma caixa de bombons. E ele foi tão superior à visão materialista da pós-modernidade que permite perguntar se os apóstolos de Jesus também viam a Realidade que Lewis via, e se viam, porque a esconderam nas entrelinhas do Novo Testamento. Talvez seja porque confiaram tanto no indisfarçável “estilo” de Seu Autor que julgaram desnecessário registrar que tudo tem suave encanto.

 

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